Manifestantes se acorrentam em subprefeitura para exigir unidade de saúde
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- Rodrigo Gomes, da Redação
- 19/06/2012
Um grupo de 30 pessoas, entre moradores, conselheiros gestores e militantes da Rede Extremo Sul, coletivo de militantes sociais da zona sul da cidade de São Paulo, ocupou o paço de atendimento da Subprefeitura da Capela do Socorro, na manhã desta terça-feira (19), para exigir a instalação da UBS Cantinho do Céu.
O grupo chegou ao prédio por volta das oito da manhã, logo depois da abertura da sede. Sentaram-se nas cadeiras do local, sem qualquer agitação, e acorrentaram dois manifestantes a uma pilastra, iniciando o ato. A pauta de reivindicações era focada unicamente na questão da abertura da UBS Cantinho do Céu. De acordo com Gustavo Moura, 27, militante da Rede Extremo Sul, o objetivo do ato é obter respostas claras e satisfatórias quanto à instalação da UBS. “Visto que já realizamos outros atos, ouvimos diversas promessas e prazos de muitas pessoas do poder público e até agora nada aconteceu”, disse Moura ao Correio da Cidadania.
Esta situação vem se alongando há mais de um ano. Toda a equipe da UBS Cantinho do Céu já foi contratada, mas trabalha na UBS Residencial Cocaia Independente. Com isso, há duas superlotações: uma da população atendida pela UBS existente, em torno de 70 mil pessoas; e outra por parte das equipes médicas, que somam cerca de 140 funcionários. Em março, um primeiro ato organizado pelo grupo em frente à UBS já chamava atenção para essa situação. Desde então foram diversos atos, muitas reuniões, mas nada se resolveu.
O Subprefeito da Capela do Socorro, Marco Antônio Augusto, chegou ao local por volta de 9h15 e chamou uma comissão de manifestantes para uma reunião. De acordo com o subprefeito, o problema para instalar a UBS Cantinho do Céu é, sobretudo, a regularização fundiária da região. “Havia um imóvel na Rua dos Acordes, que estava todo encaminhado para ser o local da UBS. No entanto, embora o terreno estivesse legalizado, toda a construção estava irregular”, disse Augusto. “Então encaminhamos ofício para a Secretaria de Planejamento, solicitando a desapropriação”, complementa.
O ofício data de 23 de abril. Neste mesmo período, Moura alega que estava em contato com representantes da Coordenadoria de Saúde Sul e recebeu informações de que no máximo em setembro a UBS seria inaugurada. “Por conta desses desencontros, só sairemos daqui quando houver alguma resposta formal sobre a instalação da UBS”, disse Moura. Os manifestantes exigiram inclusive a presença de membros da Coordenadoria de Saúde Sul, a fim de obter esclarecimentos e propor encaminhamentos, como condição para finalizar o ato.
A cada hora de ato, uma pessoa se juntava ao grupo de acorrentados. Tocando marchinhas e fazendo um pic-nic no paço, os manifestantes foram hostilizados por alguns funcionários da subprefeitura sob alegação de que estavam impedindo seu trabalho. No entanto, ao serem perguntadas pelos manifestantes se estavam causando algum incômodo no atendimento, as pessoas que esperavam no saguão responderam com um sonoro “não!”. A resposta foi seguida de mais cantoria e depoimentos de usuários do sistema de saúde na região.
Após mais de duas horas de reunião, o Subprefeito, acompanhado de assessores da Coordenadoria de Saúde, apresentou um documento respondendo aos questionamentos dos manifestantes. De acordo com o ofício, o terreno da Rua dos Acordes será desapropriado, o que pode levar até 60 dias; com todos os trâmites concluídos, estima-se que serão necessários até 120 dias mais para adequação do espaço à UBS. O subprefeito se prontificou a encaminhar 'em mãos' os documentos e processos necessários. “Acredito que esse ano ainda se implantará a UBS Cantinho do Céu”, declarou Augusto.
Ao fim da reunião os manifestantes realizaram o desacorrentamento e finalizaram o ato. Para Moura, a reunião foi produtiva e abriu um novo canal de diálogo. “Conseguimos realizar a proposta do ato. Pacificamente, mas de forma contundente. Vamos nos manter mobilizados e continuar pressionando”, concluiu.
Rodrigo Gomes é jornalista.