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- Gabriel Brito
Resistência Urbana é uma frente de movimentos populares presente na maioria dos estados brasileiros. Nosso compromisso é trabalhar para organizar vários setores de nossa sociedade, lutar por nossos direitos e, no longo prazo, construir o que denominamos poder popular. A vida só vai mudar de verdade quando o povo tomar a direção de seu destino e não permitir mais que uma pequena elite se beneficie do trabalho que é de todos.
Mais uma vez, estamos promovendo esta Jornada Nacional de Lutas. O foco de nosso protesto são os chamados megaeventos esportivos: a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
A propaganda oficial, a euforia dos empresários e a falta de informações sistematizadas na mídia fazem que boa parte do povo brasileiro pense que esses eventos esportivos serão bons para o país, que elevarão a imagem do Brasil no exterior, que vão trazer centenas de milhares de turistas que aqui vão gastar milhões de dólares. Em suma, muitos acham que a Copa e as Olimpíadas vão beneficiar o povo como um todo.
Infelizmente, isso não é verdade. O número de beneficiados é muito pequeno. Inclui a classe política dirigente do país, alguns setores do grande capital nacional (redes de comunicação e empreiteiras, por exemplo), os cartolas de certos clubes, a FIFA e um punhado de empresas transnacionais, patrocinadoras dos eventos.
O número de prejudicados, porém, é imenso.
Perdem, em primeiro lugar, as dezenas de milhares de famílias diretamente afetadas pelos despejos e remoções realizadas em nome de obras viárias e de infra-estrutura ou construções e reformas de estádios.
O propalado programa habitacional do governo federal, com o sugestivo nome de Minha Casa, Minha Vida tem um desempenho muito pior do que geralmente se divulga. Da meta de construção de 1 milhão de casas, apenas 400 mil se referiam à população que ganha até três salários mínimos, e que corresponde a cerca de 90% do chamado déficit habitacional, ou seja, o número dos que não têm moradia digna, hoje na casa dos 7 milhões de famílias. A meta do Minha Casa, Minha Vida é, portanto, tímida. E simplesmente não tem sido atingida. Do total prometido, pouco menos de metade foi efetivamente entregue, mesmo passado mais de um ano do prazo prometido. Isso para não falar que se trata de casas muito pequenas (em geral, 32 m²), que devem ser pagas por 25 anos, sem terreno para expansão futura, localizadas em áreas muito distantes, em geral sem infra-estrutura, isto é, sem asfalto, sem transporte, sem escolas, creches ou postos de saúde. E os megaeventos esportivos agravam o quadro, pois despejam famílias das áreas consideradas “nobres”, num processo que chamamos de higienização social.
Perdem os torcedores de futebol. Muita gente parece supor que poderá acompanhar os jogos nos estádios, mas, durante a Copa ou as Olimpíadas, como se sabe, os ingressos, mesmo nos jogos menos importantes das fases classificatórias, não custarão menos do que R$ 700 ou R$ 1 mil. Essa lógica elitista deve, inclusive, se manter após as competições, pois os estádios novos ou reformados terão seu custo de manutenção elevado e, conseqüentemente, passarão a cobrar entradas bem mais caras.
Perde a população usuária dos serviços públicos, como a saúde e educação. Quando pedimos mais e melhores escolas ou postos de saúde, por exemplo, a resposta-padrão é que “não há verbas”. Agora, o cinismo dessa atitude fica mais claro do que nunca. Para melhorar a vida das pessoas, para dar acesso digno aos direitos garantidos pela Constituição, para construir a cidadania o Estado jamais tem dinheiro. Mas para erguer estádios que chegam a custar R$ 1 bilhão, para reformar aeroportos que servirão a relativamente poucas pessoas, para transferir bilhões de reais a grandes empreiteiras de obras públicas, para emprestar enormes somas a grandes empresas, bem, aí o dinheiro aparece.
Perdem os que pagam impostos. No Brasil, é preciso lembrar, a maior parte dos impostos está embutida em todos os produtos que compramos, inclusive os de primeira necessidade, como alimentos ou produtos de higiene e limpeza. Em nosso país, aliás, os ricos, apesar de reclamarem muito, praticamente não pagam impostos, seja porque os repassam para o consumidor, seja pela simples sonegação. Agora, como se não bastasse que o dinheiro dos impostos seja investido sem qualquer prioridade, assistimos o governo concedendo isenção tributária às empresas envolvidas com a Copa. Isso significa, simplesmente, que essas empresas não precisarão recolher impostos sobre os lucros que obtiverem com a competição.
Por que o povo, que trabalha duro e ganha pouco, paga tanto imposto e o grande capital nacional e transnacional fica isento? Perdem, enfim, todos os brasileiros. Um dos maiores bens de um país é a sua independência, a sua soberania. Nenhuma nação quer ser dominada por outra. Mas a chamada Lei Geral da Copa concede à FIFA algumas prerrogativas aviltantes, que fazem do Brasil um país ainda mais subordinado aos interesses do capital estrangeiro.
Durante a Copa, nas áreas em que ocorrem os jogos serão montados tribunais especiais, verdadeiros tribunais de exceção, que julgarão alegados crimes que ocorrerem no entorno dos estádios, o que inclui até a venda de bebidas ou produtos alimentícios não autorizados. Serão julgamentos muito rápidos (julgamentos sumários), com restrito direito de defesa. Ao aceitar essas imposições, os governantes brasileiros passam ao mundo não a imagem de um país dinâmico e moderno, mas do velho país subordinado e governado por uma elite mesquinha e antipopular.
Por tudo isso, o Resistência Urbana, frente nacional de movimentos populares, protesta contra os megaeventos esportivos e reivindica que as necessidades da população venham antes dos interesses do grande capital.
Confira dez pontos para refletir sobre a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
1. Despejos – As obras dos megaeventos levam a grande número de despejos violentos sem compensação às famílias removidas.
2. Obras: dinheiro público, lucros privados – Apesar de atenderem a interesses privados, as obras feitas para os megaeventos recebem enormes quantias de dinheiro público.
3. O exemplo do Pan 2007 – No Pan de 2007, no Rio de Janeiro, as obras custaram 10 vezes mais que o planejado e aumentaram a repressão, como se viu nas dezenas de mortes no Complexo do Alemão.
4. No resto do mundo também não deu certo - Os megaeventos sempre causaram prejuízos. Em Montreal, 1976, produziram dívidas que duram até hoje. As Olimpíadas de 2004 estão entre as causas da crise na Grécia. A África do Sul passa, hoje, por crise advinda da Copa de 2010.
5. Quem manda no Brasil é a FIFA? – Para sediar uma Copa do Mundo, o país deve abrir mão de sua soberania, permitindo que a FIFA influa nos impostos, nas licitações e até nas leis do país.
6. Futebol agora é coisa da elite? – Os ingressos para a Copa de 2014 serão caríssimos, proibitivos para quase todo do povo. É mais um passo no caminho da elitização do futebol brasileiro.
7. Quem são as marcas que mandam na FIFA – As marcas que dominam os megaeventos são constantemente envolvidas em escândalos financeiros e denúncias de super-exploração no Terceiro Mundo.
8. Cidades não são marcas de negócio – Os megaeventos esportivos induzem as cidades a agirem como um produto do mercado mundial, geridas pelos negócios e não pelo interesse da população.
9. A quem serve a cidade? – O planejamento da cidade fica submetido à lógica da competição esportiva, que dura semanas, mas determina como a cidade será por várias décadas.
10. Como se deve gastar o dinheiro do povo? – Dinheiro para a Saúde, a Educação, a Moradia...
dizem sempre que não tem. É justo, então, gastar com eventos que beneficiam tão poucas pessoas?
O MTST e o Resistência Urbana realizarão amanhã, 4/4, uma Jornada Nacional Contra os Crimes da Copa, com ações em oito das 12 cidades-sede da Copa 2014, além de mais duas capitais que não sediarão o evento.
O objetivo destas ações é realizar o lançamento de uma Campanha Nacional – CAMPANHA CONTRA OS CRIMES DA COPA / Quem apita é o povo! – que envolverá ainda a proposta de realização de um Plebiscito Popular sobre o tema no meio do ano.
As ações de amanhã mobilizarão milhares de trabalhadores, em sua maioria ameaçados de despejo, e serão feitas nas obras dos estádios.
Ocorrerão nas seguintes cidades:
- São Paulo
- Manaus
- Brasília
- Belo Horizonte
- Cuiabá
- Fortaleza
- Rio de Janeiro
- Curitiba
Além de duas que não são sedes, mas estão com problemas de despejo relacionados ao mesmo avanço da especulação imobiliária: Belém e São Luiz.
A Campanha tem três motes fundamentais:
- Contra os despejos e remoções relacionados às obras dos mega-eventos.
- Contra o uso de dinheiro público para os megaeventos. Por investimento em políticas públicas.
- Contra a ingerência da FIFA. Soberania não se negocia.
Em São Paulo, a manifestação será às 10h da manhã, diante das obras do estádio do Corinthians.
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- Andrea
As rádios e a TV Cultura de São Paulo se consolidaram historicamente como uma alternativa aos meios de comunicação privados. As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, e constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis e na de musicais, como o Ensaio e o Viola, Minha Viola. As emissoras tornaram-se, apesar dos percalços, um patrimônio da população paulista.
Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Esse e outros fatos se destacam:
- Mais de mil demissões, entre contratados e prestadores de serviço (PJs);
- extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e Minas;
- demissão da equipe do Entrelinhas e extinção do programa, sem garantias de que ele seja quadro fixo do Metrópolis;
- aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo;
- enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis;
- entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S. Paulo;
- cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros);
- doação da pinacoteca e biblioteca;
- sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes.
Pela sua composição e formato de indicação, o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta não tem a independência necessária para defender a Cultura das ações predatórias vindas de sua própria presidência. Mesmo que tivesse, sobre alguns desses pontos o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta sequer foi consultado.
Não podemos deixar esse patrimônio do povo de São Paulo ser dilapidado, vítima de sucateamento promovido por sucessivas gestões sem compromisso com o interesse público, seriamente agravado na gestão Sayad.
Nesse momento, é preciso afirmar seu caráter público e lutar pelos seguintes pontos:
- Contra o desmonte geral da rádio e TV Cultura e pela retomada dos programas.
- Em defesa do pluralismo e da diversidade na programação.
- Por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de pitchings e editais.
- Pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta
ATO CONTRA A PRIVATARIA DA CULTURA
3 de abril, terça-feira, às 19h
Sindicato dos Engenheiros de São Paulo
Rua Genebra, 25 – Centro (ao lado da Câmara Municipal)
Assinam o manifesto:
Gilberto Maringoni
Hamilton Octavio de Souza
Ivana Jinkings
Joaquim Palhares – Agência Carta Maior
Laurindo Lalo Leal Filho
Luiz Carlos Azenha – blog Vi o Mundo
Luiz Gonzaga Belluzzo
Renato Rovai – Revista Fórum e Presidente da Altercom
Rodrigo Vianna – blog Escrevinhador
Wagner Nabuco – Revista Caros Amigos
Emir Sader
Flávio Aguiar
Altercom - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Frente Paulista pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
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- Andrea
O tríplice homicídio, que ceifou as vidas de Milton Santos Nunes, 52 anos, Clestina Leonor Sales Nunes, 48 anos, e Valdir Dias Ferreira, 39 anos, líderes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), barbárie realizada dia 24 de março de 2012, clama por justiça.
Há muito, os movimentos sociais do campo, pastorais e organizações da sociedade civil vêm denunciando a violência do latifúndio e sua impunidade na região do Triângulo Mineiro. Não é possível que a vida humana seja considerada como um nada, diante da voracidade do agronegócio e das ações de grupos armados, ligados a latifundiários.
As famílias sem terra do Triângulo Mineiro, e em particular aquelas acampadas na Fazenda São José dos Cravos, estão vivenciando na carne a Semana Santa, que se aproxima com a paixão e morte de Jesus Cristo. O sangue derramado por Clestina, Milton e Valdir, covardemente executados pelo latifúndio, se junta ao sangue de Jesus Cristo e de tantos outros irmãos e irmãs, martirizados por causa de conflitos agrários e dos crimes do agronegócio.
O ser humano tem o direito sagrado a terra, base da vida. Não é justo que famílias fiquem neste nosso país, acampadas sob tensão e em condições inumanas, enquanto sobra terra, nas mãos de uns poucos.
Não é justo que monoculturas, como a da cana, se espalhem tomando territórios, para satisfazer as necessidades de lucro dos negócios de mercado. Não é justo que o direito constitucional e a função social e ambiental da terra não seja aplicado, e não se desapropriem os latifúndios.
Que a ressurreição, já vivida pelos que foram assassinados, venha para os sem terra com a reforma agrária e que se faça justiça em mais essa tragédia na luta agrária, no nosso querido Brasil.
Uberlândia, 28 de março de 2012
Comissão Pastoral da Terra - CPT/Triângulo Mineiro
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade - AFES
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- Andrea
Denúncias de problemas causados pela usina, recusadas no último relatório do CDDPH, foram a conhecimento oficial do governo e devem ser apuradas por nova Comissão, exigem organizações de Direitos Humanos.
Em função da retirada do capítulo sobre violações de direitos humanos pela usina de Belo Monte do último relatório do Conselho de Defesa do Direito da Pessoa Humana (CDDPH) sobre violência na Terra do Meio, Pará, o Movimento Xingu Vivo para Sempre e organizações de direitos humanos e indigenistas protocolaram nesta sexta, 23, um oficio junto à Secretaria Especial de Direitos Humanos (ao qual o CDDPH é ligado) solicitando a criação de uma missão especial para verificar especificamente as denúncias vinculadas à hidrelétrica.
“Entendemos que, com a votação do relatório sobre violência na Terra do Meio, no Pará, onde as denúncias sobre violações de Belo Monte foram destacadas por vários dos órgãos públicos e entidades entrevistadas pelo CDDPH, o governo tomou conhecimento, oficialmente, dos problemas ligados à usina. Se, como afirmou a ministra dos direitos Humanos e presidente do CDDPH, Maria do Rosário, o último relatório não previu apurar os problemas de Belo Monte, entendemos que, com a profusão de denúncias ligadas à usina, o CDDPH deve criar uma missão específica, então. Aproveito para informar que o envio das denúncias ao coletivo de representantes do governo, da Norte Energia e de algumas entidades locais (o Comitê Gestor do PDRS Xingu) não pode cumprir o papel do CDDPH, por incluir, inclusive, partes denunciadas no processo”, afirma Roberta Amanajas, advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).
Além de recuperar o relatório da Missão Terra do Meio, o ofício também cita como justificativa da urgência de uma nova nova Comissão do CDDPH à Altamira o relatório da Missão Xingu da Plataforma DHESCA, de abril de 2010, sobre Violações de Direitos Humanos no Licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Nenhuma das recomendações feitas pela Plataforma à época foram atendidas.
Entenda o caso:
Em maio de 2011, o CDDPH enviou uma missão ao Pará para verificar violações de Direitos Humanos na região conhecida como Terra do Meio, que abrange parte do município de Altamira. Na ocasião, Belo Monte foi citada por grande parte dos entrevistados como principal vetor de violências na região.
Passado quase um ano sem que o relatório fosse votado, o Ministério Público Federal do Pará solicitou a apresentação do documento e sua apreciação, o que levou a ministra Maria do Rosário a declarar que solicitaria alterações no mesmo, que retirassem menções a Belo Monte. Diante da negativa do relator de fazer as alterações, e por pressões de entidades de direitos humanos, o relatório foi finalmente votado na ultima segunda feira, dia 19, mas o capítulo e a recomendação referentes a Belo Monte foram excluídos da aprovação.
De acordo com Rosário, estes itens devem ser encaminhados ao Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, composto pela Norte Energia, membros do governo e representantes de entidades e do empresariado de Altamira.
Leia a integra do OFÍCIO por nova Missão sobre violações de Belo Monte: http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2012/03/CDDHP.-Solicitacao-Comissao-1.pdf
Para saber mais:
CDDPH - Relatório de impressões sobre as violações dos direitos humanos na região conhecida como “Terra do Meio” no Estado do Pará: http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2012/03/Relat%C3%B3rio-CDDPH.pdf
Plataforma DHESCA - Relatório da Missão Xingu - Violações de Direitos Humanos no Licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte: http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2010/10/Relatorio-da-Plataforma-DHESCA-sobre-viola%C3%A7%C3%B5es-dos-direitos-humanos-do-projeto-Belo-Monte.pdf
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- Andrea
Domingo, 1º de abril, marcou os 48 anos do fatídico golpe civil-militar de 1964. Na época, o imperialismo estadunidense, os latifundiários e parte da burguesia nativa derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart. Naquela época, a imprensa teve papel destacado nos preparativos do golpe. Na seqüência, muitos jornalões continuaram apoiando a ditadura, as suas torturas e assassinatos. Outros engoliram o seu próprio veneno, sofrendo censura e perseguições.
Nesta triste data da história brasileira, vale à pena recordar os editoriais dos jornais burgueses – que clamaram pelo golpe, aplaudiram a instalação da ditadura militar e elogiaram a sua violência contra os democratas. No passado, os militares foram acionados para defender os saqueadores da nação. Hoje, esse papel é desempenhado pela mídia privada, que continua orquestrando golpes contra a democracia. Daí a importância de relembrar sempre os seus editorais da época:
O golpismo do jornal O Globo
“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais”. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada..., atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal. O Globo, 2 de abril de 1964.
“Ressurge a democracia! Vive a nação dias gloriosos... Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada”. O Globo, 4 de abril de 1964.
“A revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista”. O Globo, 5 de abril de 1964.
Conluio dos jornais golpistas
“Minas desta vez está conosco... Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu”. Tribuna da Imprensa, 2 de abril de 1964.
“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada”. Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964.
“Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la”. Jornal do Brasil, 6 de abril de 1964.
“Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade”. O Estado de Minas, 2 de abril de 1964.
“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento”. O Dia, 2 de abril de 1964.
“A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil”. O Povo, 3 de abril de 1964.
“Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve”. Correio Braziliense, 16 de abril de 1964.
Apoio à ditadura sanguinária
“Um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social – realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama”. Folha de S.Paulo, 22 de setembro de 1971.
“Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o país, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades”. Jornal do Brasil, 31 de março de 1973.
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”. Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984.
Autor: Altamiro Borges
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Os cerca de cinco mil trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras da terceira maior hidrelétrica do mundo, entraram em greve geral nesta quinta, 29. As reivindicações são aumento salarial, redução dos intervalos entre as baixadas (visita dos trabalhadores a suas famílias) de seis pra três meses, o não-rebaixamento do pagamento e solução de problemas com a comida e água.
A paralisação começou ontem no canteiro de obras do Sítio Pimental, após um acidente de trabalho que matou o operador de motosserra Orlando Rodrigues Lopes, de Altamira, e hoje se estendeu para os demais canteiros. A saída dos ônibus do perímetro urbano de Altamira para os canteiros de obra, em Vitória do Xingu, foram bloqueadas.
“A pauta é a mesma de antigamente: tudo o que está no acordo coletivo. Não cumpriram nada”, explica um dos trabalhadores. Segundo ele, apesar das greves e pressões realizadas no ano passado, que levaram a empresa a assinar o acordo coletivo, ao invés de melhorar, as condições de trabalho têm piorado.
“No último pagamento cortaram as horas-transporte, o que diminuiu em até 600 reais o salário do peão”, explica. A justificativa para a redução é que trabalhadores estão sendo removidos da cidade para os canteiros, e que por isso não precisarão do adicional. Por conta disso, ao menos 40 trabalhadores que passaram a residir nos alojamentos provisórios dentro dos canteiros já teriam se demitido. “Pra quem vem de fora o salário já não estava bom. Com esses 600 a menos, nem vale a pena ficar”.
O trabalhador morto em acidente, que, segundo operários prestava serviços para o CCBM, era da empresa terceirizada Dandolini e Peper, e estava trabalhando na derrubada de árvores no canteiro Canais e Diques. “Nós não temos segurança nenhuma lá. Falta EPI (equipamento de proteção individual), sinalização e principalmente gente pra fiscalizar”, reclamam os trabalhadores.
Coerção
“A greve ia estourar no começo de março”, relata outro trabalhador. “Foi quando a gente recebeu o salário (no início do mês) que a gente viu que cortaram as horas in itinere”. O pagamento ocorreu numa discoteca local. “Tratam a gente que nem bicho… Ficam 5 mil trabalhadores numa fila enorme, entra de seis em seis (no escritório provisório). É muito inseguro, eles dão o dinheiro na nossa mão. Conheço três que foram roubados logo que saíram de lá”, explica.
No dia 3 de março, um trabalhador teria sido demitido por ter tentado, sozinho, paralisar o canteiro Belo Monte, o maior da obra. Funcionários relataram que ele foi colocado com violência em um veículo do CCBM e demitido momentos depois.
Perguntados sobre o sindicato, nenhum trabalhador soube responder onde estavam os dirigentes. “O sindicato não veio, não veio ninguém. Mas vamos continuar a greve até a Norte Energia vir aqui”, concluíram os trabalhadores.
Por Ruy Sposati, Xingu Vivo.
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Apesar da diminuição do número de desempregados e do aumento de trabalhadores formalizados, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que brasileiro está trabalhando mais e com maior intensidade.
O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, André Gambier Campos, que apresentou os indicadores essa semana em Brasília, explica que o tempo de trabalho está invadindo cada vez mais a vida particular das pessoas.
Quase metade dos entrevistados pela pesquisa, cerca de 45%, disse que não se desliga totalmente do trabalho após o término da jornada formal. André afirma que hoje há uma “diluição” das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo livre, pois o trabalho continua a acompanhar os trabalhadores, até mesmo em suas casas.
Isso, segundo o pesquisador, é um fenômeno preocupante, porque gera uma série de conseqüências negativas para a vida dos trabalhadores como: cansaço, estresse e desmotivação, além de prejuízo das relações familiares e de amizade, das atividades esportivas, educacionais, entre outras.
As novas tecnologias têm um papel significativo na redução do tempo livre. Por meio delas, 26% dos entrevistados são obrigados a ficar de prontidão pelos seus superiores. Outros 8% precisam desenvolver alguma atividade extra, por meio de celular ou internet.
O Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre Trabalho e tempo livre ouviu 3.796 pessoas residentes em áreas urbanas, das cinco regiões do país.
Fonte: Agência Pulsar
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Jovens organizados pelo movimento Levante Popular da Juventude promoveram protestos em São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belém e Curitiba , nesta segunda-feira (26/3) contra agentes da ditadura militar que torturaram, mataram, perseguiram militantes e pela instalação da Comissão da Verdade.
Os jovens fizeram uma ação tradicional na Argentina e no Chile chamada de “escracho”, quando são realizados protestos para denunciar a participação de agentes dos regimes autoritários em perseguições, torturas e assassinatos. No Brasil, os jovens apelidaram a ação de esculacho.
As manifestações denunciam que agentes da repressão continuam impunes, apoiam a instalação da Comissão da Verdade e exigem a apuração e a punição dos crimes cometidos durante a Ditadura Militar.
A Comissão da Verdade tem como objetivo esclarecer situações de violação aos direitos humanos, ocorridas entre 1946 e 1988, como tortura, morte e ocultação de cadáveres. O órgão deve identificar os responsáveis pelas violações. Os jovens apóiam a presidenta Dilma a indicar os sete conselheiros que coordenarão os trabalhos.
As ações
Em São Paulo, cerca de 150 jovens realizaram um protesto contra o torturador David dos Santos Araújo, o Capitão "Lisboa", em frente a sua empresa de segurança privada Dacala, na zona sul da cidade de São Paulo. Ele é assassino e torturador, de acordo com Ação Civil Pública do Ministério Público Federal. A ação registra o seu envolvimento na tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas. Em agosto de 2010, o Ministério Público Federal ingressou com ação civil pública pedindo o afastamento imediato e a perda dos cargos e aposentadorias do delegado da Polícia Civil paulista pela participação direta de atos de tortura, abuso sexual, desaparecimento forçados e homicídios em serviço e nas dependências de órgãos da União.
No Rio de Janeiro, a juventude realizou ações contra David dos Santos, em frente à filial da empresa Dacala. Cartazes com escritos “levante contra a tortura” foram fixados na porta da empresa. Ao mesmo tempo, outros integrantes do Levante penduraram uma faixa nos Arcos da Lapa com os dizeres “Levante-se contra tortura: em defesa da comissão da verdade”, enquanto outro grupo fazia panfletagem em frente ao Clube Militar.
Em Belo Horizonte, 70 jovens participaram da ação de escracho em frente à residência do torturador Ariovaldo da Hora e Silva, no bairro da Graça. A manifestação contou com faixas, cartazes e tambores, além de distribuírem cópias de documentos oficiais do DOPS, contendo relatos das sessões de tortura com a participação de Ariovaldo, para informar a população do currículo do vizinho.
Ariovaldo foi investigador da Polícia Federal, lotado na Delegacia de Vigilância Social como escrivão. Delegado da Polícia Civil durante a ditadura, exerceu atividades no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) entre 1969 e 1971, em Minas Gerais. Na obra Brasil Nunca Mais (Projeto A), ele é acusado de envolvimento na morte de João Lucas Alves e de ter praticado tortura contra presos políticos. Foram suas vítimas Jaime de Almeida, Afonso Celso Lana Leite e Nilo Sérgio Menezes Macedo, entre outros.
Em Porto Alegre, 100 jovens fizeram um ato pela manhã em frente à casa do Coronel Carlos Alberto Ponzi, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações de Porto Alegre e um dos 13 brasileiros acusados pela justiça italiana pelo desaparecimento do militante político Lorenzo Ismael Viñas em Uruguaiana (RS), no ano de 1980.
No Ceará, cerca de 80 pessoas realizaram a ação em frente ao escritório de advocacia do ex-delegado da Polícia Federal em Fortaleza (CE), José Armando Costa, localizado no bairro da Aldeota.
José Armando Costa foi delegado da Polícia Federal em Fortaleza no início da década de 70. À época, presos políticos relataram à Justiça Militar que a tarefa do delegado era fazer interrogatórios logo após as sessões de tortura e coagia-os a assinar falsos depoimentos sob ameaça. Costa aparece nos depoimentos de ao menos cinco ex-presos políticos torturados no Ceará, contidos no projeto Brasil Nunca Mais, da Arquidiocese de São Paulo.
Em Belém, cerca de 80 jovens realizaram o esculacho no prédio do torturador e apoiador da ditadura militar Adriano Bessa Ferreira. Entregaram um manifesto à população convocando a sociedade a se posicionar em defesa da Comissão Nacional da Verdade e contra os torturadores.
Adriano Bessa atuou como delator de atividades de militantes que lutavam contra a ditadura. Seu nome consta de listas da extinta Comissão Geral de Investigações (CGI), criada para “apurar atos de corrupção ativa e passiva ou contrários à preservação e consolidação da Revolução Brasileira de 31 de março”.
Além de ter prestado serviço militar, fez carreira no setor financeiro. Foi presidente do Banco do Estado do Amazonas, da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belém e gerente de agências bancárias. Foi também professor da Universidade Federal do Pará.
Em Curitiba, aconteceu um ato público na Boca Maldita, centro da capital paranaense, para denunciar os assassinatos, torturas e violações de direitos humanos na Ditadura Militar. Entre os denunciados está o tenente Paulo Avelino Reis, citado como torturador em documentos do Grupo Tortura Nunca Mais.
Levante Popular da Juventude
O Levante Popular da Juventude é um movimento social organizado por jovens que visa contribuir para a criação de um projeto popular para o Brasil, construído pelo povo e para o povo. Não é ligado a partidos políticos.
Com caráter nacional, tem atuação em todos os estados do país, no meio urbano e no campo. Se propõe a articular jovens, militantes de outros movimentos ou não, interessados em discutir as questões sociais e colaborar para a organização popular.
Tem como objetivo propiciar que a juventude tome consciência da sua história e da realidade à sua volta para transformá-la.
O Levante organiza a juventude para fazer denúncias à sociedade, por meio de ações de Agitação e Propaganda. Não há bandeiras previamente definidas. A luta política se dá pelas pautas escolhidas pelos próprios militantes, que realizam atividades de estudo e debates, sistematicamente, por todo o país.
Abaixo, leia o manifesto da jornada de luta.
MANIFESTO LEVANTE CONTRA TORTURA
Mas ninguém se rendeu ao sono.
Todos sabem (e isso nos deixa vivos):
a noite que abriga os carrascos,
abriga também os rebelados.
Em algum lugar, não sei onde,
numa casa de subúrbios,
no porão de alguma fábrica
se traçam planos de revolta.
Pedro Tierra
Saímos às ruas hoje para resgatar a história do nosso povo e do nosso país. Lembramos da parte talvez mais sombria da história do Brasil, e que parece ser propositadamente esquecida: a Ditadura Militar. Um período onde jovens como nós, mulheres, homens, trabalhadores, estudantes, foram proibidos de lutar por uma vida melhor, foram proibidos de sonhar. Foram esmagados por uma ditadura que cruelmente perseguiu, prendeu, torturou e exterminou toda uma geração que ousou se levantar.
Não deixaremos que a história seja omitida, apaziguada ou relativizada por quem quer que seja. A história dos que foram assassinados e torturados porque acreditavam ser possível construir uma sociedade mais justa é também a nossa história. Nós somos seu povo. A mesma força que matou e torturou durante a ditadura hoje mata e tortura a juventude negra e pobre. Não aceitamos que nos torturem, que nos silenciem, nem que enterrem nossa memória. Não esqueceremos de toda a barbárie cometida.
Temos a disposição de contar a história dos que caíram e é necessário expor e julgar aqueles que torturaram e assassinaram nosso povo e nossos sonhos. Torturadores e apoiadores da ditadura militar: vocês não foram absolvidos! Não podemos aceitar que vocês vivam suas vidas como se nada tivesse acontecido enquanto, do nosso lado, o que resta são silêncio, saudades e a loucura provocada pela tortura. Nós acreditamos na justiça e não temos medo de denunciar os verdadeiros responsáveis por tanta dor e sofrimento.
Convidamos a juventude e toda a sociedade para se posicionar em defesa da Comissão Nacional da Verdade e contra os torturadores, que hoje denunciamos e que vivem escondidos e impunes e seguem ameaçando a liberdade do povo. Até que todos os torturadores sejam julgados, não esqueceremos, nem descansaremos.
Pela memória, verdade e justiça!
Levante Popular da Juventude
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Após a paralisação, por liminar da Justiça Federal, das obras da hidrelétrica (UHE) de Teles Pires l na região de Alta Floresta (MT), os indígenas Kayabi, Apiaka e Munduruku que vivem na área de impacto da usina têm sido alvo de ameaças. Neste fim de semana, lideranças que estavam na cidade foram agredidas verbalmente por trabalhadores da obra, e dois de seus barcos tiveram os motores roubados. Em uma das embarcações, foi encontrada uma espingarda calibre 12 com munição, o que foi interpretado como ameaça de morte.
De acordo com Jacira Monteiro de Assis Bulhões, do Ministério Público Federal no Mato Grosso, o MPF tem instruído os indígenas a não circular sozinhos na cidade e a evitarem confrontos. “A maioria deles já voltou para as aldeias, mas ainda assim estamos pedindo que tenham cuidado”, afirma Bulhões.
Assim que foi notificada da liminar, a Companhia Hidrelétrica Teles Pires (CHTP), que detém a concessão do empreendimento, divulgou uma nota na qual afirma que a decisão judicial “coloca em risco o emprego de aproximadamente 2.300 trabalhadores (...), a suspensão de outros contratos com fornecedores de bens e serviços, além da interrupção de todos programas ambientais e sociais integrantes do Programa Básico Ambiental – PBA”. De acordo com as lideranças indígenas, tanto a nota quanto a imprensa local têm responsabilizado os índios pela perda de empregos e benefícios, atiçando moradores e trabalhadores contra eles.
Para o Ministério Público Federal , além de equivocada, a nota da CHTP inverte a lógica dos impactos do empreendimento. “Nem sabemos se o número de trabalhadores da obra é o alegado, mas a questão é que a usina, se construída, vai destruir um local – as corredeiras de Sete Quedas do Teles Pires - que, mais do que a área mais sagrada da cultura espiritual dos Kayabi, é o nascedouro dos peixes que alimentam a população indígena. Serão 15 mil pessoas que perderão sua fonte de alimento e sobrevivência, número bem maior do que os trabalhadores temporários das obras”, explica o procurador do MPF no Pará, Felício Pontes, Jr.
De acordo com a decisão da juíza federal Célia Regina Ody Bernardes, que deferiu uma Ação Civil Pública com pedido de liminar do Ministério Publico Federal no último dia 26, “a Licença de Instalação nº 818/2011 não atendeu à normativa constitucional e convencional acerca das sensíveis questões envolvidas no complexo licenciamento ambiental da UHE Teles Pires. O Ibama emitiu a Licença (da obra) sem antes ouvir os povos indígenas afetados”, e “descumpre obrigação internacionalmente contraída pela República Federativa do Brasil, notadamente a de aplicar a Convenção 169 da OIT sobre povos indígenas e tribais”.
Documentos
Neste sábado, 31, os Kayabi, Apiaka e Munduruku divulgaram três documentos, assinados por 58 lideranças das três etnias. O primeiro foi direcionado à CHTP, cobrando a retratação da nota publicada na última semana. Os indígenas afirmam que “o empreendedor usa seu poder econômico para se valer dos meios de comunicação, passando ao público uma informação equivocada e que incita população local contra o povo Kayabi, Apiaka e Munduruku”. Segundo o documento, as afirmações da CHTP “poderá desencadear atos de violência e aumentar atos de preconceito e discriminação” contra as populações indígenas.
Um outro documento, “Manifestação Pública dos Povos Indígenas Kayabi, Apiaka e Munduruku”, confirma que “jamais fomos consultados acerca destes empreendimento” e que não aceitam o Projeto Básico Ambiental, por representar “negociações com um empreendimento que viola todos os nossos direitos desde o início de seu licenciamento”. Além disso, exigem a demarcação imediata das terras indígenas Kayabi, Apiaka e Munduruku, TI Pontal de Apiakás Isolados, TI Munduruku do Jemanxim na Calho do Médio Tapajós, e TI Kayabi do Batelão.
O terceiro documento é uma “Nota de Apoio” à liminar concedida pela Justiça Federal, direcionada ao Conselho Nacional de Justiça, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Superior Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal Federal, Governo Brasileiro e Ministério Público dos Estados de Mato Grosso e Pará. A nota reitera que “a decisão (da Justiça) condiz com a verdade dos fatos enfrentados pelos nossos povos e que jamais fomos consultados a respeito do empreendimento”. “Esperamos que Vossas Excelências (...) não derrubem a liminar e garantam o cumprimento da ordem jurídica brasileira, que não pode ser suspensa em virtude do poder político e da superexaltação da ordem econômica, pois isto não condiz com o Estado democrático de Direito”.
A CHTP é composta pela Neoenergia (com participação majoritária da Previ e Banco do Brasil), Eletrosul, Furnas e Odebrecht. O consórcio contratado pela CHTP para construir a usina inclui a Odebrecht, PCE e Intertechne, além das multinacionais Alstom (França) e Voith (Alemanha).
Mais Informações:
Jamilye Salles, advogada, (91) 8173-2001
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- Andrea
A ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), grupo de elite da PM paulista, pode ter promovido atentados, executado inocentes e forjado um atentado ao quartel da corporação para extorquir membros do PCC (Primeiro Comando da Capital). As informações estarrecedoras constam de dois relatórios produzidos pelo Departamento de Inteligência da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de São Paulo. Os documento, de número 18 e 19/2010 (clique para obter uma cópia em .PDF), foram encaminhados ao gabinente do secretário de Segurança Pública Antônio Ferreira Pinto e terminaram engavetados, sem que nenhuma providência fosse adotada para esclarecer as denúncias.
A revelação coube ao repórter Sandro Barboza, do Jornal da Band. A reportagem desta quarta-feira exibiu uma entrevista com o autor do relatório, que se mantém no anonimato por temer uma retaliação fatal. De acordo com o jornalista, um em cada cinco homicídios ocorridos em São Paulo é praticado por policiais militares. Os assassinatos são sempre justificados em boletins de ocorrência como “resistência seguida de morte”. Muitas dessas ocorrências seriam, na verdade, homicídios cometidos por encomenda.
De acordo com a fonte do Jornal da Band, o mandante das execuções praticadas por policiais seriam criminosos ligados ao PCC. “Tanto que o senhor não vê mais esses atentados de PCC. Então o que acontece: todas as grandes atuações do crime organizado hoje em dia acabam cooptando maus agentes públicos para dar uma guarida”, disse o autor dos relatórios.
As vítimas, segundo a fonte, seriam invariavelmente rivas do “partido”, apelido utilizado por policiais e criminosos para se referir ao PCC. No jargão dos policiais a serviço da organização, os assassinatos são chamados de “Caixa-Dois”. O método dos criminosos de farda seria, segundo o investigador do DHPP, sempre o mesmo. Cada viatura sai para essas missões com três homens. Todos teriam participação nos grupos de extermínio. Segundo a fonte do Jornal da Band, um dos três homens deixa a viatura usando uma capa de motoboy ou uma roupa comum, vestindo uma balaclava para tapar o rosto.
Os dois policiais que permanecem na viatura identificam o alvo e comunicam a localização da vítima ao executor do assassinato. Feito o “serviço”, o PM descaracterizado é recolhido pela viatura. Logo depois, os mesmos PMs assassinos alteram a cena do crime, mudam o local em que a execução aconteceu e seguem para atender a “ocorrência” que eles mesmos produziram.
O autor dos relatórios afirma que não é difícil materializar as provas dessa atuação criminosa. Segundo ele, bastaria levantar o sigilo das ligações telefônicas mantidas entre os PMs de aluguel para se constatar que há uma vasta comunicação antecedendo esses episódios. Mas isso, como de resto tudo, jamais foi feito.
A fonte também revela como é feita a adulteração da cena dos crimes perpetrados por policiais. Segundo ele, os PMs recolhem as cápsulas e levam a vítima a determinados hospitais, que seriam coniventes com o esquema.
Um dos casos concretos revelados pelo Jornal da Band foi o assassinato do advogado Paulo Clélio de Almeida, suspeito de ter ligações com o PCC. Ele teve sua casa assaltada no dia 20 de fevereiro passado. Os ladrões levaram mais de R$ 800 mil em dinheiro e algumas jóias. Desconfiado da participação de policiais militares, o advogado passou a investigar o assalto por conta própria. Uma semana depois, apareceu morto com o corpo crivado por 25 tiros. O autor dos disparos, ao contrário do sempre acontece, desta vez foi identificado. Quem o assassinou foi o soldado Gilson Terra.
Um dos Relatório de Inteligência conhecido na última edição do Jornal da Band também revela que os PMs corruptos usavam o QG da ROTA como escritório para articular suas ações criminosas e extorquir dinheiro de traficantes. Um dos assassinatos teriam sido tramados desta forma foi o de Fábio Fernandes da Silva, um bandido conhecido como Vampirinho. R$ 300 mil que estavam dentro do carro desapareceram misteriosamente. Ao investigar o caso, o DHPP descobriu algo ainda mais grave: o envolvimento do sargento Rafael Henrique Telhada, filho do comandante da ROTA à época.
A farsa do atentado ao QG da ROTA
Os relatórios engavetados pelo secretário Antônio Ferreira Pinto vão além das vinditas do PCC e da contratação de PMs como algozes de aluguel do “partido”. O de número 19/2010 faz afirmações que, se confirmadas, podem botar abaixo toda a cúpula da SSP. Ele implica diretamente o Coronel Paulo Telhada, que comandou o Batalhão Tobias Aguiar até o ano passado.
No dia 31 de julho 2010, Telhada sofreu um atentado na rua onde mora. Ele conseguiu sair sem um único ferimento, embora seu carro tenha sido alvejado por pelo menos dez tiros de grosso calibre. Dois dias depois, um homem foi morto por policiais militares da corporação em frente ao QG da ROTA. Tinha uma arma na mãe direita e um coquetel molotov na esquerda.
O atentado foi atribuído pelo secretário Ferreira Pinto a criminosos inconformados com a ação do grupo de elite da PM paulista. ”Desde a chegada do Telhada na Rota, há um ano e três meses, ações de expressão têm incomodado os criminosos que estão nas ruas”, declarou. De acordo com as informações da inteligência da Polícia Civil, a história é bem diferente.
No relatório que produziu sobre o caso, o investigador do DHPP descreveu Frank Ligiere Sons, o homem do coquetel molotov, como um alcoólatra, viciado em drogas, que tinha pavor de armas de fogo e não seria capaz — nem teria motivos — para uma atitude tão violenta. Frank estaria frequentando uma clínica de reabilitação e havia assumido uma religião. A família chegou mesmo a caracterizá-lo como um covarde que, a despeito do vícios, não tinha um passado criminal.
O irmão dele, no entanto, é um personagem controverso desde suas primeiras manifestações. Ex-policial militar, Ronaldo Ligieri desde o início pareceu conformar-se com o destino trágico do irmão. Apesar de afirmar que nunca havia trabalhado na ROTA, Ronaldo desculpou desde o início a PM pela execução de Frank sob a justificativa de que “conhecia mais de 80 policiais do batalhão” e “não queria prejudicar suas relações” com os colegas de farda.
De acordo com a inteligência da Polícia Civil, Ronaldo na verdade seria sócio do coronel Telhada em uma empresa de segurança. Embora não decline o nome dessa empresa, o relatório de inteligência aponta que ela fazia a escolta pessoal do apresentador Gugu Liberato quando eclodiu a farsa da entrevista de supostos líderes do PCC exibida em 2003, quando Gugu ainda trabalhava no SBT. A armação custou caro ao apresentador, que disputava a liderança da audiência dominical vespertina com o concorrente Fausto Silva, da Rede Globo. Gugu caiu em descrédito e nunca mais conseguiu recuperar o prestígio que tinha entre as classes D e E.
O relatório sugere que a execução de Frank foi tramada para desviar a atenção de outros crimes envolvendo policiais militares que vinham sendo investigados pela Polícia Civil. E afirma categoricamente que PMs se fizeram passar por investigadores civis para desvirtuar o que vinha sendo apurado.
O filho do ex-comandante da ROTA, conhecido como Telhada Filho, teria envolvimento com várias ações criminosas. O Relatório afirma que em um galpão pertencente a ele foram apreendidos R$ 5 milhões em mercadorias (provavelmente roubadas). Telhada Filho também teria pedido a supressão temporária do policiamento na região de Perus, na Zona Oeste de São Paulo, para facilitar a ação de uma quadrilha de ladrões de caixas eletrônicos. Um sargento honesto teria sido procurado por ele para tal fim. Ao receber uma oferta de dinheiro para cumprir o que lhe era pedido, o sargento teria decidido comunicar o fato a seus superiores hierárquicos — e recebido uma punição como prêmio.
As afirmações contidas no documento trazido à luz por Sandro Barboza são gravíssimas, mas não devem aprioristicamente ser tomadas como expressão absoluta do submundo dos quartéis. O fato a estranhar é que elas não geraram nenhuma conseqüência formal. Não há um só inquérito, uma sindicância aberta a partir dos dados coletados pelo investigador do DHPP, apesar de a cúpula da Secretaria de Segurança ter sido informada de seu conteúdo.
Para o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública, as informações seriam facilmente verificáveis. Ali estão apontados nomes, datas, locais e as circunstâncias em que os crimes supostamente foram cometidos.
Até agora, o governo do Estado de são Paulo e a SSP vêm se mantendo em um silêncio letárgico, apesar de todas as tentativas do repórter de ouvir fontes oficiais.
Vídeo da matéria da Rede Bandeirantes de Televisão
Fonte: Blog do Pannunzio
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A Associação Cultural Cecília promove, entre 29 de março e 1º de abril, em São Paulo, o Festival de Cinema das Culturas Árabes e Islâmicas.'
A Associação Cultural Cecília promove, entre os dias 29 de março e 1º de abril, em São Paulo, o “Festival de Cinema das Culturas Árabes e Islâmicas”.
Documentário A Catástrofe, que integra o festival - Foto: divulgação |
O evento mostrará ao público diferentes tradições culturais, com uma seleção de títulos de países como Síria, Palestina, Turquia, Paquistão, Irã, Afeganistão e China. Por meio da exibição de filmes e debates, o Festival pretende contribuir para aprofundar a compreensão sobre o Oriente Próximo, Médio, e povos islâmicos do Extremo Oriente, caracterizados em geral pela mídia ocidental de maneira bastante simplificada.
Os debates contarão com as presenças de Marcia Camargos (jornalista com pós-doutorado em história pela USP); Arlene Clemesha (historiadora e diretora do Centro de Estudos Árabes da USP); Isabelle Somma (jornalista e doutorando em História Social/USP); e Luiz Gustavo Soares (mestrando na USP com projeto sobre História e Literatura no Oriente Médio.
Todos os filmes têm legenda em português, e a entrada é franca. A programação pode ser vista no blog do Festival (Link) http://www.festivaldecinemaarabeislamico.blogspot.com.br/
Serviço:
Festival de Cinema das Culturas Árabes e Islâmicas
De 29 a 1º de abril
Associação Cultural Cecília (Rua Vitorino Carmilo, 449 - Santa Cecília, Centro)
Entrada franca
Filmes e países:
PALESTINA
Os Palestinos de Israel
(The owners of the homeland - 2011– Palestina – 98 min)
Direção: Rawan Damen
Idiomas: Árabe, Hebraico,Inglês
O que significa ser palestino e israelense ao mesmo tempo? Sentir-se sobrecarregado pelo sofrimento dos primeiros e ter no bolso um passaporte do Estado de Israel? Este é um dilema raramente compreensível a qualquer um, exceto ao milhão e meio de cidadãos que tentam encontrar respostas a perguntas irrespondíveis. Muitas vezes ignorada e até mesmo considerada inexistente, esta comunidade é focada pelo documentário que segue sua jornada por 62 anos, desde o estabelecimento de Israel.
Al Nakba I e II (A Catástrofe)
(Al Nakba – 2007 – documentário – Catar – 100 minutos cada parte, total 200 min)
Direção: Rawan Damen
Idioma: Árabe e inglês
Produto de um trabalho inédito de pesquisa rigorosa em arquivos ingleses do período do governo britânico da Palestina (1922-1948), o documentário revela momentos pouco explorados da história palestina, acompanhados de uma reflexão profunda de estudiosos tanto israelenses, como palestinos e ingleses. Aborda, como um todo, o período que vai de 1799 a 1947, denunciando o papel do mandato britânico na colonização da Palestina e a preparação da chamada al nakba, a tragédia do povo palestino. Levanta, em última instância, a noção de que o mesmo processo de expulsão, desapropriação e desenraizamento da população palestina, iniciado em 1947, continuam vigentes até os dias de hoje.
SÍRIA
Inundação no País do Baath
(Toufan fi Balad Al-Baath–2005- Síria – 48 min)
Direção: Omar Amiralay
Idioma: Árabe
Em 1970, um jovem cineasta sírio, mobilizado pelo fervor revolucionário, faz um filmepoema para celebrar os grandes avanços do seu país rumo à modernização. Trinta e cinco anos depois, o diretor Omar Amiralay, já amadurecido, retorna ao local do seu primeiro filme. A barragem, cuja construção descreveu, entrou em colapso, e o mesmo vai acontecer com todas as demais obras de infraestrutura. Na aldeia de Al-Machi, Amiralay olha atônito para o que representa um triste desfecho para o sonho do socialismo árabe. O filme retrata os efeitos devastadores de 35 anos de governo do partido Baath sírio. Um raro exemplo contemporâneo de cinema combinando maestria formal a coragem política.
Um Prato de Sardinhas
(Tabaq al-Sardin ou A primeira vez que ouvi falar sobre Israel - 1997- Israel/ Síria / França – 17 min)
Direção: Omar Amiralay
Idioma: Árabe
A ideia do filme é introduzida pela passagem: “A primeira vez em que ouvi falar de Israel, eu estava em Beirute e a conversa era sobre um prato de sardinhas. Naquela ocasião, eu tinha seis anos de idade e Israel, dois.” Em companhia do produtor Mohammad Malas, o cineasta Omar Amiralay revisita as ruínas da cidade de Al-Qunaytera, na Síria, destruída em 1974, e ocupada por Israel durante sete anos. Sobrou um só edifício: o cinema.
IRÃ
Pergunte ao Vento
(Az Bad Beporsid – 2010 - Irã – 15 min)
Direção: Batin Ghobadi
Idioma: Farsi
Algumas universitárias viajam com a escola de arte a uma aldeia para tirar fotos. Um vento sopra forte e leva embora o véu de uma delas. Desesperada, ela sai correndo atrás do lenço e no trajeto descobre o corpo de um jovem. A polícia é acionada e a partir daí começam os desentendimentos e as perseguições. Este pequeno drama com toques surrealistas é uma crítica à situação da mulher no Irã e ao absurdo do uso compulsório do véu no país.
Todas as Restrições Terminam
(Payane hame ye mahdoodiyatha – 2011 - Documentário – Irã – Cor –30 min)
Direção: Reza Haeri
Idioma: Farsi
Para Baudelaire, a moda é o espelho dos tempos e por isso funciona como metáfora do que acontece em um país. Nesta linha segue o instigante documentário de Reza Haeri, em que se costuram ligações entre as roupas e o mundo muçulmano. Tendo no vestuário seu leitmotiv, o cineasta vai desfiando a história do Irã. Com imagens de arquivo, entrevistas e flagrantes de rua, a narrativa, num formato experimental, revela uma nação que por séculos vem se debatendo entre o Oriente e o Ocidente, presente e passado, liberdade e repressão.
Por Trás da Roda da Vida
(Poshte Farman-e Zendegi – 2008- Documentário – Irã/GB – 26 min)
Direção: Sahar Salahshoori
Idioma: Farsi
Ao volante de seu carro, Nasrin, motorista profissional e mãe solteira na grande cidade caótica de Teerã esforça-se para conquistar sua independência. Esse filme abre uma janela para a luta diária das mulheres no país para conseguir ter uma vida própria, com autonomia e dignidade.
Segunda Voz
(Sedy-e dovom – 2011 – Irã – 40 min)
Direção: Mojtaba Mirtahmas
Idioma: Farsi
Legendas em português
Vinte e quatro anos após a Revolução Islâmica de 1979, a proibição legal ao canto solo feminino no Irã continua a ser questionada. Rumores sobre mulheres que obtiveram permissão de formar duetos encorajaram cantoras a tomar iniciativas para a gravação e lançamento de seus álbuns musicais.
Contagem Regressiva
(Shomaresh-e Makous – 2008 - Documentário – Irã/ GB – 52 min)
Direção: Khatereh Hanachi
Idioma: Farsi
Faça sol ou faça chuva, a vida da jovem Parisa Pouladi gira em torno de um exclusivo objetivo central: estudar para o vestibular. Com 18 anos, ela espera ser admitida em uma faculdade de primeira linha, mas sabe que de todos os candidatos, menos do que a metade vai conseguir passar no exame. Neste filme sensível, a diretora Khatereh Hanachi registra a luta de Parisa, que reflete a de milhões de jovens iranianas da sua faixa etária.
EGITO
Estrada para o 25 de Janeiro
(Road to January 25 – 2011 – Documentário – Egito – 50 min)
Direção: Rawan Damen
Idioma: Árabe
Enquanto acontecia a revolução, esse trabalho pioneiro documentou os esforços para impulsionar e organizar o movimento de protestos. Como 1300 jovens reunidos via Facebook levaram a cabo uma campanha contra a tortura policial? Como conseguiram aglutinar 70 mil egípcios no mundo cibernético em apenas duas semanas e estabelecer 25 de janeiro como o “dia 1” de uma revolução de alcance nacional?
AFEGANISTÃO
A Noiva Afegã
(Aroos-e-Afghan – 2003 – Irã - 85min)
Direção: Abolghassem Talebi
Idioma: Farsi
Elenco: Hossein Yari, Noora Hashemi, Mohsen Hosseini, Kevamat Roodsaz
Um professor, preso por suas objeções à política talebã de restringir a educação às mulheres, é libertado quando todos já prensam que está morto. Ao descobrir que o pai de sua noiva irá casá-la com outro, inicia uma jornada pela reconquista pela mulher amada. Baseado em uma história real.
CHINA
Na Corda Bamba
(On a Tightrope - 2007 - Canadá/Noruega - 72min)
Direção: Petr Lom
Idioma: Uighur
Os uighurs são uma minoria muçulmana da China de cerca de 8 milhões de pessoas, submetidos a uma política de assimilação cultural para prevenir o separatismo na região de Xinjiang.
IÊMEN
O Artesão
(Saana’Alhadaia –2011- Ficção – Iêmen– Cor – 40 min)
Direção: Ziryab Al-Gharbi, Abdurahman Hussain
Idioma: Árabe
Um fabricante de bombas, que leva uma vida obscura e sem esperanças, vê-se diante de uma experiência que o faz questionar sua atividade. Por meio desta parábola, o diretor discute as perspectivas de mudança e melhoramentos para seu país, o Iêmen, enquanto os protestos continuam.
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- Andrea
Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas, Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira
Será realizado neste domingo (1º), em São Paulo, o desfile do Cordão da Mentira. Composto por coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas de diversos grupos e escolas da capital paulista, o Cordão da Mentira questionará quem e quais são os interesses que bloqueiam uma real transformação da sociedade brasileira.
O desfile ocorrerá no Dia da Mentira e do Golpe Militar de 1964. A concentração será às 11h30, na frente do Cemitério da Consolação.
Leia, a seguir, o manifesto das entidades que compõem o Cordão da Mentira:
MANIFESTO
“Quando vai acabar a ditadura civil-militar?”
Dizem que quando uma mentira é repetida exaustivamente, ela se torna verdade. Dizem também, que é como farsa que o presente repete o passado. Por isso, vamos "celebrar" a farsa, a mentira e sua repetição exaustiva.
No dia da mentira de 1964, ocorreu o golpe que instituiu a ditadura civil-militar. Dizem que ela acabou. Porém, a maior ilusão da história brasileira repete-se. A ditadura civil-militar se fortalece no golpe de Primeiro de abril 1964 e, até hoje, ninguém sabe quando vai acabar! Nós vamos celebrar.
No dia primeiro de abril, abram alas para o Cordão da Mentira!
Quando admitimos que os crimes do passado permaneçam impunes, abrimos precedentes para que eles sejam repetidos no presente. Com a roupagem indefectível da democracia, da constituição, do direito à livre manifestação, o Estado continua executando os seus inimigos e calando de uma forma ou de outra aqueles que pensam e atuam em favor da tolerância, em favor da utilização dos espaços públicos de maneira respeitosa e saudável. Em nome da manutenção da produção e do consumo ostensivo vivemos o estado de exceção como regra e o direito conquistado de ir às urnas acaba apenas legitimando o que é uma verdadeira licença para calar, reprimir, matar.
Afinal:
Quando vai acabar o massacre de pobres nas periferias?
Quando os corpos do passado serão encontrados e dignamente reconhecidos em suas lutas?
Quando as armas dos militares deixarão de ser o signo do extermínio?
Até quando o dinheiro de poucos financiará o silêncio de muitos?
Até quando ouviremos o ronco dos Caveirões, Fumanchús e das Kombis genocidas?
Lembremos Pinheirinho, Eldorado do Carajás, Araguaia e as Ligas Camponesas! Casos que podem ser vistos como exemplos históricos do nosso tempo para a compreensão do processo pelo qual o Estado colocou a especulação imobiliária, a propriedade privada e a lucratividade acima da vida. Nada pode ser mais valorizado do que a vida. Somente um Estado calcado em mentiras pode favorecer essa inversão de valores.
Lembremos Mariguela, Pato N´Água, Herzog e os 492 executados em São Paulo em Maio de 2006! Personlidades anônimas ou conhecidas exterminadas pelas práticas autoritárias que resolvem suas contradições à bala.
Hoje, uma simples Comissão da Verdade - que apenas pretende investigar a história - levanta os fantasmas do passado, ocultos nas sombras da Lei de Anistia. Façamos então um Cordão da Mentira! Celebremos com a força dos batuques a farsa que une presente, passado e futuro.
Vivamos nossa balela! Enquanto isso, ditadores são julgados e condenados por seus crimes em terras argentinas, chilenas e uruguaias. Falemos outra língua: a gramática do engodo com o sotaque do esquecimento. Entremos na contramão da história!
Risquemos da memória que alguém pagou pra ver até o bico espumar no choque agudo das genitálias! Exaltemos os gozos pervertidos de empresas e seus braços armados, irmãos de sangue do torturado. Lembremos as mãos limpas que aplaudem as sessões de sofrimento. Pois o que vale é a fábula da tradição, assassina de famílias, com a maior propriedade!
Povoemos os porões do imaginário, com tudo aquilo que a ditadura encarcerou na sua cultura! Levemos pra lá o samba dos cordões, as imagens censuradas, as bocas amordaçadas. Fantasiemos as ruas com seus símbolos de opressão! Enganemos a todos com as farsas de nossa história!
Neste Primeiro de Abril, façamos a Mentira responder: Quando vai acabar a ditadura civil-militar?
Grupos que apoiam o Cordão:
- Bloco Carnavalesco João Capota Na Alves
- Buraco d'Oráculo
- Cia. Estável de Teatro
- Coletivo Dolores Boca Aberta
- Coletivo Merlino
- Coletivo Os Aparecidos Políticos
- Coletivo Político Quem
- Coletivo Zagaia
- Comboio
- Comitê Paulista de Verdade Memória e Justiça
- Engenho Teatral
- Estudo de Cena
- Grupo Folias
- Grupo Tortura Nunca Mais/SP
- Kiwi Companhia de Teatro
- Luta Popular
- Mães de Maio
- Ocupa Sampa
- Projeto Nosso Samba de Osasco
- Rua do Samba Paulista
- Samba Autêntico
- Sarau do Binho
- Sarau da Vila Fundão
- Tanq_ ROSA Choq_
- Tribunal Popular
Fonte: Brasil de Fato.