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Os deputados federal Ivan Valente e estadual Carlos Giannazi solicitaram, nesta sexta, acesso aos contratos da Alstom com o Metrô de São Paulo. A multinacional está sendo investigada por suspeita de ter pago propina para obter contratos no Brasil.
Diante das informações sobre possíveis irregularidades ventiladas na imprensa nacional e internacional em relação a contratos assinados pela multinacional Alstom e o Metrô de São Paulo, os deputados federal Ivan Valente e estadual Carlos Giannazi, do PSOL, solicitaram acesso aos contratos da multinacional junto ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O requerimento, protocolado nesta sexta (9), pede acesso a todos os contratos desde 1990, assinados com o Metrô e também com outras empresas públicas vinculadas ao governo paulista.
De acordo com reportagem publicada no jornal The Wall Street Journal e reproduzida pelo Valor Econômico de 6 de maio, a empresa está sendo investigada na Suíça e na França por suspeita de ter pago propina para obter contratos no Brasil e em outras partes do mundo. Entre as possíveis irregularidades, uma delas envolve o pagamento de 6,8 milhões de dólares para ganhar um contrato de US$ 45 milhões com o Metrô de São Paulo.
"Em face da gravidade das denúncias, e ainda, de outras notícias correlatas de envolvimento da Alstom em negociações escusas no Brasil, a análise minuciosa dos referidos contratos é fundamental", afirmou o deputado federal Ivan Valente. Para o deputado estadual Carlos Giannazi, essas informações são essenciais para o exercício parlamentar de fiscalização, uma vez que a empresa inclusive faz parte do Consórcio Via Amarela, responsável pela execução da linha 4 do Metrô.
Mais informações para a imprensa:
Márcio Bento - (Assessoria do deputado Ivan Valente) - (11) 5081-7563 ou 9815-7967
Eduardo Olimpio - (Assessoria do deputado Carlos Giannazi) - (11) 9409-0481
Deputado Federal Ivan Valente-Psol SP - http://www.ivanvalente.com.br/
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A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) manifesta indignação ética pelo resultado do Tribunal do Júri, em Belém, absolvendo, pela maioria dos votos dos jurados, o acusado de mandante do assassinato da Irmã Dorothy Stang. O fato aumenta a preocupação da CNBB com a vida de todos os ameaçados(as) de morte no Pará, entre os quais estão nossos três bispos: Dom José Luiz Azcona, Dom Erwin Kräutler e Dom Flávio Giovenale. Estamos informados que o Ministério Público do Pará apelou da sentença, mostrando que o resultado do veredicto é incompatível com as provas dos autos.
Solidarizamo-nos com a Congregação Notre Dame de Namur, com os familiares da Irmã, com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) - que criou o Comitê Dorothy -, com a Prelazia do Xingu e esperamos que este resultado não intimide a luta em favor da verdade e da justiça.
Pedimos a luz do Espírito Santo, nesta semana de preparação da festa de Pentecostes, para que as autoridades do Tribunal de Justiça do Pará recuperem a justiça, erradicando a impunidade que estimula a violência.
Expressamos todo nosso estímulo ao trabalho das comunidades de Anapu/PA, que continuam a missão da Irmã Dorothy, denunciando os crimes agrários e ambientais, e anunciando a esperança que não engana.
"Felizes os que promovem a paz. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça", nos diz Jesus Cristo.
Brasília-DF, 08 de maio de 2008,
Dom Luiz Soares Vieira, Arcebispo de Manaus, AM.
Pela Presidência da CNBB.
Publicado no site da CPT (Comissão Pastoral da Terra).
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A decisão do Júri Popular, realizado em Belém do Pará nos últimos dias 5 e 6 de maio, que absolveu Vitalmiro Bastos de Moura (Bida) - um dos acusados do assassinato da Irmã Dorothy Stang em 12 de fevereiro de 2005 - evidencia mais uma vez a impunidade garantida aos mandantes de crimes contra trabalhadores rurais e defensores de direitos humanos no Pará. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, nos últimos 36 anos 800 trabalhadores rurais foram assassinados no Pará e Bida era, até ontem, o único mandante preso.
A demora em processar os responsáveis pelo assassinato de Dorothy foi decisiva no processo de construção da impunidade, abrindo a possibilidade dos mandantes cooptarem os pistoleiros e o intermediário do crime. Essa estratégia dos mandantes fica evidente na constante mudança de depoimentos dos réus. Rayfran das Neves, réu confesso, mudou seu depoimento 14 vezes. Amair Feijóli da Cunha (Tato), condenado como intermediário do crime, também mudou seu depoimento em relação ao primeiro júri, alegando a própria inocência e a de Bida. No entanto, Vitalmiro Bastos de Moura responde ainda à Justiça Federal por crimes ambientais e por manutenção de trabalhadores rurais em condições análogas às de escravos.
O resultado do Tribunal do Júri demonstra também a importância de que casos emblemáticos de violações de direitos humanos sejam federalizados, isto é, que tanto a apuração como o processamento do caso sejam realizados pela Polícia Federal e Justiça Federal, respectivamente, de modo a impedir que autoridades judiciárias e júri fiquem suscetíveis às pressões dos grupos poderosos locais. Vale lembrar que o pedido de federalização do caso Dorothy Stang foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As constantes mudanças de depoimentos e a forma como a defesa dos acusados foi estruturada, reforçam a urgência em se realizar uma investigação rigorosa sobre a existência de consórcio entre fazendeiros, em uma estratégia que vem garantindo ao longo de décadas vantagens financeiras para intermediários, pistoleiros, facilitação de fugas e a absolvição de mandantes. Exemplo emblemático dessa situação é o caso do assassinato do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, José Dutra da Costa (Dezinho) em 2000. Até o momento, apesar de muitas evidencias, dois acusados de serem os mandantes foram impronunciados pelo crime e o pistoleiro está foragido depois de ter fugido do presídio no início desse ano.
A Justiça Global, Terra de Direitos, Centro Luiz Freire, Campanha Reaja, a Associação de Familiares de Presos e Presas da Bahia e o Coletivo de Entidades Negras (CEN), organizações que integram o Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, rechaçam veementemente os ataques feitos pela defesa dos réus à imagem da irmã Dorothy Stang de forma a desqualificá-la, e aos trabalhadores rurais, associando-os a bando em uma evidente tentativa de criminalização.
A impunidade garantida ao fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura gera ainda um clima de insegurança para os defensores de direitos humanos que se encontram ameaçados de morte no Pará, a exemplo de D. Erwin Krautler, Frei Henri des Rozieres, Maria Joel Dias da Costa, José Soares de Brito, Ivete Bastos, entre tantos outros. Também é urgente que se investiguem as ameaças anônimas recebidas, via telefone, pelo Promotor Público, Edson Souza, responsável pela acusação dos réus.
O Ministério Público, dentro de suas atribuições legais, deve recorrer imediatamente da decisão de absolvição de Bida e o Tribunal de Justiça do Pará, julgar com a maior brevidade possível esse recurso, para que um novo júri possa ser realizado, garantindo inclusive lisura no julgamento de Regivaldo Galvão (Taradão), outro acusado de ser mandante do assassinato de Dorothy Stang.
Vale ressaltar que a problemática que envolve os conflitos e a violência no estado do Pará está fortemente associada à concentração da propriedade da terra, inclusive feita através da apropriação ilegal de terras públicas (grilagem). Essas violações vão desde a negação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, com a destruição dos recursos naturais, até a expulsão violenta e prisões de trabalhadores rurais, ribeirinhos, extrativistas, indígenas, populações tradicionais que ocupam a terra há muitas décadas. As violações agravam-se com as práticas de trabalho escravo e culminam na sistemática de assassinatos de trabalhadores rurais e lideranças, como aconteceu com Doroty Stang.
Nesse sentido, defendemos que o combate à grilagem de terras deve ser uma medida permanente, com a retomada das terras públicas do estado e do governo federal, de forma que possa garantir um processo de reforma agrária que atenda os interesses dos trabalhadores rurais, tornando-os menos vulneráveis às violações de direitos humanos. Defende também que sejam protegidos os defensores de diretos humanos ameaçados, com a ampliação e o fortalecimento do Programa de Proteção aos defensores de direitos humanos.
8 de maio de 2008
Justiça Global
Terra de Direitos
Centro Luiz Freire
Campanha Reaja
Associação de Familiares e Amigos de Presos e Presas da Bahia
Coletivo de Entidades Negras (CEN)
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As entidades abaixo assinadas vêm a público alertar para o risco de retrocesso na garantia dos direitos das comunidades quilombolas. Após serem alvo de intensos ataques veiculados pela imprensa que questionou a legitimidade de seus direitos e sua luta, os/as quilombolas correm o risco de terem seus direitos territoriais cerceados por meio da aprovação de nova instrução normativa que altera o texto da Instrução Normativa 20/2005 do Incra, que estabelece o procedimento administrativo para identificação e titulação dos territórios quilombolas.
A justificativa dada pelo governo para a modificação da instrução vigente baseia-se na necessidade de evitar que iniciativas em curso, junto ao Judiciário e ao Congresso Nacional, suspendam ou anulem o Decreto 4.887/2003 que regulamentou o processo administrativo de reconhecimento dos direitos territoriais previstos no Art. 68 do ADCT da Constituição Federal.
A proposta de nova instrução elaborada pelo governo regride em relação ao estabelecido na IN Incra 20/2005 quanto às concepções sobre identidade quilombola e conceito de território, aos mecanismos para concertação de interesses de Estado e à solução de conflitos que se sobreponham aos territórios quilombolas, à efetividade e celeridade processuais para obtenção do título de propriedade.
Discordamos que a solução para enfrentar as ameaças em curso seja retroceder na garantia de direitos por meio da alteração da instrução normativa do Incra. Na defesa das normas vigentes, temos recentes decisões do Judiciário que reconhecem a auto-aplicabilidade do artigo 68 do ADCT da Constituição Federal e a constitucionalidade do Decreto 4.887/2003.
Preocupado em cumprir a determinação de consulta prévia estabelecida pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, o governo federal convocou uma consulta aos quilombolas entre os dias 15 a 17 de abril, em Luziânia, Goiás, para discutir a nova norma.
Mesmo discordando do conteúdo proposto para a nova instrução e do procedimento pouco democrático de sua elaboração que não envolveu a sociedade, os quilombolas por meio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) aceitaram participar de consulta. Cerca de 250 quilombolas e 12 assessorias participaram do encontro, reafirmando o caráter deliberativo do evento e apresentando propostas concretas para a nova instrução normativa.
Ressaltamos que a Convenção 169 da OIT determina no seu Art. 6º(2) que: "a consulta deverá ser efetuada com boa fé e de maneira apropriada às circunstâncias, com o objetivo de se chegar a um acordo e conseguir o consentimento acerca das medidas propostas". No entanto, foram poucos os dispositivos consensuados entre governo e quilombolas.
A maioria das propostas de alteração da atual IN Incra 20/2005 sugeridas pelo governo não obtiveram o consentimento dos quilombolas. Por outro lado, as mais importantes propostas dos quilombolas não foram acatadas tais como: a não obrigatoriedade da certidão da Fundação Cultural Palmares para início do processo de titulação e a adequação dos quesitos do relatório destinado a identificar o território a ser titulado.
De acordo com o governo, as propostas de alteração não consensuadas na consulta serão analisadas pessoalmente pelo Presidente da República e os Ministros das pastas afins. Neste sentido, as organizações abaixo assinadas vêm a público reivindicar que as propostas apresentadas pelos quilombolas sejam realmente consideradas e, mais, aprovadas pelo governo federal.
A não observância, pelo governo brasileiro, dos requisitos de validade da consulta estabelecidos pela Convenção 169 da OIT – chegar a um acordo e conseguir o consentimento acerca das medidas propostas – colocará em risco a validade da própria consulta bem como dos resultados que objetivava produzir.
6 de maio de 2008.
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG)
Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia (AATR -Ba)
Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte / Paraná
Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ )
Centro de Cultura Luiz Freire
Centro de Cultura Luiz Freire
Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA)
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES)
Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae (CEPIS)
Centro de Estudos Bíblicos no Rio Grande do Sul (CEBI-RS)
Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA)
Centro pela Justiça e Direito Internacional (CEJIL)
Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos (COHRE)
Comissão Pastoral da Terra - Regional Maranhão
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Comissão Pastoral da Terra Norte Minas
Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP)
Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo - CLASP
Conselho de Leigos da Região Episcopal Ipiranga
Conselho Nacional de Iyálórisás, Egbomys e Ekedys Negras
Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB Regional Sul 1
Coordenação Continental do Grito dos Excluídos/as
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE)
Dignitatis
Educafro
Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE)
Fórum de Mulheres Negras do Estado de São Paulo
Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará
Fórum Estadual de Mulheres Negras/RJ
Grupo Ação, Mobilização e Desenvolvimento - ABAKÊ
Grupo de Estudos Rurais e Urbanos/PPGCS/UFMA
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Grupo de Trabalho sobre Regularização de Territórios Quilombolas em Minas Gerais
GT Ambiente AGB-Rio e AGB- Niterói /Associação dos Geógrafos Brasileiros RJ
GT Combate ao Racismo Ambiental
Instituto de Assessoria as Comunidades Remanescentes de Quilombo (IACOREQ)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
Instituto São Paulo de Cidadania e Política
Instituto Socioambiental (ISA)
Instituto Terramar
Justiça Global
Koinonia Presença Ecumênica e Serviço
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Movimento Negro Unificado - Seção do Rio Grande do Sul
Observatório Negro-Recife/PE.
Organização Consciência Negra do Maranhão (CNEGRA)
ORIASHÉ - Sociedade Brasileira de Cultura e Arte Negra/SP
Rede de Integração Verde
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Meio Ambiente
Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
Terra de Direitos
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A primeira plenária do Fórum Nacional contra a Privatização do Petróleo e Gás, realizada no dia 8/5, na sede do Sindicato dos Petroleiros no Rio de Janeiro, decidiu que todas as entidades que compõem o Fórum assim como os brasileiros e brasileiras que não aceitam a entrega das riquezas nacionais a empresas estrangeiras devem acompanhar de perto as discussões no Congresso sobre a mudança do marco regulatório do petróleo. O assunto já está pautado no legislativo federal.
Em abril, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um requerimento do senador Renato Casagrande (PSB-ES) para a realização de uma audiência pública, destinada a discutir o atual marco regulatório do petróleo. Seria o reconhecimento de que a Lei 9.478/97, editada no governo Fernando Henrique Cardoso, é altamente lesiva aos interesses do país? Basta dizer que, nas concessões feitas a empresas estrangeiras para prospecção do petróleo e gás, a média mundial de participação dos países produtores de petróleo é de 84%. No Brasil, a Lei 9478 estabelece para a União Nacional apenas uma Participação Especial que varia de 10% a 45% (menos da metade da média mundial).
O governo brasileiro já admite a revisão da lei. No entanto, esse debate não está aberto para a sociedade brasileira. E diante das pressões econômicos e dos interesses em jogo, no momento em que as reservas brasileiras já se colocam entre as quatro maiores do mundo - atrás da Arábia Saudita, disputando com Irã e Iraque - cabe perguntar: que mudanças serão essas e a que interesses vão servir?
A audiência pública convocada pelo Senado, que seria realizada no dia 13 de maio, foi adiada, segundo consta, sem data prevista. Mas o Congresso já aponta o dia 20 de maio para iniciar as discussões sobre o marco regulatório. Como participantes da mesa, na audiência que seria realizada em 13/5, estavam convidados o diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, João Carlos de Luca, além de uma representação da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet).
O Fórum Nacional contra a Privatização do Petróleo e Gás entende que só com uma ampla discussão na sociedade e uma campanha de massa, retomando a histórica bandeira "O Petróleo é nosso", esse debate será feito na direção dos interesses da soberania nacional e as riquezas do país serão revertidas em favor do povo brasileiro. Nesse sentido, está marcada uma nova plenária para o dia 29 de maio, na sede do Sindipetro-RJ, a partir das 18 horas. Em pauta, a preparação de um ato-show, marcando o lançamento da campanha junto à sociedade, o lançamento de uma cartilha, um jornal e um abaixo-assinado, que pretende reunir pelo menos um milhão de assinaturas, dirigido ao presidente Lula, às presidências da Câmara e do Senado e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A plenária é aberta a todos os cidadãos e entidades que queiram se somar a essa luta. O Sindipetro-RJ fica na Avenida Passos, 34, no Centro do Rio de Janeiro.
Fonte: Agência Petroleira de Notícias (http://www.apn.org.br/).
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"Como foi que se transformou em prostituta a cidade fiel, possuída
pelo direito? Nela, quem morava era a justiça, agora são os assassinos." Is. 1, 21
O mundo assistiu perplexo a mais um caso de impunidade no Pará. Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, foi absolvido pelo tribunal do júri, em Belém do Pará. Segundo os dados da CPT, em 40 anos de luta e resistência na terra, mais de 800 trabalhadores, lideranças sindicais e sem terra, religiosos e ativistas dos direitos humanos, foram assassinados no Pará. A quase totalidade desses crimes foi cometida por pistoleiros a mando de fazendeiros e madeireiros. Nesse período, apenas 6 mandantes foram julgados e condenados pela justiça paraense, no entanto, nenhum deles permanecem presos. O Poder Judiciário paraense parece ser conivente até mesmo com o descumprimento das penas dos pistoleiros condenados. Nos últimos anos, três pistoleiros condenados por assassinato de lideranças sindicais tiveram suas fugas facilitadas das penitenciárias estaduais. O último foi Welinton de Jesus, condenado a 29 anos de prisão, pelo homicídio do sindicalista Dezinho, teve sua fuga facilitada por uma juíza da vara de execuções penais da capital. Fazendeiros mandantes, em geral, grandes proprietários de terras, usam todo o seu poder de influência financeira e política para permanecerem livres e impunes dos crimes juntamente com os executores e intermediários.
A impunidade no Pará, em crimes ligados a posse da terra, se mantém em função da permanência de outros crimes ligados à grilagem de terra, trabalho escravo e exploração madeireira que mantém o poderio e a prepotência de uma minoria de fazendeiros e madeireiros que não abandonaram suas práticas tradicionais de imposição da violência no campo. Soma-se a isso, a inércia dos aparelhos repressores do Estado, que atuam na maioria das vezes, contra os camponeses e na defesa da oligarquia agrária do Pará. De acordo com o monitoramento feito pela CPT, 73,19% dos casos de assassinatos no campo no Estado, não são apurados, 8,11% dos inquéritos policiais não são concluídos e apenas 18,68% dos crimes transformam-se num processo judicial. No entanto, a média de tramitação desses processos está acima dos 10 anos, provocando a prescrição da maioria dos casos.
A absolvição do fazendeiro Vitalmiro é vergonhosa, pois durante toda a investigação policial e judicial, ficou devidamente provado que Bida e Regivaldo prometeram 50 mil reais para que Raifran assassinasse a missionária. Fato que ensejou na condenação de Bida no primeiro julgamento, a 30 anos de prisão. Durante o último júri, absolveu-se o fazendeiro e ficou provado pelo promotor de justiça e os advogados assistentes de acusação que o pistoleiro Raifran e o intermediário Amair, mudaram seus depoimentos, comprados por mais de 100 mil reais. Prometeram 50 mil para assassinar Dorothy e pagaram mais de 100 mil para que mudassem seus depoimentos e Bida fosse absolvido. O Estado e o Poder Judiciário precisam urgentemente apurar essa denúncia e punir os responsáveis por mais esse crime, pois a impunidade estimula a continuidade da violência.
A absolvição do fazendeiro Bida, se insere no conjunto de violência que nas ultimas décadas vem se alastrando na Amazônia contra a floresta e os povos que nela habitam. Não nos esquecemos do assassinato de Pe Josimo, Chico Mendes, massacre de Corumbiara, Eldorado e tantos outros, que ainda clamam por Justiça! Preocupa-nos a situação de ameaças constantes de morte contra bispos, padres, sindicalistas, indígenas, etc que se vêem obrigados a andarem protegidos por policiais militares para não serem assassinados por pistoleiros a mando de madeireiros e fazendeiros. A absolvição do fazendeiro agrava ainda mais essa situação aumentando a insegurança daqueles que defendem a floresta e os direitos dos camponeses.
Clamamos pelo fim da impunidade e re-afirmamos o nosso compromisso pela Reforma Agrária e pela distribuição da terra e da renda que possa garantir alimento e vida e, esperamos confiantes que o Tribunal de Justiça do Estado do Pará, corrija o equívoco cometido pelo corpo de jurados que contrariou flagrantemente as provas existentes no processo e fará restabelecer a JUSTIÇA em relação ao assassinato da missionária Dorothy Stang.
Belém, 08 de maio de 2008.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Norte 02 (Cáritas Regional Norte 02, Comissão Pastoral da Terra, Comissão Justiça e Paz, Pastoral do Menor, Conselho Indigenista Missionário, Pastoral da Criança, Comunidades Eclesiais de Base, Pastoral da Juventude, Pastoral da Comunicação, Pastoral da Juventude Rural, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral Carcerária)
Comitê Dorothy
Conferência dos Religiosos do Brasil
UNIPOP – Instituto Universidade Popular
FAOR – Fórum da Amazônia Oriental
FASE – Federação de Órgão para Assistência Social e Educacional
ABONG – Associação Brasileira de ONG´s
SDDH – Sociedade Paranaense dos Direitos Humanos
Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira
Comitê de Defesa da Vida das Crianças de Altamira
Fórum Popular de Altamira
Fórum Dorothy Stang de Direitos Humanos
Mutirão pela Cidadania
GTA Regional Xingu
Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado do Pará
Maiores informações: José Batista Afonso - coordenação nacional da CPT e um dos advogados de acusação do caso Dorothy (94 3321-2229 / 94 9136-0253)
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O MST (Movimento Sem Terra) assinou nota de apoio à retirada dos invasores da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, nesta quinta-feira (08/05). Os fazendeiros contestam a homologação da demarcação da área pelo governo Lula, em 2005, e pretendem impedir a reserva contínua da área.
A área foi identificada como território indígena pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em 1993, com a mesma extensão atual e depois foi demarcada administrativa e fisicamente durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1998).
"A quase totalidade de não-índios que chegaram a ocupá-la de boa fé foi indenizada ou reassentada e a resistência à desintrusão da área se reduz a um pequeno grupo de arrozeiros, que se instalou ao sul da Terra Indígena no início dos anos 1990 e ampliou sua área de produção, mesmo sabendo tratar-se de terras de propriedade da União", diz a nota.
O ministro-relator das 33 ações que tratam do assunto no STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto, deve concluir seu voto até o fim de semana. Segundo ele, o esforço será para que o tema seja julgado pela Suprema Corte ainda neste mês.
Abaixo, leia a nota assinada por mais de 30 entidades.
NOTA
À RETIRADA DOS INVASORES DA TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO SOL
E À PRESENÇA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO EM RORAIMA
Em vista do debate que vem ocorrendo no STF e pela mídia acerca da demarcação e da desintrusão da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, os abaixo-assinados têm a declarar o seguinte:
1. Desde a colônia, reconhecem-se os direitos dos índios sobre suas terras, direitos que figuram também em todas as constituições brasileiras desde 1934. Desde a colônia também, os interesses econômicos e a cobiça de territórios encontraram subterfúgios para elidir a aplicação dessas leis. É por causa dessa cobiça que as populações indígenas mais numerosas se encontram para além da antiga fronteira econômica, tendo sido dizimadas nas regiões de antiga colonização.
A Constituição de 1988 explicitou os direitos dos índios sobre suas terras e afirmou o caráter originário desses direitos. É inconcebível que neste novo milênio, se recorra outra vez a casuísmos para expulsar os índios das áreas que passaram a ser cobiçadas, repetindo assim práticas que deveriam nos envergonhar.
2. A ocupação tradicional indígena sobre a extensão integral da Terra Indígena Raposa Serra do Sol é comprovada por copiosa documentação histórica e foi determinante para a definição da fronteira brasileira com a Guiana. Mais de 18 mil índios Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e Patamona vivem nessa área, organizados em mais de uma centena de comunidades, que praticam suas línguas e costumes.
3. O processo de demarcação dessa terra se desenvolve desde o fim dos anos 1970. Foi identificada pela Funai em 1993, com a extensão atual, depois foi demarcada administrativa e fisicamente durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1998) e finalmente homologada pelo governo Lula em 2005, tendo sido rejeitadas todas as contestações apresentadas.
4. A quase totalidade de não-índios que chegaram a ocupá-la de boa fé foi indenizada ou reassentada e a resistência à desintrusão da área se reduz a um pequeno grupo de arrozeiros, que se instalou ao sul da Terra Indígena no início dos anos 1990 e ampliou sua área de produção, mesmo sabendo tratar-se de terras de propriedade da União.
5. Não existe nenhuma cidade instalada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, mas apenas uma vila, com a quase totalidade da população atual sendo indígena. A Vila Surumu foi criada por fazendeiros que já saíram da Terra Indígena e falta apenas a Funai indenizar 11 moradores não-índios. A vila de Uiramutã, sede do município de mesmo nome, criado em 1995, foi excluída da Terra Indígena em 2005. A maior parte dos habitantes da sede deste município são moradores da aldeia indígena Uiramutã. Havia três bases de garimpo chamadas Socó, Mutum e Água Fria, as quais, com a retirada dos garimpeiros em 1994, passaram a ser reocupadas por indígenas. A Funai indenizou e retirou todos os não-índios e hoje essas localidades estão totalmente integradas às aldeias.
6. As terras indígenas são bens de propriedade da União, indisponíveis e inalienáveis, e hoje prestam relevantes serviços ambientais ao País, ao proteger as florestas contra o avanço do desmatamento, que destrói as fontes de água, altera o regime de chuvas e elimina a biodiversidade.
7. A Constituição preconiza a harmonia entre o pleno reconhecimento dos direitos indígenas e a presença do Estado nas Terras Indígenas, inclusive para a promoção da defesa nacional em áreas situadas em faixa de fronteira, que diz respeito à indispensável proteção do território e da própria população indígena. Hoje há bases militares em várias terras indígenas, inclusive em Raposa Serra do Sol, e parte significativa dos soldados é indígena.
8. Raposa Serra do Sol não é a única e nem a maior Terra Indígena situada em faixa de fronteira; a demarcação dessas terras contribuiu para a regularização fundiária, reduziu conflitos e não criou qualquer dificuldade para a atuação do Estado, e das Forças Armadas em particular, mesmo em regiões mais críticas, como a fronteira com a Colômbia.
9. Nunca surgiu em nenhuma Terra Indígena qualquer movimento que atentasse contra a integridade do território nacional, nem qualquer ação insurgente contra o Estado brasileiro.
10. A área de Raposa-Serra do Sol representa 7,7% do território de Roraima, sendo que uma parte com dupla destinação (área de conservação e terra indígena). O status de Terra Indígena reconhecido em 46,13% do território de Roraima tem razões históricas decorrentes da ocupação imemorial e não é discrepante da representação efetiva da população indígena no âmbito da população rural do estado.
11. O processo de demarcação de uma Terra Indígena não cria nada, apenas reconhece e protege uma situação de fato, qual seja, a ocupação tradicional indígena de um território. Todos os povos indígenas que habitam os locais onde hoje se encontram as fronteiras brasileiras já estavam ali muito tempo antes de elas serem politicamente estabelecidas.
12. A existência de terras federais com destinações específicas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação federais) em Roraima não impede a sua governabilidade e o exercício de direitos pelos demais segmentos da sociedade local sobre o seu território. Excluídas essas terras federais, Roraima ainda conserva extensão superior à do estado de Pernambuco, onde vive uma população dez vezes maior.
Por tudo isto, os signatários esperam que o STF não tarde a se pronunciar sobre o caso, encerrando essa polêmica que prolonga conflitos desnecessários, reafirmando a plenitude dos direitos constitucionais indígenas e a sua harmonia com os interesses nacionais.
Assinam,
Ação Educativa
Articulação de Mulheres Brasileiras
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG)
Associação Nossa Tribo - SP
Associação Terra Laranjeiras (ATLA), SP
Centro de Cultura Luiz Freire, PE
Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
Comissão Ecologia e Ação (ECOA)
Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia
CONECTAS Direitos Humanos
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Conservation International
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Fala Preta - Organização de Mulheres Negras
FASE
Fórum em Defesa dos Direitos Indígena (FDDI)
Forum Nacional de Mulheres Negras
Greenpeace
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
Instituto Ethos
Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB)
Instituto Socioambiental (ISA)
Instutito Centro de Vida (ICV), MT
Justiça Global
Oficina Escola de Lutheria da Amazônia
Saúde e Alegria
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC)
Terra de Direitos
MST - MOVIMENTO SEM TERRA
Informações à imprensa
Maria Mello - 61-8464-6176
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- Chico Alencar
Houve tempo em que a presença de uma nave bélica dos Estados Unidos da América fundeada em nossas águas territoriais provocava toda sorte de protestos, pois simbolizavam - e, creio, ainda simbolizam - o poder imperial de quem, desde a doutrina do big stick de Teodoro Roosevelt, tem se notabilizado pela ingerência e violência contra os povos que lutam por sua liberdade.
Houve tempo em que naus estadunidenses aqui estiveram para dar cobertura a um golpe militar (Operação Brother Sam) que infelicitou nosso país durante mais de 21 anos.
Sou do tempo em que se queimava a bandeira dos EUA não para afrontar seu povo, mas para protestar contra governos que estiveram por trás das ditaduras militares – e que, recentemente, tentam impor sua pax americana aos povos do Iraque e do Afeganistão.
Por isso, saber que está fundeada em nosso mar territorial a belonave mais poderosa da armada mais poderosa do mundo, com todo o seu arsenal de armas nucleares, helicópteros, bombardeiros, causa mais repulsa e estranheza. Estranheza porque se trata de uma operação de exercícios navais na qual participa o nosso país, ao lado da Argentina, com o nosso vizinho do Norte. Estranheza porque o comandante estadunidense, almirante Cullom, diz que a presença do "George Washington" traz uma mensagem política: "a de união entre os países que são responsáveis pela segurança da região", colocando o Brasil numa posição subalterna de auxiliar do país que se pretende xerife do universo.
Estranheza, porque, nesse momento, a não ser a voz solitária do Secretário do Ambiente do meu estado, Carlos Minc, não tenha ouvido nem lido nenhuma palavra de protesto ou de estranheza quanto a esse fato.
Onde estão os "patriotas" que, aparentemente preocupados com nossas fronteiras, se insurgiram contra a demarcação de terras indígenas em Roraima? Que são dos nacionalistas que reclamam contra a posição do novo presidente do Paraguai, que quer uma revisão do tratado de Itaipu? São valentes contra índios e paraguaios, e covardes diante do poderio da águia americana? Ou é um patriotismo de ocasião que fecha os olhos à nossa posição de subalternidade frente ao império? É por isso que apresentamos requerimento solicitando aos Ministros de Estado do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa e do Ministério das Relações Exteriores, informações relativas à presença do porta-aviões USS George Washington - CVN 73 em águas territoriais brasileiras, no que tange: a) à autoridade que liberou a presença do referido porta-aviões em águas brasileiras e a base legal da referida autorização; b) ao tempo em que o porta-aviões permanecerá e território brasileiro, c) às informações de quantitativos de armas existentes no porta-aviões, inclusive de armas atômicas e da realização de aferição, pela autoridade brasileira, das informações prestadas pelo comandante do referido porta-aviões; d) à constitucionalidade das atividades que serão desenvolvidas em território brasileiro pelo referido porta-aviões; e) às medidas de segurança nacional adotadas, inclusive as relativas à preservação do meio-ambiente em razão de eventual vazamento de carga radioativa. Nosso requerimento se justifica, fundamentalmente, nos termos da Constituição Federal, tanto em seu art. 21, inciso XXIII, alínea "a", quando expressamente dispõe que "toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional", como pelo art. 4º., que estabelece, dentre os princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil, estão: IV - a não- intervenção; VI - a defesa da paz; e VII - a solução pacífica dos conflitos.
Abaixo o imperialismo de George W. Bush. Fora o George Washington das águas brasileiras.
Publicado originalmente na revista Caros Amigos.
Chico Alencar é professor de História e deputado federal (PSOL-RJ).
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O trânsito e a qualidade do ar na cidade têm sido as maiores queixas dos paulistanos nos últimos tempos. Além da população, que sofre com o aumento do número de doenças respiratórias, acidentes e níveis de estresse, as empresas também estão sentindo as conseqüências do caos em que vivemos. Com o objetivo de tentar melhorar esse quadro, a SOBRATT - Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades, em parceria com a Soma Agência de Comunicação Sustentável, propõe ações que diminuam a necessidade de locomoção na cidade como um todo e principalmente nos horários de pico, ajudando a desafogar o trânsito e a melhorar a qualidade do ar.
A princípio, o projeto previa o envolvimento de diversos atores da sociedade para atingir todos os principais focos do problema. Mas, após discussões em dois encontros promovidos nas últimas semanas, decidiu-se focar as propostas na questão do trabalho, da comunicação e das empresas. Nos dois eventos, foi levantada a importância da quebra de paradigmas e algumas mudanças de comportamento, tanto de cidadãos como do poder público e das empresas, em prol da qualidade de vida em São Paulo.
O projeto final será apresentado no I Fórum Nossa São Paulo, que acontece entre os dias 15 e 18 de maio, como proposta para o Grupo de Estudo sobre mobilidade urbana. A idéia principal é trazer novas opções de organização do trabalho, incluindo flexibilidade de horário e programas de trabalho à distância. "A maioria das pessoas entram no trabalho entre 8h e 9h e saem entre 17h e 18h. Horários alternativos já desafogariam as principais vias de centros empresariais, como Berrini e Paulista, por exemplo", destaca Ana Manssour, presidente da SOBRATT.
Com o acesso à tecnologia, também é possível que muitas pessoas trabalhem em suas próprias casas, diminuindo a necessidade de locomoção na cidade. "A legislação brasileira já dá suporte para este tipo de trabalho e muitas empresas já aderiram a essa idéia", afirma Ana, que também ressalta a conseqüência na revitalização dos bairros e movimentação da economia local. "As pessoas passariam a fazer compras perto de suas casas, o que gera renda a fornecedores locais, ampliando assim as possibilidades de crescimento de pequenos empreendedores".
E mesmo quando a opção do Home Office não é viável, é possível criar pólos de trabalho à distância, em diferentes bairros da cidade. Assim, a empresa oferece uma infra-estrutura básica e as pessoas têm a possibilidade de trabalhar em um espaço físico mais próximo da sua casa, sem precisar cruzar a cidade.
Outro aspecto importante da proposta é o incentivo a meios de transporte alternativos. As empresas podem promover um sistema de carona ou providenciar vans e ônibus fretados para os funcionários, bem como instalar bicicletários e vestiários para os ciclistas. "Mas tudo isso deve vir sempre acompanhado de campanhas de comunicação interna voltadas para educar e sensibilizar a todos com relação aos problemas e soluções referentes à questão da mobilidade e qualidade de vida na cidade", afirma Ana Lúcia Berndt, diretora da Soma Agência de Comunicação Sustentável.
Dessa forma, além de ajudar a diminuir o trânsito, as empresas que aderirem às ações propostas pelo projeto Todos por São Paulo obterão resultados positivos em produtividade e bem-estar de seus funcionários e também contribuirão para a diminuição das emissões de gases do efeito estufa, obtendo um ganho de imagem junto à opinião pública. Os ganhos de produtividade têm impacto direto no faturamento e lucratividade das empresas, que, junto com o fortalecimento dos empreendimentos nos bairros geram maior arrecadação para o município. Dessa forma, o poder público amplia suas possibilidades de investimento nas obras viárias necessárias para a fluidez do trânsito paulistano. "Essas ações fortalecem os pilares da sustentabilidade nas organizações, promovendo negócios que são ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Assim, todos saem ganhando, inclusive a cidade", complementa Ana Lúcia.
Para conhecer a proposta completa, participar, aderir, opinar, sugerir ou criticar, envie um e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Mais informações sobre o I Fórum Nossa São Paulo no portal:
http://www.nossasaopaulo.org.br/
Publicado em Envolverde.
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- Andrea
A Coordenação Nacional da CPT que vem acompanhando muito de perto todo o processo em torno ao assassinato de Irmã Dorothy Stang, sobretudo na pessoa de um de seus membros, José Batista Gonçalves Afonso, advogado assistente, vem a público se juntar à perplexidade nacional e internacional diante da absolvição do acusado de ser um dos mandantes do assassinato, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.
Bida, em 15 de maio de 2007, foi condenado a 30 anos de prisão. Menos de um ano depois, outro júri o inocenta. A perplexidade de agora é fruto de não se entender o que se passou neste espaço entre os dois julgamentos.
O que mais chama a atenção é a mudança dos depoimentos tanto de Rayfran das Neves Sales, executor do assassinato, quanto de Amayr Feijoli da Cunha, o Tato, intermediário entre Bida e Rayfran. Rayfran assume agora toda a responsabilidade pelo assassinato como uma ação individual, contradizendo os depoimentos anteriores. Tato, como testemunha, nega ter sido procurado por Bida para intermediar o crime. E é apresentada uma gravação em vídeo em que Tato inocenta Bida de participação, vídeo este que dizem ter sido gravado em 2006, mas que não foi utilizado pela defesa no primeiro julgamento de Bida. Durante o processo, sucedeu-se de uma forma incomum a criação de novas versões dos fatos em diferentes momentos.
Um fato que levanta muitas suspeitas é que a esposa de Tato, Elizabeth Coutinho, afirmou em juízo que recebeu cerca de R$ 100 mil de Bida, por supostas dívidas. E nos autos do processo consta ainda a gravação de uma conversa entre os pistoleiros presos Rayfran e Clodoaldo em que comentam a oferta de R$ 20.000,00 para mudarem seus depoimentos, retirando a responsabilidade dos fazendeiros.
Com esta decisão a impunidade ganha mais uma batalha e se fortalece. É aí que a perplexidade se torna indignação. A CPT tem contabilizado de 1971 a 2007, 819 assassinatos no campo no Pará, sendo que somente 22 destes casos foram julgados, com a condenação de sete mandantes e treze executores. O único mandante que estava preso era Bida que agora, inocentado, está livre.
A imprensa está registrando com destaque as reações a este novo julgamento, reações inclusive do Presidente da República e de membros do STF, preocupados com a imagem do judiciário brasileiro, sobretudo no âmbito internacional.
Mas é bom lembrar que diante da impunidade recorrente, a justiça do Pará sempre foi olhada com muitas reservas. Por isso, no caso do julgamento do assassinato de Dorothy pediu-se ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a federalização do julgamento, como prevê a própria Constituição. O STJ, em 08 de junho de 2005, indeferiu por unanimidade o pedido alegando que "as autoridades estaduais encontram-se empenhadas na apuração dos fatos ... com o objetivo de punir os responsáveis, refletindo a intenção do Estado do Pará em dar resposta eficiente à violação do maior e mais importante dos direitos humanos, o que afasta a necessidade de deslocamento da competência originária para a Justiça Federal". Se num primeiro momento esta assertiva pareceu certa (pois em menos de 10 meses houve dois condenados), agora perde o sentido nesta etapa do processo. Sobram as lamentações.
A promotoria e a CPT como assistente de acusação impetraram junto ao Tribunal de Justiça do Estado a anulação deste julgamento visto que a sentença se contrapõe às provas inscritas nos autos.
A indignação que substituiu o primeiro momento de perplexidade cresce quando se vê que o cumprimento da função social da propriedade, determinada pela Constituição, praticamente nunca é levada em consideração pelos membros do nosso Judiciário; quando os imemoriais e mais que legítimos direitos das populações indígenas são questionados, como aconteceu com a suspensão da retirada dos invasores não-indígenas da área indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, pelo Supremo Tribunal Federal, provocando ações violentas contra os indígenas; quando, 22 anos depois da morte do Pe. Josimo Morais Tavares, assassinado em Imperatriz (MA), em 1986, o ex-juiz João Batista de Castro Neto, acusado de ser um dos mandantes deste assassinato, pela quinta vez consegue se esquivar de comparecer a interrogatório que seria realizado no dia de ontem, 08/05.
Mesmo assim continuamos acreditando que um dia a Justiça vencerá.
Goiânia, 9 de maio de 2008.
A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra
Maiores informações: José Batista Afonso – (94) 3321-2229 ou (94) 9136-0253; Dirceu Luiz Fumagalli – (62) 9977-7279
Assessoria de Comunicação
Comissão Pastoral da Terra
Secretaria Nacional - Goiânia, Goiás
Fone: 62 4008-6406/6412/6400
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A Polícia Militar pretende fazer ação ilegal retirando sem ação judicial cerca de 200 famílias da ocupação Silvério de Jesus que estão acampadas em frente à prefeitura municipal de Embu das Artes.
O ato pacífico do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto) busca reivindicar do executivo municipal dois pontos:
- cumprimento do compromisso de assinar um documento que garante prazo de 45 dias para permanência na área. Já se dispuseram a assinar o presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes, representantes legais da proprietária, Caixa Econômica Federal e Polícia Militar;
- alteração do zoneamento do terreno de zona industrial para ZEIS - Zona Especial de Interesse Social - mediante envio de projeto para a Câmara dos vereadores.
O acampamento está levantado desde o dia 06 de meio e a prefeitura se nega a negociar com o movimento, utilizando a GCM e a Polícia Militar para realizar uma retirada ilegal das famílias do local. Hoje a Polícia militar parece ter cedido a pressão e pretende fazer a ação ilegal que pode levar a confronto com sem-teto.
Coletivo de Comunicação e Imprensa - MTST
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto
Contatos no local: Guilherme – 7810 3196 Juarez – 7340 1028
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Discursos contra o governo e críticas aos sorteios e shows das centrais sindicais marcaram ato na Praça da Sé
Renato Godoy de Toledo
Da redação do jornal Brasil de Fato
Cerca de 3 mil pessoas compareceram à Praça da Sé, no centro de São Paulo, para reafirmar o 1º de maio como um dia internacional de luta da classe trabalhadora. Conlutas, Intersindical, MTST, além de partidos como o Psol, PSTU e PCB, iniciaram o ato político às 10 horas, após a celebração de um culto ecumênico organizado pela Pastoral Operária, na Catedral da Sé.
As falas no ato foram marcadas por críticas ao governo federal e clamaram pelo estancamento de prováveis reformas, como a da Previdência. Outro tema recorrente no ato foi a crítica às celebrações da CUT e Força Sindical, que ocorriam simultaneamente nas zonas sul e norte da capital. Os pontos mais criticados foram a despolitização dos atos, os megashows e os sorteios. A CUT não realizou sorteios.
Após a concentração, os manifestantes caminharam até a Praça do Patriarca, em frente à prefeitura. Lá, ataques à política de "higienização do centro" promovida pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) também fizeram parte das críticas vindas do carro de som.
A apresentação do ato ficou por conta de Édson Carneiro, o Índio, da Intersindical. Em uma de suas intervenções, Índio afirmou que o 1º de maio "não pode ser financiado por bancos, como está acontecendo hoje".
Única presença parlamentar no ato, o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) ressaltou a importância do ato da Praça da Sé, como contraponto aos atos das centrais. "Aqui não tem distribuição de prêmios, nem showzinho de artista famoso. Todos os que estão aqui são de luta", afirmou. Ivan mencionou a importância da redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, tema que foi eleito como principal pauta das centrais sindicais para 2008.
Sobre as mudanças necessárias para os trabalhadores, o parlamentar afirmou que o título de grau de investimento, concedido ontem ao Brasil, pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em nada irá alterar a vida dos trabalhadores. "Só vai haver mudança quando suspendermos o pagamento da dívida pública", defendeu Ivan, que propôs no parlamento uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a dívida pública. A CPI já foi protocolada, mas está atrás na "fila" da agenda da Câmara Federal. O deputado ainda criticou a reforma tributária do governo, que taxa "a renda do trabalhador e o consumo", mas não incide sobre "a propriedade e as grandes fortunas".
Histórico
O aniversário de 40 anos do histórico maio de 1968 foi lembrado por muitos. Ivan Valente resgatou um evento promovido pela ditadura militar na mesma praça da Sé. "Naquele dia, os estudantes colocaram o governador Abreu Sodré para correr e puseram fogo no palanque da ditadura", lembrou. Homenagens aos estudantes Édson Luís e Alexandre Vanucchi Leme, mortos pela ditadura, fizeram parte do discurso de estudantes.
O resgate da tradição internacionalista do 1ºde maio também foi abordado por diversos oradores. A todo momento chegavam ao carro de som informes sobre mobilizações em outros países, como a dos portuários da costa leste dos EUA que realizaram uma paralisação hoje – nos EUA o Dia do Trabalhador não é feriado.
José Maria de Almeida, presidente nacional do PSTU e coordenador da Conlutas, informou aos manifestantes que no Haiti as manifestações do 1° de maio foram proibidas pelas tropas da ONU comandadas pelo exército brasileiro. José Maria pediu uma vaia às tropas e ao governo federal e aplausos para o povo haitiano. Foi atendido.
Representantes da Conlutas e da Intersindical destacaram a importância da unidade de ambas nas lutas contra o governo federal e na disputa de sindicatos "governistas". Ambas as organizações discutem uma possível fusão numa nova central sindical.