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Os 1.149 participantes inscritos do VIII Seminário Internacional sobre Agroecologia e IX Seminário Estadual sobre Agroecologia, reunidos em Porto Alegre durante os dias 20, 21 e 22 de novembro de 2007 para refletir sobre o tema “Sociedade, natureza e impactos: construindo caminhos”, recomendam:
1. Que as políticas públicas voltadas para a promoção dos princípios da Agroecologia sejam fortalecidas e ampliadas nos níveis federal, estadual e municipal, com a inclusão, entre outras ações, de produtos agroecológicos nas compras públicas de alimentos, como a merenda escolar e outras.
2. Que sejam respeitadas as recomendações do Zoneamento da Silvicultura no Rio Grande do Sul, incluindo a realização de estudos de impacto ambiental na decisão sobre a implantação de projetos na área da silvicultura no estado, especialmente o eucalipto no bioma Pampa.
3. Que a CTNBio adote o princípio da precaução na avaliação e decisão sobre a liberação de organismos geneticamente modificados.
4. Que as instituições de ensino, pesquisa e extensão incorporem em suas agendas, programas e projetos de trabalho os princípios da Agroecologia, estimulando o resgate, a investigação, a validação e a multiplicação de tecnologias de base ecológica.
5. Que todos os estados brasileiros realizem Seminários Estaduais de Agroecologia durante o ano de 2008, visando o fortalecimento do enfoque agroecológico e de estratégias que promovam os princípios da Agroecologia, aplicados às distintas realidades regionais e socioambientais.
6. Que o NEAD/MDA faça um estudo sobre o “estado da arte” da transição agroecológica na agricultura familiar do Brasil.
7. Que o Congresso Nacional rejeite a proposta de legislação que prevê a autorização para agrotóxicos genéricos e aumente a tributação sobre a produção e comercialização de agrotóxicos no Brasil.
8. Que a legislação brasileira proteja o direito de uso de sementes e variedades crioulas, assim como a biodiversidade característica de cada um dos biomas existentes no Brasil.
9. Que o MEC, através da SESU e da SETET, incentive a criação de cursos de técnico, tecnólogo, bacharelado e pós-graduação em Agroecologia.
10. Que as redes escolares de 1º e 2º graus disponibilizem em suas bibliotecas livros com enfoque agroecológico, tanto de autores considerados “clássicos” ou precursores da proposta agroecológica como de outros mais recentes.
11. Que os órgãos governamentais apoiem iniciativas de comercialização de produtos agroecológicos, visando a universalização do seu acesso.
Porto Alegre, 22 de novembro de 2007.
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O Conselho do Cimi reuniu-se entre os dias 03 a 07 de novembro de 2007 no município de Luziânia (GO). Neste período realizou uma análise da conjuntura política e indigenista e planejou suas ações para o próximo ano, junto aos povos indígenas e à sociedade nacional.
Constatou, com preocupação, a persistência de um contexto político-sócio-econômico fortemente antiindígena:
1- O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe do segundo mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva, é constituído por diversas obras de infra-estrutura, entre estas hidrelétricas e estradas, que atingem pelos menos 201 territórios e ameaçam a vida de comunidades indígenas, inclusive de 21 povos em situação de isolamento, nunca contatados pela sociedade nacional;
2- No Congresso Nacional, persistem as iniciativas de parlamentares antiindígenas. Exemplo disso são as inúmeras proposições legislativas contra portarias declaratórias e a instalação de comissão especial que discutirá o projeto de lei n.º 1610, do senador Romero Jucá, que pretende regulamentar a mineração em terras indígenas, apesar de haver um acordo no âmbito da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) para que este tema seja tratado no projeto de lei que institui o Estatuto dos Povos Indígenas;
3- O incentivo à produção de agrocombustíveis, especialmente o etanol, tem deflagrado uma corrida pela compra de terras, o que vem bloqueando ainda mais as possibilidades de demarcação dos territórios indígenas e tem potencializado situações de conflito já existentes;
4- O povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, já sofre intensamente com a negação de seus territórios, totalmente invadidos, forçados a sobreviver em áreas reduzidas e superpovoadas, onde imperam a desestruturação das comunidades, os suicídios, os assassinatos, as enfermidades, a mortalidade infantil por desnutrição, o alcoolismo e as drogas;
5- Fazendeiros, usineiros, empresas do agronegócio invasores de terras indígenas pressionam o governo federal e entram com ações judiciais para paralisar procedimentos administrativos de demarcação dos territórios;
6- Lideranças indígenas continuam sendo assassinadas em várias regiões do país, até o início do mês de novembro do corrente ano, foram assassinados 58 índios, sendo 36 deles no estado do Mato Grosso do Sul;
7- Aldeias indígenas têm sido atacadas por bandos armados a mando de madeireiros, agredindo comunidades, queimando casas e assassinando pessoas;
8- O atendimento à saúde indígena continua caótica em muitas regiões do país, o que tem aumentado os índices de doenças como hepatite, malária, tuberculose e parasitoses;
9- A Funai continua sem recursos humanos, materiais e financeiros para atendimento às comunidades indígenas.
Apesar de toda esta situação, constatamos, com esperança, que a força e as lutas das comunidades indígenas têm se intensificado através das articulações entre povos e organizações indígenas, assim como as alianças desses povos com movimentos sociais e outros setores da sociedade nacional. Exemplos dessas ações são:
1- Retomadas de territórios e retirada de invasores das terras tradicionais em todas as regiões do país;
2- A mobilização e resistência dos povos indígenas da região nordeste, de modo especial os Truká e Tumbalalá, contra as obras de transposição das águas do rio São Francisco;
3- Alianças dos povos indígenas com movimentos sociais do campo, particularmente com a Via Campesina, como no caso da vitoriosa luta conjunta contra a invasão das terras indígenas Tupinikim e Guarani, no Espírito Santo, pela multinacional Aracruz Celulose;
4- A partir das mobilizações das comunidades indígenas, a Funai tem sido obrigada a discutir a realidade fundiária e acenar na perspectiva de constituição de novos de Grupos de Trabalho de identificação e demarcação de terras indígenas;
5- Em todas as regiões do país, os povos indígenas têm conseguido espaços de participação de suas lideranças para elaboração e monitoramento de políticas públicas, como nas áreas de saúde e educação;
6- Apoio de entidades de direitos humanos, pastorais e Igrejas aos povos indígenas pela defesa de seus direitos constitucionais;
7- Mobilizações e articulações do povo Guarani, em âmbito continental.
Temos consciência de que as iniciativas e as conquistas, que nos têm dado esperança de dias melhores, são frutos do protagonismo dos povos indígenas no enfrentamento das políticas impostas pelo governo federal, que buscam apenas favorecer os grandes grupos econômicos.
Nós, missionárias e missionários do CIMI, seguiremos com nossa mística e nossa inspiração evangélica, prestando serviços à causa indígena, certos de que assim contribuímos para a construção de uma vida mais digna e de um país mais justo.
Brasília, 7 de novembro de 2007.
Fonte: CIMI
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- Max Gimenes
Militantes da ONG Educafro inovaram no modo de celebrar a data destinada à comunidade afrodescendente. Por volta das 9h, os integrantes da organização se concentraram no Largo São Francisco, após a realização de uma missa na paróquia ali localizada. Eles tinham um objetivo um tanto quanto inusitado: doar sangue.
Esse ato simbólico, segundo Douglas Belchior, um dos coordenadores do movimento, teve como objetivo mostrar a disposição do povo negro em doar seu sangue, que durante os muitos anos de escravidão teria sido arrancado à força, mas que agora seria oferecido de maneira espontânea e solidária àqueles que dele necessitam. Afinal, para a Educafro, a data não existe apenas para festa, mas sobretudo para reflexão, exercício de cidadania e reivindicação. E a pauta levada por eles inclui mais verbas para educação, cotas para negros, aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e aplicação efetiva da lei 10 639, que institui a obrigatoriedade da disciplina História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial dos estabelecimentos de Ensino Médio e Fundamental do país.
A caminhada saiu do Largo São Francisco em direção à Avenida Paulista, onde aconteceria a IV Marcha da Consciência Negra, da qual participam diversas entidades e movimentos sociais. A pausa para a doação aconteceu aproximadamente ao meio-dia, no Hospital Beneficência Portuguesa, na região central. Mesmo debaixo de sol forte, boa parte das mais de 5 mil pessoas presentes quiseram doar sangue, o que só foi permitido a 223, devido à pequena estrutura da unidade receptora.
De acordo com os responsáveis pela atividade, o hemocentro utilizado foi o único da região que se dispôs a receber os doadores no feriado, e que a iniciativa permitirá que aqueles que não puderam realizar a doação na ocasião se animem a fazê-lo em outra oportunidade, dirigindo-se em pequenos grupos a hospitais de suas próprias regiões.
Não houve incidentes nem tumultos. Ao contrário, os freis ligados à Educafro e os policiais militares responsáveis pela segurança trocaram elogios em relação ao comportamento de ambos os grupos durante a atividade.
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Publicamos, abaixo, carta de uma leitora destinada ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, em relação ao repasse de recursos feito pelo ministério ao Instituto Fernando Henrique Cardoso.
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Prezado Sr. Ministro Gilberto Gil,
Escrevo-lhe para protestar contra a concessão de recurso da ordem de R$5.717.385,94 (CINCO MILHÕES, SETECENTOS E DEZESSETE MIL, TREZENTOS E OITENTA E CINCO REAIS E NOVENTA E QUATRO CENTAVOS) ao Instituto Fernando Henrique Cardoso, por projeto de "Preservação, Catalogação, Digitalização e Acervo Presidente Fernando Henrique Cardoso", conforme informação colhida no sítio desse Ministério, referente ao PRONAC 045808.
É por todos conhecido o estardalhaço com que FHC criou o tal Instituto, com as vultosas contribuições da parcela mais reacionária do empresariado brasileiro. Os objetivos declarados do Instituto não são suficientes para sombrear os objetivos não declarados, quais sejam a promoção do liberalismo econômico no Brasil, a realização de "estudos" sob encomenda para uso dos defensores das doutrinas intervencionistas dos EUA e a autopromoção do fundador, a quem faltam a modéstia e o recolhimento que fazem a dignidade de um ex-presidente – principalmente quando este se sabe responsável pelo sucateamento do patrimônio do povo brasileiro.
Ademais, pergunto a Vossa Excelência: de que servirá aos brasileiros conhecerem o arquivo pessoal do ex-presidente, já que sabidamente nesse acervo não se encontrarão respostas para os escândalos financeiros que marcaram seus dois mandatos? Não será explicado o escândalo do PROER, nem o das privatizações das teles, nem o da compra de votos para garantir a reeleição...
Por isso, Sr. Ministro, registro meu protesto contra a destinação de recurso público para uma instituição privada, mormente em se tratando de um ex-presidente que tantos danos já causou ao Brasil e à grande parcelados brasileiros que elegeu o Presidente Lula e dele espera austeridade no trato da coisa pública, não que alimente a frivolidade do Sr.Fernando Henrique Cardoso.
Respeitosamente,
Maria Izabel Brunacci
Professora, cidadã brasileira, moradora de Brasília-DF
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Os signatários pedem a suspensão imediata dos leilões de todas áreas promissoras em petróleo e gás e a readequação da lei do petróleo em vigor (Lei 9478/97), para garantir a soberania nacional sobre o petróleo e gás produzidos e o abastecimento do mercado interno, dentro de um planejamento estratégico do ritmo de produção, tendo em vista o desenvolvimento do país.
Brasília, 21 novembro de 2007
Ao
Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
Palácio do Planalto
c/c Minsitra Dilma Roussef
c/c Presidente Agência Nacional de Petróleo
c/c Presidencia da Petrobras
Excelentíssimo Senhor Presidente,
As forças sociais do povo brasileiro, organizados em suas mais diferentes formas, como movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais, partidos, pastorais, dirigentes, militantes, intelectuais, e cidadãos brasileiros, preocupados com a política do petróleo, vêm trazer ao conhecimento de V. Exa., questões relevantes em relação à situação das áreas exploratórias em petróleo e gás no Brasil:
A- Nossa produção de petróleo hoje, por conta da atuação da Petrobrás, é voltada prioritariamente para o nosso consumo interno, garantindo nosso abastecimento no País inteiro, desde a criação de Petrobrás até hoje;
B- Pela lei do petróleo em vigor a partir de 1997, Lei 9478/97, o petróleo encontrado é propriedade da empresa que o produzir e esta empresa pode fazer com ele o que quiser, inclusive exportar 100% dele;
C- Durante 44 anos anteriores à vigência da Lei 9478/97, de 1953 a 1997, a Petrobrás encontrou reservas de petróleo e gás, e tendo sido a Petrobrás proprietária de 100% delas, e produz o petróleo e gás que abastecem o Brasil hoje e garantem nossa auto-suficiência em petróleo e equilibra nossa necessidade de gás;
D- De 1998 a 2007, com os leilões das áreas promissoras em petróleo e gás, as multinacionais já controlam mais da metade das áreas promissoras em petróleo e gás (fonte JORNAL E&P de abril/maio-2007 editado pela Petrobrás E&P), e pela lei do petróleo em vigor, Lei 9478/97, quando estas empresas passarem a produzir o petróleo e o gás, poderão exportar todo o petróleo e todo o gás que produzirem;
E- Se o Brasil quiser comprar terá que comprar ao preço do mercado internacional, o petróleo e o gás que hoje a Petrobrás coloca na boca das refinarias e no mercado consumidor interno a preços abaixo do mercado internacional, as empresas outras passariam a colocar exatamente a preço de mercado internacional com encarecimento de todos os derivados de petróleo e gás;
F- As nossas reservas potenciais, se usadas de forma estratégica para consumo interno do nosso País, nos garantem nossa auto-suficiência pelos próximos 30 anos pelo menos, mas se essas reservas tiverem a produção antecipada pelas multinacionais poderá se reduzir drasticamente nossa soberania, decorrente de voltarmos novamente a depender de petróleo importado;
G- Além do que, essa situação de hoje, esse controle de mais da metade das áreas promissoras pelas multinacionais ocorreu com leilões quando o preço do petróleo variou entre 30 a 50 dólares o barril, e hoje, apenas alguns anos depois, já está a 80 dólares o barril, ou seja, licitar áreas promissoras em petróleo e gás é um péssimo investimento, ou seja, é fazer caixa vendendo uma mercadoria que está disparando no mercado porque é não renovável;
H- Com a escassez o petróleo e o gás tendem a ter seus preços sempre elevados, e maximizando animosidades entre países por conta desta necessidade, já que não há, de forma ampla, como substituir os derivados de petróleo hoje. Para se substituir todo o consumo de petróleo e gás por biodiesel ou álcool precisaríamos de dois e meio planetas Terra. Assim, mesmo considerando nosso potencial em biodiesel ou álcool é necessário poupar, racionalizar e tratar como estratégicas a exploração de nossas áreas promissoras em petróleo e gás, e deixar sob controle do Estado Brasileiro definir o ritmo de produção de petróleo e gás, bem como a propriedade dessas áreas promissoras.
Diante disso, vimos a sua presença propor, em nome de nossas representações:
1- Suspensão imediata dos leilões de todas áreas promissoras em petróleo e gás.
2- Readequação da lei do petróleo em vigor, Lei 9478/97, para salvaguardar a nossa soberania e garantir que o petróleo e gás produzidos sejam prioritariamente para abastecer nosso mercado interno. E manter as reservas para uso estratégico na petroquímica do futuro.
3- Estabelecer um tratamento estratégico no ritmo de produção de petróleo e gás para garantir os interesses do nosso País, com um planejamento de longo prazo.
Com a convicção de que teremos alguns minutos de vossa atenção para estas reflexões e pedidos que apresentamos, desde já, agradecemos.
1. Prof. Fabio Konder Comparato, USP, jurista.
2. Oscar Niemeyer, arquiteto
3. Leonardo Boff, Membro da Iniciativa Mundial da Carta da Terra
4. Roberto Requião – Governador do Paraná
5. Dom Demetrio Valentini, bispo de Jales e presidente da Cáritas Brasileira
6. Antonio Carlos Spis, petroleiro, executiva nacional da CUT
7. Quintino Severo Marques , secretário geral da CUT nacional
8. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI
9. Nova Central Sindical dos Trabalhadores – NCST
10. Intersindical
11. João Pedro Stedile, pela coordenação nacional da Via Campesina Brasil
12. Lúcia Stumpf - Presidente da UNE
13. Marina dos Santos, pelo MST
14. Manoel da Costa, Presidente do PDT-MG
15. Roberto Amaral, vice-presidente Nacional do PSB
16. Valter Pomar, secretário de relações internacionais da Executiva nacional do PT
17. Renato Simões, secretário de movimentos populares da executiva nacional do PT
18. Dom Thomas Balduino, presidente de honra da Comissão Pastoral da Terra.
19. Luiz Gonzaga, Gegê, da Central de Movimentos Populares
20. Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB
21. Maria da Costa, da coord nac. Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA
22. Leticia Sabatela, atriz
23.Marcos Winter, ator
24. Osmar Prado – ator
25.Chico Diaz – Ator
26.Frei Betto, escritor
27.Pe. Inácio Neutzling, Diretor do Instituto Humanitas-Unisinos.RS
28.Aldanny Rezende, secretário geral do PDT-BH
29.Frei Gilvander, Comissão Pastoral da Terra-CPT
30.Marcelo Resende, diretoria da ABRA-MG
31.Osvaldo Russo, diretoria da ABRA- Brasília
32.Pedro Otoni, Brigadas Populares- MG
33.Reginaldo- CNTI-MG
34.Savio Bones- Instituto 25 de Março
35.Sergio Miranda, Presidente do PDT-BH
36.Milton Viario, da Federação dos Metalúrgicos do RS
37.João Capibaribe, ex-governador do Amapá, PSB-AP
38.Dep. Federal Adão Pretto - PT-RS
39.Dep. Federal Ivan Valente, PSOL-SP
40.João Alfredo Telles, ex-deputado do PSOL, prof. Universitário, Ceará
41.André Barbosa - Sec. de Formação Política do PT-Macaé
42.Marcel Silvano - Sec. de Comunicação do PT-Macaé
43.Ivânia Ribeiro -Pres. do SINPRO - Sindicado dos Professores -Macaé
44.Frei David Santos OFM, educafro
45.Frei Sérgio Görgen, frei Franciscano e dirigente Nacional do MPA
46.Bernardo Mançano Fernandes,Doutor, geógrafo, Unesp
47.Pedro César Batista - Movimento de Olho na Justiça
48.Ubiratan Felix, presidente do Sindicato dos engenheiros da Bahia
49.Prof. Dr. Valdemar Sgussardi , UFSCAR
50.Pe. Jose Koopamns, Teixeira de Freitas- Bahia
51.Carlos Eduardo Martins, Prof. Universitário, São Paulo
52.Profa. Lucia Camini, ex-secretaria de educação, do RS
53.Nadja Urt, rede educação cidadã- Pernambuco
54. Profa. Heloisa Fernandes- USP e ENFF, São Paulo
55. Alípio Freire, jornalista e escritor, São Paulo
56. Pedro Nagao
57. Rodrigo Nobile
58. Emir Sader, coordenador da CLACSO
59. Maria Amélia Bortolin Cestaro RG 8.629.663 educadora
60. Paulo Tadeu-Dep. Distrital PT DF -Vice Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
61. Marcia Miranda, do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis
62.Chico Batera, músico
63. Roberto Leher, professor da UFRJ
64.Coletivo de LUTARMADA de Hip Hop -LUTARMADA- CH2L (R.J)
65. João Capibaribe – Vice-presidente nacional PSB
66. Janete Capibaribe, deputada federal pelo Amapa
67. Mario Maestri, historiador, RS
68. Florence Carboni, lingüista, RS
69. Mario Jakosind, conselheiro da ABI, Rio de Janeiro
70. Gerson Teixeira - coordenador geral da ABRA no DF
71. Kelson Rocha - Secretário de Juventude do PT do Amapá
72. Paulo de Tarso Carneiro – bancário aposentado
73. Norberto Luiz de Souza membro da Consulta e da Assembléia Popular de Santos
74. Deputado Dr. Rosinha (PT-PR)
75. Rosely Aparecida de Araújo - Coordenadora Estadual da UNMP - TO
76. ABG - Associação Baiana de Geólogos
77. ABONG - Associação Brasileira de ONGs
78. Astrac - Associação dos Trabalhadores Rurais da Reforma Agrária do Assentamento Três Conquistas de Paranoá-DF
79. Central única dos Trabalhadores – CUT-RJ;
80. Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae-cepis
81. Centro Nordestino de Medicina Popular - CNMP
82. CPT - Comissão Pastoral da Terra
83. Confederação Nacional do Ramo Químico – CNQ-CUT
84. Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM-CUT
85. EDUCAFRO - Sede Nacional
86. FASE - Solidariedade e Educação
87. Federação única dos Petroleiros – FUP
88. INESC - Instituto de Estudos Sócio-econômicos
89. LEMTO - UFF - Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense
90. Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo
91. Marcha Mundial das Mulheres-MMM
92. Movimento de Mulheres Camponesas-MMC – Brasil
93. PACS - Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul
94. Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo
95. Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro
96. Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis
97. Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói
98. Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro
99. Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias
100.Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro - RJ
101.Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense – NF
102.Sindicato dos Professores de Nova Friburgo e Região-RJ
103.Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante
104.SOF- Sempreviva Organização Feminista
105.MSU - Movimento dos Sem Universidade
106.Frente de Entidades Populares- DF
107.Movimento Fé e Política de Santos
108.Beto almeida, jornalista, Brasilia
109.Luis Fernando Almeida, tenente-coronel da PM, Sergipe
110.Paulo Metri, engenheiro, Rio de Janeiro
Fonte: MST
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- Egon Heck
Toca o celular. Discretamente saio da reunião. Do outro lado da linha o pedido de informações sobre uma “invasão indígena” na região de Amambaí. Como estava longe, em outro estado, efetivamente nada tinha a dizer. Mas fiquei profundamente indignado com o que entendo como “manipulação da informação” ou notícia tendenciosa e interesseira, geralmente condicionadas pelos interesses dos donos dos meios de comunicação, grupos políticos e econômicos. “Expliquei educadamente à nobre jornalista que, apesar de lamentar não ter informações sobre a questão específica, poderia ajudá-la a entender o processo brutal de confinamento a que estão submetidos os Kaiowá Guarani dessa região do Mato Grosso do Sul, e sobre o direito Constitucional de viverem em paz em seus territórios tradicionais. Disse mais. Que a partir dessa premissa legal, o processo de retorno dos índios aos seus tekoha obedece a um dos preceitos mais elementares da legislação nacional e internacional. Isso posto, o telefone silenciou do outro lado.
As in-versões
“Cerca de 50 indígenas, na maioria jovens e mulheres, invadiram na tarde de ontem, dia 15 de novembro, a fazenda Madama no município de Coronel Sapucaia, na fronteira com o Paraguai. Os invasores chegaram fortemente armados, inclusive com armas de longo alcance, abateram e roubaram vários animais e aterrorizaram os funcionários e vizinhos” (Gazeta News, 17/11/07). Isso se chama plantar a mentira para semear o terror.
Talvez as flechas de longo alcance sejam aquelas que atingem as consciências empedernidas dos detentores do poder econômico na região.
A matéria termina com uma cabal demonstração de racismo e ódio, com o mesmo discurso de que os índios são uns incapazes, sujeitos a manipulações de terceiros. “As suspeitas entre os produtores rurais são de que o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) venha fomentando invasões como esta, dando razão ao deputado estadual Paulo Correa que acusou a entidade de fazer “terrorismo no campo”. A Direção Nacional do Cimi enviou correspondência ao presidente da Assembléia Legislativa do MS, ao deputado Paulo Coorea e ao secretário de Justiça e Segurança na qual afirma que “tais informações, além de infundadas e caluniosas, são de uma tremenda irresponsabilidade, pois instigam a violência contra os povos indígenas e seus aliados. Fazem um alerta “Repudiamos veementemente estas acusações, alertando para as possíveis conseqüências de tais calúnias, em termos de aumento de violência e negação dos direitos de um povo que hoje tem o maior número de assassinatos, homicídios, suicídios, mortes por fome e desnutrição do país”. A carta termina unindo-se à solidariedade já manifesta pelo bispo de Dourados, por lideranças indígenas, por parlamentares e outros setores da sociedade.
As informações veiculadas pela imprensa escrita e eletrônica com relação a mais essa violência contra a comunidade de Kurusu Ambá, tem quase todos se referido ao fato como “invasão”, “confusão”, desocupação, tiroteio, baseando suas informações nas falas de fazendeiros, pistoleiros, policia, presidente de sindicato rural, enfim, dos detentores do poder. Quando mencionam alguma informação ou dado fornecido por indígenas, essa se dá na forma de “na versão dos índios”.
Uma
vez mais prevalece a força e poder do latifúndio e do agronegócio. A
determinação expressa por esses setores é não aguardar a justiça, pois essa
pode demorar. A ordem é resolver logo, nem que seja na bala, como já aconteceu
em janeiro, continua acontecendo
Kurusu Ambá é um dos exemplos dessa política. Neste ano já teve duas de suas lideranças assassinadas, quatro presas e agora mais quatro pessoas feridas.
A arma da solidariedade
Do outro lado vemos algumas centenas de pessoas tangidas secularmente pelas sucessivas invasões de seu território, vivendo sobressaltados pela fome, submetidos a uma violência constante, abrigados sob uns pedaços de lona esfarrapados, submetidos à intempérie da chuva e sol. Ali resistem e gritam por pão e justiça. Por direitos e paz.
Como é possível ficar calado e parado diante de um quadro dantesco que nos remete a situações expressas por Picasso e outros artistas sensíveis ao drama de comunidades e populações do planeta?
Felizmente no Brasil e no mundo temos uma ampla rede de solidariedade que de maneira cada vez mais forte grita contra as injustiças, cobra respeito aos direitos humanos e exigem que sejam tratados com dignidade e justiça todos os povos, culturas, comunidades, no mundo inteiro. A Anistia Internacional está realizando uma campanha pelo fim da violência contra os Kaiowá Guarani de Nhaderu Marangatu. Cartas do mundo inteiro estão sendo enviadas às autoridades cobrando medidas imediatas. Certamente esse exemplo servirá de estímulo à solidariedade à comunidade de Kurusu Ambá, novamente jogada à beira da estrada.
Fonte: CIMI - MS
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A Via Campesina Internacional, coalizão de movimentos camponeses de todo o mundo, divulgou nota com sua posição em relação ao aquecimento global e agrocombustíveis. "A produção industrial de agrocombustíveis vai aumentar o aquecimento global, em vez de proporcionar a redução. A monocultura de palma, soja, milho ou cana de açúcar vai contribuir na deflorestação e na destruição da biodiversidade".
NOTA OFICIAL DA VIA CAMPESINA
Pequenos produtores esfriam o planeta
As atuais formas globais de produção, consumo e mercado causaram uma destruição massiva do meio ambiente, incluindo o aquecimento global, que está colocando em risco os ecosistemas de nosso planeta e levando as comunidades humanas rumo aos desastres. O aquecimento global mostra o fracasso do modelo de desenvolvimento baseado no consumo de energia fóssil, a superprodução e o livre comércio.
Os camponeses e camponesas de todo o mundo unem suas mãos com outros movimentos sociais, organizações, pessoas e comunidades em defesa de transformações sociais, econômicas e políticas radicais para inverter a tendência atual. Os camponeses, especialmente os pequenos produtores, são os primeiros a sofrer os impactos das mudanças climáticas.
As mudanças nas estações trazem consigo secas pouco usuais, inundações e tormentas, destruindo terras de cultivo e casas dos camponeses. Ainda mais, as espécies animais e vegetais estão desaparecendo num ritmo sem precedentes.
Os camponeses têm que se adaptar aos novos padrões climáticos, adaptando suas sementes e seus sistemas de produção habituais a uma nova situação, que é imprevisível. As secas e inundações estão conduzindo ao fracasso as colheitas, aumentando o número de pessoas famintas no mundo.
Há estudos que prevêem um descenso da produção agrícola global numa escala que varia de 3 a 16% para o ano 2008. Nas regiões tropicais, o aquecimento global conduzirá, muito provavelmente, a um grave declive da agricultura (mais de 50% em Senegal e mais de 40% em Índia), e à aceleração da desertificação de terras de cultivo. Por outro lado, enormes áreas na Rússia e Canadá se tornarão cultiváveis pela primeira vez na história humana, mas ainda se desconhece como estas regiões poderão ser cultivadas.
A produção e o consumo industrial de alimento estão contribuindo de forma significativa para o aquecimento e a destruição de comunidades rurais. O transporte intercontinental de alimento, a monocultura intensiva, a destruição de terras e bosques e o uso de insumos químicos na agricultura estão transformando a agricultura em consumidor de energia e contribuindo para a mudança climática.
Sob as políticas neoliberais impostas pela Organização Mundial do Comercio (OMC), bem como pelo Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), os acordos de livre comércio bilaterais, a comida se produz com pesticidas derivados do petróleo e fertilizantes, e são transportadas para todo o mundo para a sua transformação e consumo.
A Via Campesina, um movimento que reúne milhões de camponeses e produtores de todo o mundo, se declara que é tempo de mudar de forma radical a forma de produzir, transformar, comercializar e consumir alimentos e produtos agrícolas. Acreditamos que a agricultura sustentável em pequena escala e o consumo local de alimentos vai inverter a devastação atual e sustentar milhões de famílias camponesas. A agricultura também pode contribuir para o esfriamento da terra utilizando práticas agrícolas que reduzam a emissão de CO2 e o uso de energia por parte dos camponeses.
Por outro lado, os camponeses também podem contribuir na produção de energia renovável, especialmente por meio da energia solar e o biogás. A agricultura globalizada e a agricultura industrializada geram o aquecimento global pelos seguintes pontos:
1) Por transportar alimentos por todo o mundo
Transportam-se alimentos frescos e empacotados por todo o mundo e, atualmente, não é raro encontrar nos Estados Unidos ou em Europa frutas, verduras, carne e vinho provenientes de África, América do Sul ou Oceania; também encontramos arroz asiático na América ou na África.
Os combustíveis fósseis usados para o transporte de alimento estão liberando toneladas de C02 para a atmosfera. A organização de camponeses suíços, a UNITERRE, calculou que um quilo de aspargos importados do México necessita 5 litros de petróleo para viajar por via aérea (11.800 quilômetros) até a Suíça. No entanto, um quilo de aspargo produzido em Genebra necessita somente 0,3 litros de petróleo para chegar até o consumidor.
2) Pela imposição de meios industriais de produção (mecanização, intensificação do uso de agro-químicos, monocultivo)
A chamada agricultura moderna, especialmente a monocultura industrial, está destruindo os processos naturais do solo (o que conduz a uma presença de CO2 na matéria) e substitui por processos químicos baseados em fertilizantes e pesticidas.
Por conta, acima de tudo, do uso de fertilizantes químicos, da criação intensiva de gado e da monocultura, se produz um volume significativo de óxido nitroso (NO2), o terceiro gás de efeito invernadeiro com maior efeito sobre o aquecimento global. Na Europa, 40 % da energia consumida nas explorações agrárias se deve à produção de fertilizantes nitrogenados.
Por sua vez, a produção agrária industrial consome muito mais energia ( e libera mais CO2) para mover seus tratores gigantescos para cultivar a terra e processar a comida.
3) Por destruir a biodiversidade (e sumideiros de carbono)
O ciclo do carbono tem sido parte da estabilidade do clima durante milhões de anos. As empresas de agronegócio destruíram este equilíbrio pela imposição generalizada da agricultura química (com uso massivo de pesticidas e fertilizantes procedentes do petróleo), com a queima de bosques para plantações de monocultivo e destruindo as terras pantanosas e a biodiversidade.
4) Conversão da terra e os bosques em áreas não agrícolas
Bosques, pastagens e terras cultiváveis estão sendo convertidos rapidamente em áreas de produção agrícola industrial, em centros comerciais, complexos industriais, grandes casas e em grandes projetos de infra-estrutura ou em complexos turísticos. Estas mudanças causam a liberação massiva de carbono e reduzem a capacidade do meio ambiente absorver o carbono liberado na atmosfera.
5) Transformação da agricultura de produtora em consumidora de energia
Em termos energéticos, o primeiro papel das plantas e da agricultura é transformar a energia solar na energia contida nos açucares e celuloses que podem ser diretamente absorvidas na comida ou transformadas em produtos de origem animal. Esse processo é natural e gera energia na cadeia alimentar.
Não obstante, a industrialização do processo agrícola nos conduziu, nos últimos 200 anos, a uma agricultura que consome energia (usando tratores, agro-químicos derivados do petróleo, fertilizantes).
Falsas soluções
Os agrocombustíveis (combustíveis produzidos a partir de plantas e árvores) se apresentaram muitas vezes como uma solução para a atual crise energética. Segundo o protocolo de Kyoto, 20% do consumo global de energia deveriam provir de recursos renováveis até 2020 - e isto inclui os agrocombustíveis.
No entanto, deixando de lado a loucura de produzir comida para alimentar os automóveis enquanto muitos seres humanos estão morrendo de fome, a produção industrial de agrocombustíveis vai aumentar o aquecimento global, em vez de proporcionar a redução.
Em troca de uma pequena mudança ainda não comprovada (com exceção da cana de açúcar) de alguns gases de efeito invernadeiro comparado com os combustíveis fósseis, a produção da monocultura de palma, soja, milho ou cana de açúcar vai contribuir na deflorestação e na destruição da biodiversidade.
A produção intensiva de agrocombustíveis não é uma solução para o aquecimento global nem resolverá a crise global no setor agrícola.
O comércio de carbono
No protocolo de Kyoto e outros planos internacionais, o “comércio de carbono” tem se apresentado como uma solução para o aquecimento global. É uma privatização do carbono posterior à privatização da terra, ar, sementes, água e outros recursos.
Permite que governos assinem licenças com grandes contaminadores industriais de modo que possam comprar o “direito de contaminar” entre eles mesmos. Alguns outros programas fomentam que países industrializados financiem vertedouros baratos de carbono tais como plantações em grande escala no Sul, como uma forma de evitar a redução das suas própria emissões.
Dessa maneira, estão sendo criadas grandes plantações ou áreas naturais de conservação na Ásia, África e América Latina, expulsando comunidades de suas terras e reduzindo o direito de acesso aos próprios bosques, campos e rios.
Cultivos e árvores transgênicas
Atualmente estão sendo desenvolvidas árvores e cultivos transgênicos para agrocombustíveis. Os organismos geneticamente modificados não resolverão nenhuma crise do meio ambiente senão que os mesmos coloquem em risco o meio ambiente, bem como a saúde e a segurança.
Essas árvores e cultivos transgênicos formam parte da “segunda geração” de agrocombustíveis baseados na celulose, enquanto que a primeira geração se baseia em diferentes formas de açúcar das plantas. Ainda, nos casos nos quais não se usam variedades transgênicas, a “segunda geração” apresenta os mesmos problemas que a geração anterior.
A Soberania Alimentar proporciona meios de subsistência a milhões de pessoas e protege a vida na terra
A Via Campesina acredita que as soluções para a atual crise têm que surgir de atores sociais organizados, que estão desenvolvendo modelos de produção, comércio e consumo baseados na justiça, na solidariedade e em comunidades saudáveis.
Nenhuma solução tecnológica vai resolver o desastre do meio ambiente ou social. Somente uma mudança radical na forma como produzimos, comercializamos e consumimos pode dar terras para comunidades rurais e urbanas saudáveis. A agricultura sustentável em pequena escala, um trabalho intensivo e de pouco consumo de energia pode contribuir para o resfriamento da terra:
- Assumindo mais CO2 no solo, de maneira orgânica, através da produção sustentável (a produção extensiva de vacas e ovelhas em pastagens tem um balanço positivo de gás invernadeiro).
- Substituição dos fertilizantes nitrogenados pela agricultura ecológica e/ou cultivando proteaginosas que capturam nitrogênio diretamente do ar.
- Produção de biogás de resíduos animais e vegetais, com a condição de manter suficiente matéria orgânica no solo.
Em todo o mundo, praticamos e defendemos a agricultura familiar e sustentável e em pequena escala, e exigimos soberania alimentar. A soberania alimentar é o direito das pessoas aos alimentos saudáveis e culturalmente apropriados, produzidos através de métodos sustentáveis e saudáveis, e seu direito a definir seus próprios alimentos e sistemas de agricultura.
Colocamos no fundamento dos sistemas e das políticas alimentares as aspirações e necessidades daqueles que produzem, distribuem e consomem alimento, no lugar das demandas dos mercados e das transnacionais.
A soberania alimentar dá prioridade às economias e mercados locais e nacionais, dando poder a camponeses e pequenos agricultores, aos pescadores tradicionais, aos pastores e à produção, distribuição e consumo de alimentos baseados na sustentabilidade ambiental, social e econômica. Exigimos urgentemente aos encarregados de tomar decisões locais, nacionais e internacionais:
1) O desmantelamento completo das companhias de agrocombustíveis. Estão despojando aos pequenos produtores de suas terras, produzindo lixo e criando desastres ambientais.
2) A substituição da agricultura industrializada pela agricultura sustentável em pequena escala, apoiada por verdadeiros programas de reforma agrária.
3) A promoção de políticas energéticas sensatas e sustentáveis. Isto inclui o consumo de menor energia e a produção de energia solar e biogás pelos camponeses em lugar da promoção em grande escala da produção de agrocombustíveis, como é o caso atual.
4) A implementação de políticas de agricultura e comércio em nível local, nacional e internacional, dando suporte à agricultura sustentável e ao consumo de alimentos locais. Isto inclui a abolição total dos subsídios que levam ao dumping (competição desleal) de comida barata nos mercados de exportação e o dumping de comida barata em mercados nacionais.
Pelos meios de subsistência de milhões de pequenos produtores de todo o mundo, pela saúde das pessoas e pela sobrevivência do planeta: exigimos soberania alimentar e nos comprometemos a lutar de forma coletiva para consegui-la.
13/11/2007
Fonte: MST
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As Universidades Estaduais de São Paulo, USP, UNICAMP e UNESP juntaram esforços para o conhecimento no campo dos estudos sobre o Crime Organizado e sues efeitos na Democracia.
O estado de São Paulo têm testemunhado o crescimento de atividades ligadas ao crime organizado nesses últimos anos, que atingiram seu ápice recentemente com uma série de ataques contra instituições públicas, transportes públicos e bancos, que no total duraram 4 meses em 2006.
Estes ataques resultaram em inúmeras casualidades e no crescimento do medo na população, assim como perdas e danos econômicos. Na perspectiva das três universidades a prevenção da repetição destes eventos que criaram tamanho medo público, requer uma análise própria.
Esperamos que o seminário possibilite muitos debates para que novas propostas de intervenção apareçam, evitando a continuidade das mesmas soluções inefetivas como responder ao crescimento criminal através de formas mais duras de punição e/ou garantindo maior liberdade de ação aos agentes da lei, encorajando o aumento da violação dos direitos humanos.
Nas últimas três décadas, muitas pesquisas têm sido feitas na área da violência, crime e sistema de justiça criminal. Porém o crime organizado ainda é um tema muito pouco estudado, não apenas por questões metodológicas e de segurança, mas também pelo pequeno acesso a dados das instituições legais.
O Seminário Internacional sobre o Crime Organizado será realizado em São Paulo, entre os dias 26 e 28 de Novembro.
Abaixo segue a programação do evento:
1- Abertura: O que é Crime Organizado? – uma questão controversa
Sedi Hirano (Pro-Reitor of Research -USP)
Michel Schiray (UERJ e EHESS)
Discussants: Guaracy Mingardi (ILANUDI)
2 - Definindo aproximações teóricas e perspectivas:
Jay S. Albanese (Virginia Commonwealth University )
Michel Misse (UFRJ/Brasil)
Sérgio Adorno (NEV-USP-Brasil)
3 - Como pesquisar sobre o Crime Organizado?
Peter Reuter (University of Maryland)
Alba Zaluar (UERJ/Brasil)
Nancy Cardia (NEV-USP/Brasil)
4 - Crime Organizado e terrorismo: perspectivas nacionais e internacionais
Louise Shelley (Mason University)
Margaret E. Beare (Nathanson Center for the Study of Organized Crime and Corruption/Canada)
Argemiro Procópio Filho (Dept. de Relações Internacionais da Universidade de Brasília)
Jorge Zaverucha (Universidade Federal de Pernambuco)
5 - Encerramento: Crime Organizado e democracia: ameaças ao estado de direito
Adriana Beltran (Associate to
Washington Office on Latin America - WHOLA)
Luis Astorga (UNESCO Chair, UNAM)
Thomas C. Bruneau (School of
Public Policy and Department of Criminology
University of Maryland)
Paulo Mesquita Neto (NEV-USP/Brasil)
Para saber mais, acesse: http://nevusp.org/organizedcrimeseminar
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- Rogério Almeida
Na Amazônia existem infinitas amazônias, com seus redemoinhos de gentes, igarapés, rios, um mundo em recursos naturais, história de vida, morte, violações e pelejas. Muitas gentes existem na Amazônia, que por ignorância, desconhecimento ou puro preconceito permanecem marginais, sem reconhecimento dos direitos que lhes cabem, filtrados sob a lente do exótico aos olhos dos estrangeiros de cá e de lá. Ou tratados como meros ícones do atraso ante a dinâmica do capital, apenas para gastar palavra em voga.
Na perspectiva de aprofundar o conhecimento na defesa de seus territórios, manifestações culturais e informações neles gerados, cerca de 50 remanescentes de escravos da região guajarina e vizinhança (Acará, Moju, Abaetetuba, Igarapé Mirim, Tailândia, Concórdia, Bujaru, Tomé Açu) passaram o dia 16 de novembro numa oficina com ênfase sobre direitos das comunidades negras.
A oficina integra o projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. A reunião ocorreu no espaço Sagrada Família, cravado no município de Ananindeua, região metropolitana de Belém. O advogado Aton Fon Filho, ligado a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, organização com sede em São Paulo foi o facilitador. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a UNAMAZ, Associação de Universidades da Amazônia, agência multilateral de cooperação organizaram o evento. A cartilha Quilombolas Direito ao Futuro, serviu de apoio no estudo sobre os aspectos legais que conformam os direitos quilombolas na Constituição, além de estudos sobre os tratados internacionais em que o Brasil é signatário.
No mesmo dia só que no Palácio dos Despachos do Governo, a governadora Ana Júlia Carepa, assinava o termo de adesão ao Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial, ladeada pela ministra Matilde Ribeiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República e representantes de entidades do movimento negro.
Territórios em disputa – O geógrafo, negro e baiano, Milton Santos, ao analisar o totalitarismo do capital em escala planetária, revela que a cada dia a sanha do mesmo tende a subjugar territórios e os recursos naturais neles existentes em qualquer canto. No debate sobre os direitos dos quilombolas no Pará a questão foi o centro do debate. Os depoimentos de quilombolas da região de Jambuaçu, que reúne 14 comunidades do município de Moju é a melhor expressão sobre o assunto. As obras de infra-estrutura e grandes projetos despontam como agentes contrários à garantia dos territórios das populações consideradas tradicionais na Amazônia.
No caso particular de Jambuaçu que é um afluente do rio Moju, a refrega com grandes empresas data da década de 1980, com a implantação de grandes empresas, como a Capim Caulim, a Pará Pigmentos e a monocultura do dendê pela empresa Marborges. Nos anos mais recentes a tensão tem se desenvolvido com a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O centro nervoso reside no mineroduto que transporta bauxita oriunda do município de Paragominas, matéria prima para a produção de alumina, que é usada para a produção de alumínio, e a ampliação da linha de energia.
O mineroduto e o linhão alimentam as fábricas da CVRD no município de Barcarena. No caso do mineroduto a construção ocorreu entre os anos de 2000 a 2004, já o linhão de energia data de 2005. Estima-se em 15 km a área afetada e que 58 famílias perderam terras agricultáveis. A invasão da companhia foi realizada à revelia dos moradores. A matriz dessa modalidade de projeto tem sido a democratização das mazelas sociais e ambientais onde são instalados.
Tensões no quilombo - Os quilombolas informaram que, por conta da poluição do rio pelas empresas que exploram caulim, houve redução do pescado e a água é imprópria para uso. No caso da CVRD o indicador foi a derrubada de 150 castanheiras produtivas. Os militantes das comunidades negras estimam em 674 famílias afetadas pelos empreendimentos da companhia. O ápice da tensão entre as partes foi registrado em janeiro de 2006 com a derrubada de uma torre de transmissão.
Uma nova questão desponta como tensão no mundo do povo de Jambuaçu. Trata-se da relação entre os quilombolas e pesquisadores. Na reunião do dia 16, alguns representantes tornaram público o descontentamento sobre o resultado do curta-metragem Filhas de Jambuaçu. Militantes da comunidade informaram que deram depoimentos sem a devida informação que as mesmas seriam para a mineradora.
O curta indicado para o concurso internacional sobre etnografia não foi apresentado à comunidade, que só veio a conhecer o resultado após mediação de um militante que acessou uma cópia do mesmo em Belém. Uma moradora da área declarou que todas as informações sobre as tensões entre a companhia e os quilombolas não são tratadas no filme. Os quilombolas informaram ainda que não autorizaram uso de seus depoimentos e imagens para o professor Silvio Figueiredo, autor do curta. A polêmica deve ganhar a justiça, prometem os quilombolas. O curta integra projeto do Museu Paraense Emilio Goeldi de Educação Patrimonial, com apoio financeiro da companhia.
Aparando as arestas e outras tensões - Com mediação do Ministério Público Federal (MPF), vários órgãos estaduais e a CPT, a empresa encontra-se obrigada a garantir manutenção da Casa Família Rural (CFR), produção de estudo através da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) sobre as potencialidades produtivas do território quilombola, assistência para o funcionamento do posto de saúde e pagamento de dois salários mínimos por dois anos para as 58 famílias afetadas diretamente pelo linhão e garantia de outras obras de infra-estrutura. .
Outras tensões entre grandes companhias e as comunidades quilombolas ocorrem a oeste do estado, com o projeto de exploração de bauxita da empresa estadunidense ALCOA, no município de Juruti. A voz dissonante no processo de licenciamento tem sido do promotor estadual Raimundo Moraes, que tem lançado luz sobre as omissões nos estudos de impacto ambiental.
Na região do arquipélago do Marajó a situação de tensão ocorre com os fazendeiros que costumam impedir a circulação dos quilombolas através de cercas. Já no quilombo do Cacau, localizado no município de Colares, o impasse gira em torno da empresa Empasa, que explora palmito na região. Os moradores informam que desde 1999 o proprietário da empresa soube do reconhecimento da área como remanescente de quilombo ergueu cercas e contratou capataz.
A titulação das terras é o grande desafio na caminhada de garantia dos direitos das comunidades. Avelino da Conceição Almeida, neto e filho de escravos, morador do Cacau declara que “não largo o lugar por nada. Aqui nasci e cresci, criei meus 17 filhos”. É ele que informa a derrubada de pelo menos 450 árvores, entre elas samaúma, marupá atamã pela Empasa.
Quilombos no Pará – Faz 12 anos que a comunidade quilombola de Boa Vista recebeu a titulação do seu território de 1.125 hectares localizado no município de Oriximiná, oeste do Pará, que concentra boa parte das 295 comunidades estimadas no estado. Foi a primeira comunidade a ser reconhecida no Brasil. Conforme o boletim Terra de Quilombo da Comissão Pró-Índio de São Paulo, datado de outubro de 2007, no Brasil há 79 territórios reconhecidos num total de 929.317,6437 hectares, que aglutina 9 mil famílias.
O Pará desponta em primeiro lugar com 34 titulações, seguido do Maranhão, com 22. 44 processos solicitando reconhecimento dos territórios tramitam no Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) do Pará até setembro de 2007. O processo costumar ser demorado por causa de um conjunto de exigências, como o estudo antropológico para verificar a legitimidade da reivindicação. O estado Pará mantém o projeto Raízes direcionado para as comunidades, onde não raro há confrontos entre as demandas da comunidade e os técnicos do governo.
Na avaliação dos participantes da oficina do dia 16, o reconhecimento do território é apenas o primeiro asso no processo de efetivação dos seus direitos. Os quilombolas salientam para a necessidade de ação conjunta em inúmeras frentes para a efetivação dos direitos e a emancipação dos negros (as) no país.
Um dos impasses pontuados é a lentidão do estado. Conforme dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), o projeto Brasil Quilombola do governo federal até 13 de junho, havia aplicado apenas 6,39% do orçamento de 2007 para ações em favor dos moradores de comunidades remanescentes de quilombo do total de 202 milhões. .
Rogério Almeida é colaborador da rede www.forumcarajas.org.br
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As empresas Companhia Vale do Rio Doce e Novelis estão ameaçando sete famílias de despejo na Comunidade de Jerônimo, Santa Cruz do Escalvado, Zona da Mata Mineira. Essas famílias plantavam em área à margem do Rio Doce e, depois que a CVRD e Novelis construíram a barragem de Candonga, elas perderam a área de plantio; foram expulsas, sem indenização e a única opção que lhes sobrou foi cultivar essa nova área, que logo foi adquirida pelas empresas.
Para reforçar o argumento do despejo junto à Justiça, as empresas mentiram, alegando que as famílias não estão planando mais na localidade. De acordo com o Senhor Juscelino Gonçalves de Andrade, 48 anos, 3 filhos, a Senhora Flávia, do Consórcio Candonga, esteve no local e tirou fotos: “as plantas estavam lá e o pessoal trabalhando, ela entrou e saiu sem falar nada com ninguém”.
Juscelino, que trabalha nessa mesma fazenda há 22 anos, afirmou que ‘na área plantada, de 5 hectares, existe bananeira, mandioca, cana de açúcar, maracujá, abóbora, e agora estão plantando amendoim, milho, feijão e quiabo. Juscelino disse ainda que “o que as empresas estão querendo fazer é uma covardia, pois lá tiramos o sustento para criar nossos filhos. Se tiram a gente vamos fazer o quê, vamos roubar, vamos passar fome”?
De acordo com Juscelino, não é a primeira vez que eles são prejudicados pelas empresas Companhia Vale do Rio Doce e Novelis. “No dia 12 de fevereiro de 2005 eles entraram com trator e destruíram muitas plantações, como milho, feijão, amendoim, abóbora, quiabo. E voltaram de novo no dia 12 de Setembro de 2006, destruindo um mandiocal que estava plantado”.
O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens – vem denunciando há muito tempo o desrespeito dessas empresas com as populações atingidas por barragens em Candonga, Fumaça, Furquim, Brecha, Aimorés e muitas outras. Elas se apropriam dos recursos naturais em detrimento do ambiente e dos direitos das pessoas.
Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens – MG
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Desde o dia 13/11, cerca de 300 indígenas do Pará e do Amazonas estão ocupando as sedes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) nas capitais dos seus estados (Belém e Manaus, respectivamente). Eles querem a revogação da Portaria 2656, publicada pela Fundação em 18 de outubro, que define o repasse de recursos para as redes municipais de saúde atenderem os indígenas.
Em Belém, cerca de 150 Tembé estão na sede da Coordenação Regional Funasa. Em reunião com dirigentes da Fundação, os indígenas pediram a presença de um representante da Funasa de Brasília, o que foi confirmado somente para o dia 22 de novembro. Ontem, houve momentos de tensão quando a Polícia Federal chegou ao local e tomou arcos e flechas dos indígenas. A situação foi contornada com a mediação do Procurador Felício Pontes, do Ministério Público Federal, no Pará.
Ontem, os Tembé anunciaram que mais 80 indígenas, entre Tembé e Assurini, chegariam a Belém para aumentar a resistência da ocupação. Os indígenas avaliam que os municípios não têm preparo para cuidar da saúde indígena.
Despartidarização
Em Manaus, cerca de 150 indígenas de diversos povos do estado estão na sede da Funasa. Na manhã de hoje, eles divulgaram um documento listando 20 razões para serem contrários à municipalização do atendimento à saúde indígena.
Eles apontam, por exemplo, que a municipalização colocará os indígenas a mercê das oscilações políticas locais. Além disso, os prefeitos não seria obrigados a ajustar as políticas de saúde municipais para oferecer um atendimento satisfatório aos povos indígenas. Também não precisariam obedecer as decisões dos conselhos de saúde indígena. A municipalização também descaracteriza o sistema de distritos sanitários (DSEIs) como espaço interétnico de atendimento.
Os indígenas fazem diversas exigências, entre elas, “a despartidarização da Funasa” e a “limpeza ética e moral” dos quadros de servidores da Fundação.
Fonte: CIMI
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ASSASSINATOS
Somente neste ano, até o final do mês de outubro, houve 35 indígenas assassinados.
Destes, 12 dos assassinados tinham entre 14 e 20 anos de idade
Uma idosa de 107 anos; um homem de 76 anos e outra idosa de 70 anos estão entre os assassinados. Esta última, Xuretê Lopes, rezadeira do povo, foi morta a tiros por pistoleiros a mando de fazendeiros da região. O assassinato segue impune.
TENTATIVAS DE ASSASSINATO
Houve 26 tentativas de assassinato.
Cresce a violência no interior das aldeias, entre os próprios indígenas, devido à falta de terra e de perspectivas de vida para as comunidades.
Crianças de 8 e 12 anos de idade sofreram tentativas de assassinato.
Um bebê de 1 ano de idade foi gravemente ferido por tiros de pistoleiros, que tentaram assassinar todas as pessoas de uma família enquanto dormiam.
SUICÍDIOS
20 indígenas cometeram suicídio.
15 dos suicidas tinham entre 13 e 18 anos de idade.
A cada ano, mais e mais crianças e adolescentes tentam ou cometem suicídio. Muitos suicídios acabam por deflagrar outros, na mesma família, nas redes de parentesco e amizade, na vizinhança ou na comunidade.
DESNUTRIÇÃO
Ocorreram 8 mortes de crianças por desnutrição, quase todas recém nascidas.
Segundo a Funasa, 76,3 % de crianças de 2 aldeias estão desnutridas. Apenas na Aldeia Jaguapiru existem 55 crianças desnutridas.
Na Aldeia de Dourados existem 322 crianças, de 0 a 5 anos, sob risco de desnutrição, segundo o Dr. Zelik Trajber, Coordenador de Saúde Indígena da Funasa.
No Mato Grosso do Sul, entre os Guarani Kaiowá surgiram, neste ano, 17 novos casos de HIV.
Neste estado existem mais de 200 indígenas presos, em processos por vezes forjados, mal encaminhados, com os presos sem assistência jurídica, com os casos sem providência, que se transformam em prisões praticamente perpétuas.
Ao Exmo. Sr.
Luis Inácio Lula da Silva
Presidente da República
SITUAÇÃO ATUAL DO POVO INDÍGENA GUARANI KAIOWÁ NO MS
Até meados do século XX, o povo Guarani Kaiowá ocupava uma extensão de 3 milhões de hectares do atual território do Mato Grosso do Sul, convivendo e trabalhando nas plantações de erva mate. O processo de confinamento teve início por volta de 1920 e hoje os Guarani Kaiowá ocupam um território total de 40 mil hectares.
Numa perspectiva de demarcação do total de áreas demandadas atualmente, teremos uma extensão de 400 mil hectares, sendo que cada território teria em média de 5 a 15 mil hectares.
Para implementar os procedimentos demarcatórios, superando a situação crítica atual seria necessária a criação de grupos de trabalho para identificação e demarcação das terras indígenas , com indenização e re-assentamento dos ocupantes de boa fé. Este processo teria um custo estimado inicialmente de 30 milhões de reais.
A população Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul é hoje de 40 mil índios. Apenas em 4 aldeias estão confinados 25 mil índios.
Neste mês de novembro de 2007 será assinado, entre a FUNAI e o Ministério Público Federal, um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta – para a identificação das 32 terras indígenas mais urgentes.
MEDIDAS URGENTES A SEREM TOMADAS PELO GOVERNO FEDERAL
1 – Regularização das terras Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul, com a identificação imediata de 32 terras, reconhecidamente indígenas, relacionadas em lista já encaminhada pelas comunidades indígenas ao Ministério Público Federal.
2 – Empenho na regularização de mais de 10 terras indígenas Guarani Kaiowá no estado, cujos procedimentos demarcatórios se encontram paralisados.
3 – Para iniciar um processo de combate à fome, desnutrição, mortalidade infantil e violência nas aldeias indígenas no Mato Grosso do Sul, é urgente a elaboração de um plano de ações integradas, pelos diversos ministérios que têm atuação e responsabilidade na questão indígena, no Mato Grosso do Sul, entre estes o Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação, Ministério da Saúde e Ministério da Cultura.
Esse plano de ações integradas deve ter uma abrangência de curto, médio e longo prazo e ser elaborado e implementado com a participação das comunidades indígenas e de especialistas nas diferentes áreas.
Brasília-DF, 7 de novembro de 2007
CIMI – Conselho Indigenista Missionário