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- Andrea
Para o governador, legislar sobre propagandas é competência da união. Especialista discorda.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, vetou o projeto de lei que limitava a publicidade voltada para crianças, de alimentos pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar e açúcar ou sódio.
O PL 193/2008, de autoria do deputado Rui Falcão (PT), proibia a veiculação na TV e no rádio, entre 6h e 21h, de publicidade destes alimentos dirigida para crianças. O projeto vetava também a utilização de personagens e celebridades infantis na propaganda e brindes associados à compra dos alimentos e bebidas.
De acordo com o veto do governo estadual, o projeto de lei era “inconstitucional”. A justificativa é de que o artigo 22 da Constituição, no inciso XXIX, determina que legislar sobre propaganda comercial é competência da União e não dos Estados.
Porém, advogados e entidades com foco de atuação na defesa dos direitos do consumidor discordam da justificativa. Segundo eles, a lei federal 8.078/1990, conhecida como o código do consumidor, permite a regulação pelos Estados.
O Código do Consumidor determina, em seu artigo 37, que “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva”. “É abusiva, dentre outras, a publicidade que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança”, e também que “seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde”, tipifica a lei.
“Existem muitas teses jurídicas. Nesse caso, o governo optou por essa visão, que aponta para a inconstitucionalidade. Mas temos outra tese. Achamos que, a partir do Código de Defesa do Consumidor, uma lei federal, que já veda publicidade enganosa, especificamente dirigida a crianças, outras leis infrafederais poderiam ser aplicadas”, disse Mariana Ferraz, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), em entrevista a Rede Brasil Atual.
Leia também:
Aprovados projetos de lei que proíbem publicidade de alimentos para crianças
Fonte: SpressoSP, com informações da Rede Brasil Atual.
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- Andrea
Governo anunciou a autorização para ser realizado o 11º leilão de áreas de exploração do petróleo.
O Portal do Mundo do Trabalho transcreve abaixo o editorial do jornal do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, coordenado pelo companheiro Itamar José Rodrigues Sanches.
Volta dos leilões de petróleo
O governo anunciou, no dia 10, a autorização para ser realizado o 11º leilão de áreas de exploração do petróleo. O último leilão havia ocorrido em dezembro de 2008.
A proposta do governo é leiloar 172 blocos até maio; desses blocos, metade encontra-se em terra, a parte marítima dos blocos está fora do pré-sal, mas isso não significa que a maior descoberta energética brasileira do século 20 esteja segura.
Privatização
Um dos argumentos utilizados para a retomada dos leilões foi a necessidade de novos investimentos, em um momento em que a Petrobrás e o Brasil enfrentam dificuldades.
Esse é um argumento falacioso, pois a privatização de áreas do petróleo não traz resultados imediatos. O problema maior, no entanto, é a míope visão governamental que se joga nos braços dos interesses das companhias privadas ao sabor dos ventos.
A presidente Dilma Rousseff já foi presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, conhece a empresa, seu potencial e sabe, muito bem, que estrategicamente é um péssimo negócio para o país: desnacionaliza nossas riquezas naturais e, consequentemente, a soberania do país, a longo prazo remete dividendos para fora do Brasil, enquanto o país perde capacidade estratégica de definir suas políticas.
Um dos pilares da contenção de tendência de alta de inflação, por exemplo, foi a decisão política de segurar o preço dos combustíveis; isso foi possível porque a Petrobrás é uma empresa pública, se todo o setor estivesse privatizado, o governo jamais conseguiria manter essa política, que tanto ajudou o Brasil.
Pré-sal
O atual leilão não contempla áreas do pré-sal, mas o governo já anunciou que deve liberar até dezembro a autorização para privatização de blocos no pré-sal.
Apesar de o sistema de partilha, aprovado no Congresso, configurar um cenário menos danoso do que o de concessão (modelo utilizado no governo FHC, mantido por Lula nos primeiros leilões, mas modificado para as áreas do pré-sal), é irresponsabilidade política abrir mão da soberania de uma área que ainda sequer se dimensionou o potencial de exploração.
Novamente, no quesito privatização, o governo Dilma Rousseff se mostra na contramão dos interesses nacionais, privatizou os aeroportos – e os custos ainda serão sentidos pela população – e, agora, retoma a privatização das áreas de gás e petróleo, um retrocesso que poderá custar caro para o país. Leiloar é privatizar, vamos lutar e denunciar esse crime de lesa pátria.
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- Gabriel Brito
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ao ouvir o pronunciamento da presidenta da República, Dilma Rousseff, vem a público manifestar os seguintes pontos:
- Apoiamos a medida deste governo para baixar o preço da luz para as famílias brasileiras;
- A luta pela diminuição da tarifa é histórica no movimento popular e sindical, como mostra a construção recente das campanhas “O preço da luz e um roubo” e pela renovação das concessões do setor elétrico brasileiro.
- Denunciamos os governos estaduais do PSDB de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que se colocaram contra a diminuição das tarifas, ao não renovarem as concessões da CESP, CEMIG e Copel. Se estes governos tivessem aderido às medidas, a tarifa poderia ter sido ainda mais reduzida.
- Denunciamos também a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e outros setores empresariais que foram contra a renovação das concessões e que historicamente defenderam as privatizações. Esses setores atrasados do nosso país foram derrotados junto com os políticos Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Beto Richa, representantes da privataria que, certamente, continuarão se articulando para impedir medidas que possam beneficiar o povo.
- Lembramos que a redução do preço da luz se deu por uma decisão política e pela pressão popular e não pelo falso discurso das leis do mercado e da “concorrência”. Na verdade, as leis do mercado são as principais responsáveis por pagarmos as mais altas tarifas de luz, telefone, da água e do gás nas últimas décadas.
Conclamamos todas as famílias brasileiras a continuar na luta para baixar ainda mais o preço da luz. Isso é possível, pois, até agora, o ônus da diminuição da tarifa ficou apenas para a geração, onde predominam empresas estatais federais. Nada foi feito para atingir os altos lucros das empresas privadas que dominam o setor da distribuição.
Com a renovação, a energia sairá das geradoras estatais por R$ 0,01 o kWh (kilowatt/hora), enquanto as distribuidoras venderão a mesma energia por R$ 0,15 para a população. No final, considerando impostos, as famílias pagarão no final mais de R$ 0,60 por kWh de energia.
Defendemos que é fundamental o respeito e valorização das empresas estatais CHESF, FURNAS, Eletronorte, Eletrosul e Eletrobrás, que são as responsáveis por oferecer energia barata, fruto do enorme esforço dos trabalhadores deste setor. Parabenizamos os trabalhadores das empresas estatais que com seu trabalho e suor foram os que construíram o setor energético nacional que hoje possibilita baixar o preço da energia. Exigimos que as empresas estatais não sejam privatizadas e destruídas e que os trabalhadores não sejam demitidos nem tenham pioras no salário e nas condições de trabalho, conquistados historicamente.
Finalmente, exigimos que se construa no Brasil uma justa política que garanta os direitos dos atingidos pelas barragens, recuperando as condições de vida e de trabalho daqueles que tiveram ou que correm o risco de ter que sair da sua terra para a construção das hidrelétricas.
Água e Energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular.
Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB - Brasil)
Atendimento à imprensa: (11) 9 7023 8396 (Alexânia)
Website: www.mabnacional.org.br
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- Andrea
Começou hoje, 21 de janeiro, uma nova ação do governo do estado de São Paulo, junto a usuários de crack na região central da capital paulista, conhecida como Cracolândia. Desta vez, a ação prevê a internação compulsória da população que faz uso de crack.
Movimentos sociais e entidades de defesa dos direitos humanos, entre elas o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, avaliam que a ação é autoritária e de caráter higienista, definida por interesses econômicos e políticos e não de saúde, como se pretende propagandear.
Além disso, a internação compulsória é prevista apenas depois de esgotadas todas as formas de tratamento e cuidado, não devendo ser utilizada como primeira opção, como pretende a ação do governo do estado. Dessa forma, a ação prevista fere os direitos humanos, a autonomia do sujeito que está vulnerável por usar drogas ou morar na rua e não representa de fato a solução ao grave problema de consumo de crack na cidade.
Em janeiro de 2012, uma ação da prefeitura de São Paulo, com apoio do governo estadual e grande apoio popular, a operação Centro Legal, foi considerada desastrosa por diversos setores da sociedade que defendem o cuidado daquela população e luta pela efetivação de políticas públicas de educação, saúde, assistência social, cultura, habitação, entre outras. Usando de violência, a polícia militar colocou a perder um trabalho de anos desenvolvido por trabalhadores da saúde, assistência social, defensoria pública e de entidades sociais.
O uso de internação compulsória não pode ser considerada como política pública de cuidado com esta população. É preciso enfrentar a questão de uma forma séria e coerente, por meio da implantação de uma rede de atenção psicossocial na cidade, criando novos espaços e potencializando os já existentes e combatendo, de fato, o tráfico de drogas local.
Hoje, na capital paulista, dos 17 CAPS (Centro de Assistência Psicossocial) Álcool e Drogas existentes, apenas dois são 24 horas, o que atesta a precariedade dos serviços públicos que atendam de modo efetivo essa problemática. Ainda, é necessário que o governo estadual esclareça para a população e para a família onde tais pessoas serão internadas e a qualidade da internação que lhe será "oferecida", assim como a proposta de tratamento que será aplicada, já que este é um direito destas pessoas.
Fonte: Sindicato dos Psicólogos de São Paulo.
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- Andrea
As autoridades angolanas suspenderam as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus e interditaram os cultos e demais atividades de outras seis igrejas evangélicas, não legalizadas, segundo um comunicado enviado neste sábado (02) à agência pública de notícias de Portugal, a Lusa. A suspensão das atividades da Universal é uma das conclusões da Comissão de Inquérito nomeada pelo presidente José Eduardo dos Santos, na sequência da morte de 16 pessoas, por asfixia e esmagamento, no último dia 31 de dezembro, na capital angolana.
"Dia do Fim"
O culto, denominado "Vigília do Dia do Fim", concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela. No comunicado enviado à Lusa, o governo anuncia que a Procuradoria Geral da República vai "aprofundar as investigações e a consequente responsabilização civil e criminal".
A Comissão de Inquérito (CI) concluiu ainda que as mortes ocorreram devido à superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada por "publicidade enganosa".Dias antes da cerimônia, a Universal espalhou em Luanda publicidade sobre o evento, que chamou de "Dia do Fim". A propaganda convidava todos a "dar um fim a todos os problemas: doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas".
Para a Comissão de Inquérito esta publicidade criou, no seio dos fiéis, "uma enorme expectativa de verem resolvidos os seus problemas" e, socorrendo-se da legislação em vigor, classifica a difusão do evento como "criminosa e enganosa". A igreja também é acusada de não ter suspendido a cerimônia, mesmo depois de ter tido conhecimento da existência de vítimas mortais.
Outras igrejas tiveram atividades suspensas
Quanto à interdição de cultos e a outras atividades de seis igrejas evangélicas, a justificativa foi o fato de não estarem legalizadas. “Realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo às mesmas práticas da Universal”. As seis igrejas proibidas de levarem a cabo qualquer tipo de atividade são as igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.
O comunicado pede aos fiéis destas igrejas, e a toda a população em geral, que se mantenham "serenos" e cumpram "cabalmente as decisões tomadas". A Comissão de Inquérito, criada em 2 de janeiro pelo Presidente José Eduardo dos Santos, foi coordenada pelo ministro do Interior, Ângelo Tavares, com auxílio da ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, e integrada pelos ministros da Administração do Território, Bornito de Sousa, da Justiça, Rui Mangueira, da Saúde, José Van-Dúnem, e da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, além do governador da província de Luanda, Bento Bento.
Fonte: Agência Lusa; retirado de EBC.
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- Andrea
Apesar de publicação de relatório de identificação, comunidade de Pyelito Kue continua sem escola, sem saúde e sem terra para plantar.
Moradoras de Pyelito Kue (Foto: Ruy Sposati/Cimi)
Apesar da aprovação do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena (TI) Iguatemipegá I, no município de Iguatemi, região da fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, indígenas de Pyelito Kue ainda estão inseguros sobre seu futuro. Em reunião do conselho do Aty Guasu, lideranças de diversos tekoha – “o lugar onde se é” ou aldeia – avaliaram o momento político vivido pela comunidade.
Para a liderança de Pyelito, Líder Solano Lopes, “(a publicação dos estudos de) Pyelito foi uma vitória, foi um passo grande. Mas foi só um momento”, aponta. “Ainda estamos vivendo nesse pedaço de um hectare de terra, com muitos problemas”.
“Nós não temos acesso a nada. O lugar que nós estamos tem entrada e saída muito difíceis. Na época de frio, precisamos enfrentar o rio. As crianças precisam estudar. Ninguém está vindo cuidar da saúde. Aqui não dá pra plantar, precisamos de mais terra. Precisa abrir uma estrada urgentemente”, acusa Líder.
Reunião do Aty Guasu em Pyelito Kue (Ruy Sposati/Cimi)
Para a liderança Kaiowá Oriel Benites, do Aty Guasu – grande assembleia Guarani e Kaiowá -, a publicação foi saldo de um intenso processo de luta realizado em 2012, que constrangeu o governo a ponto de acelerar o processo demarcatório da terra indígena. “Ano passado tivemos muitas viagens. Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte... A luta foi muito grande”, expõe. “Pyelito Kue avançou muito porque lutou, porque escreveu. Assim, conseguiram várias opiniões públicas (favoráveis), pressionaram muito e o governo abriu mão e reconheceu como terra indígena. Mas tem muitas outras na mesma situação (sem estudos publicados), que estão na mesma condição de urgência”, diz. Além da terra, Oriel sustenta ser necessária a consecução de programas de governo que garantam a sustentabilidade e autonomia das comunidades. “A terra está voltando (para os indígenas) toda devastada, sem floresta”, afirma.
NEM 5%
A área identificada com 41.571 hectares de extensão é parte do Grupo de Trabalho (GT) da Bacia Iguatemipeguá, localizada nas proximidades da Terra Indígena Sassoró. “Isso não é nem 5% do que o povo Kaiowá reivindica”, afirma o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Mato Grosso do Sul, Flávio Machado.
Os Guarani e Kaiowá reivindicam pelo menos outros 70 tekoha no estado. Essas aldeias se inserem em outros territórios reivindicados pelos indígenas, organizados pela Funai em outros cinco Grupos de Trabalho (GT), responsáveis pela identificação das terras no MS. “Até quando vamos permitir situações como essa, onde, para conseguir a terra, famílias têm de estar dispostas a morrer, precisam ameaçar uma morte coletiva?”, questiona.
GT de Pyelito é o único em seis publicado pela Funai (Ruy Sposati/Cimi)
Segundo o coordenador, outros relatórios de GTs de terras Guarani e Kaiowá foram entregues à Funai há mais de um ano, como no caso do GT da TI Douradospeguá, cujos estudos foram entregues pelo antropólogo à Fundação em novembro de 2011 e até hoje não foram publicados. “A decisão do governo foi puramente política, frente ao constrangimento da carta de Pyelito. E há terras indígenas nessa situação há mais de 20 anos, onde quase nada foi feito”. No contexto da carta da comunidade, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deu um prazo de 30 dias para o órgão indigenista oficial despachar o relatório técnico.
No fim do ano passado, a comunidade de Pyelito divulgou uma carta afirmando a decisão de resistir em suas terras até as últimas consequências, o que despertou a atenção da opinião pública nacional e internacional.
Cerca de 1.800 indígenas habitam o território identificado pelo estudo, que comprovou que aquele território é de ocupação tradicional das famílias Kaiowá dos tekoha – Pyelito Kue e Mbarakay.
Proprietários rurais – entre eles, o da Fazenda Cambará, que incide sobre Pyelito – têm 90 dias, a partir da data de publicação, para se manifestar sobre o relatório. Posteriormente, a Funai revisará o documento e encaminhará ao Ministério da Justiça, que deverá publicar a portaria declaratória da TI.
Ruy Sposati, de Iguatemi (MS), para o Cimi, com informações da Funai.
Publicado também no site Campanha Guarani.
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Foi com surpresa e consternação que recebemos, no dia 19 de janeiro, a notícia do falecimento de nosso amigo João Zinclar. Sua morte, num acidente de ônibus quando retornava de um trabalho em Ipatinga (MG), foi tão rápida quanto o clicar da sua máquina para o registro de imagens inesquecíveis.
Zinclar começou a vida profissional como metalúrgico, mas percebeu logo cedo que outros caminhos o chamavam. A fotografia e o interesse por causas sociais se tornaram determinantes na sua vida. Pôs seu talento natural a serviço das grandes causas justas. Assim, andando conosco pelo São Francisco, retratou a decadência do Velho Chico, mas também a resistência, as lutas e as esperanças de nosso povo.
Seu livro fotográfico “O rio São Francisco e as Águas no Sertão”, lançado em 2010, com quase 200 imagens retratando o Velho Chico e o seu povo, foi nominado por Washington Novaes, em outras palavras, como “uma obra monumental”. Para Zinclar, colocar a sua fotografia a serviço da luta do povo era “gratificante”.
Solidarizamo-nos de todo coração com os familiares e amigos de João. Ele permanecerá conosco em cada luta do São Francisco, em cada rosto de nosso povo, em cada gota d’água ainda viva de nosso rio, perenizados na magia de suas fotos.
Articulação Popular São Francisco Vivo.
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Indígenas de YVY Katu (Japorã) e Ypo'i (Paranhos) poderão permanecer nas áreas ocupadas até a demarcação final do território que pertence a eles.
Barracos no tekohá Yvy katu, em Japorã
O Ministério Público Federal (MPF) conseguiu manter a suspensão de uma ordem de despejo contra indígenas da etnia guarani-kaiowá, em Japorã (MS). O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) acatou os argumentos do MPF e manteve decisão que suspende ordem de reintegração de posse determinada pela Justiça Federal de Naviraí (MS), em ação proposta pelo proprietário da Fazenda Remanso Guaçu, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, a 484 km de Campo Grande. A decisão do Órgão Especial do Tribunal, composto por 14 desembargadores, é de 9 de janeiro de 2013.
Os indígenas reivindicam parte da fazenda como sendo um Tekohá (“terra sagrada” em guarani, de ocupação tradicional pelos indígenas), do qual foram expulsos no processo de colonização do estado. A área ocupada atualmente foi demarcada judicialmente em 2004 e corresponde a 10% do total da fazenda.
O processo de demarcação da Terra Indígena Yvy Katu está adiantado. Uma área de 9494 hectares já foi declarada, pelo governo federal, como de tradicional ocupação indígena. A demarcação física já foi realizada e o processo deve ser enviado à presidência da República para homologação, ato final da demarcação.
O MPF demonstrou a necessidade de manutenção dos índios na área ocupada há 8 anos, até o final do processo de demarcação ou, no mínimo, até o julgamento final da ação possessória. A Procuradoria chamou a atenção para o fato de que "a situação fática presente naquele momento não se alterou", mas que perdurava, caso fosse determinada a retirada dos índios da área ocupada, "a ameaça de lesão à ordem, à saúde e à segurança públicas, bem como o relevante interesse público".
O Tribunal determinou a manutenção da suspensão da sentença de reintegração de posse, determinando que os índios sejam mantidos na área hoje ocupada (10% da Fazenda Remanso Guaçu).
Referência processual no TRF-3: 2012.03.00.000072-3
Ypo'i, outra vitória
Crianças caminham 1km até ônibus escolar
O Ministério Público Federal também conseguiu decisão semelhante do TRF-3, em relação aos indígenas guarani-kaiowá da aldeia Ypo'i, em Paranhos, sul de Mato Grosso do Sul. Na mesma sessão de 9 de janeiro foi mantida a suspensão de ordem de reintegração de posse, determinada pela Justiça Federal de Ponta Porã. O Tribunal seguiu entendimento do MPF, de que seria imprudente retirar os índios do local antes da demarcação do território. Com a decisão do TRF-3, a liminar fica suspensa e os índios poderão permanecer no local até a realização do laudo antropológico, que irá definir qual é a área efetivamente indígena na região.
Os indígenas vivem precariamente na área, em barracos de palha e sem acesso a água tratada ou eletricidade. Para ir à escola, crianças caminham cerca de 1 km até o local onde pegam o ônibus escolar. Em 2009, durante tentativa de expulsão dos indígenas, dois professores foram mortos. O corpo de um deles jamais foi encontrado. O MPF denunciou seis pessoas pelo envolvimento no ataque à comunidade, entre elas fazendeiros e políticos da região.
Imagens do acampamento Ypo'i, em Paranhos (MS)
Referência processual (Suspensão de Liminar) no TRF-3: 0035201-82.2010.4.03.0000
Fonte: Assessoria de Comunicação Social
Procuradoria Regional da República da 3ª Região
Fones: (11) 2192 8620/8766 e (11) 99167 3346
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twitter: @mpf_prr3
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- Andrea
Após uma década, esquema para controlar a mídia mineira se reestrutura através de especialistas para manter o controle sobre a mídia nacional.
Ávida por recursos, pois sem faturamento, devido a seu ultrapassado formato que não consegue concorrer com as mídias atuais, onde um pequeno blog é lido por um número superior de leitores que o maior jornal impresso que circula na mesma região, a grande imprensa regional e nacional agarra-se como tábua de salvação ao gigantesco volume de recursos distribuído na tentativa de eleger Aécio Neves.
Trata-se de um esquema gigantesco onde dinheiro público e privado se misturam. Operando através de um pool de agências de publicidade, transformou em insignificante o esquema montado por Marcos Valério, conhecido por Valérioduto. Integram este pool, RC Comunicação Ltda, MPM-Populus, FAZ&Branz, New Publicidade e Comunicação Integrada Ltda.
Ciente da impunidade e diante da imobilidade do Ministério Público imposta pela Procuradoria Geral de Justiça, centralizou-se em Minas, a serviço do governo de Minas Gerais, os maiores especialistas no desvio de dinheiro público e outras irregularidades praticadas através de agências de propaganda, que operou no Brasil nos últimos 10 anos.
Envolvidas na Operação “Caixa de Pandora”, estão a RC Comunicação Ltda e Branez Comunicação Total Ltda, integrante do consórcio com a mineira FAZ. As duas agências, segundo o Ministério Público,
operaram o esquema de lavagem de recursos públicos através de notas frias no Distrito Federal.
A Promotoria do DF informou ao Novojornal que:
“os contratos não especificavam a forma nem o conteúdo dos serviços de publicidade a serem prestados pelas empresas. Essa imprecisão, proibida pela Lei n° 8.666/93, na prática permite que se realize qualquer coisa, a qualquer momento e a qualquer preço. A Lei também exige a apresentação de orçamento detalhado para a licitação de obras e serviços públicos, enquanto nos contratos de publicidade em questão nem mesmo o valor final dos serviços está discriminado de forma clara”.
Baseada nas evidências, a Promotoria argumentou que:
“esses contratos são um meio para o governo manter à sua disposição empresas contratadas para prestar serviços deliberadamente indiscriminados, com valores altíssimos, limitados apenas pela disponibilidade orçamentária. O objetivo final dos contratos seria fazer propaganda ideológica, uma vez que muitas das ações publicitárias realizadas não apresentam caráter de informação, educação ou orientação social”.
A Propulus, integrante do consórcio com a MPM, que empresta apenas seus atestados, nada mais é que a sucessora da Espontânea Comunicação Ltda, envolvida no enorme esquema de corrupção na administração de Antônio Palocci à frente da prefeitura municipal de Ribeirão Preto (SP), entre 2001 e 2002.
A agência New, derivação da New Trade, de propriedade do cunhado de Ciro Gomes, envolvida no escândalo do Mensalão, além de atender o governo de Minas, atende ao Sistema FIEMG, CNI, Sebrae, FAEMG, AngloGold, Egesa, MMX e a Revista Veja BH.
A Lápis Raro, além do governo de Minas, atende a CBMM, Usiminas e a Rede Globo Minas e a Rádio Itatiaia. A Perfil atende a Cemig, BDMG, prefeitura de Belo Horizonte e o jornal Estado de Minas; sabidamente, todas estas instituições integram o projeto político de Aécio Neves.
Por recusarem participar deste esquema, as tradicionais agências de propaganda mineiras foram alijadas do processo, através de manobras nos procedimentos licitatórios. Informam estas empresas que as irregularidades ocorridas no certame foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual.
Inexplicavelmente, como se a distância entre Brasília, Ribeirão Preto e Belo Horizonte fosse enorme e estivéssemos em países diferentes, este grupo de empresas operam a luz do dia um esquema que movimenta, segundo especialistas, mais de R$ 65 milhões por mês.
E bem provável que na hora que estourar mais este escândalo as autoridades e grande parte da mídia nacional façam cara de assustados, como se não soubessem de nada. Foi criada a República Independente de Minas Gerais.
O governo de Minas e as empresas citadas foram consultadas e optaram por não falar, transferindo para o cliente tal tarefa.
Leia também:
Andréa Neves: A Dama de R$ 2 Bilhões de Reais
Documentos que fundamentam esta matéria
Empresas e consórcios que atendem o Governo de Minas
E-mail encaminhado ao Governo de Minas
E-mail encaminhado a RC Comunicação
Link das agências de propagandas citadas
Lápis Raro Agência de Comunicação Ltda
New Publicidade e Comunicação Integrada Ltda
Fonte: NovoJornal.
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- Andrea
Nós, da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais, vimos a público manifestar nossa concepção sobre uma efetiva busca da Verdade, Memória e Justiça na perspectiva daqueles que combateram e foram vítimas do terror de Estado perpetrado pela ditadura militar. Explicitamos também nossa posição crítica à concepção da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que fundamenta encaminhamentos que consideramos insatisfatórios, oportunistas e antidemocráticos . Abordaremos questões que constituem algumas das nossas exigências. Enquanto militantes e combatentes estamos convencidos que é a partir da explicitação do dissenso e da luta independente da classe trabalhadora e do movimento popular que faremos jus ao legado das companheiras e companheiros que combateram a ditadura militar e tombaram por ousar acreditar no sonho de uma sociedade igualitária, sem opressores e oprimidos.
Esclarecemos que esta Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça (MG) se formou a partir de atividades - manifestações, debates, intervenções, reuniões - realizadas com a participação de ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos, militantes, apoiadores, entidades e movimentos populares, sociais e políticos. O que nos une é o entendimento de que Verdade e Justiça são irredutíveis e que verdade e reconciliação, ao contrário, são termos excludentes: repudiamos, portanto, este binômio. Constatamos com indignação que o Estado brasileiro continua a deter gigantesco arsenal para o exercício da violência, acumulado em processo histórico de longa duração e consolidado nos vinte e um anos de ditadura militar sangrenta. O aparelho repressivo tentacular, então montado, segue operando e tem sido aperfeiçoado nestes 27 anos de transição conservadora: o Estado Penal vigente é o sucedâneo do Estado de Segurança Nacional – implantado pela ditadura militar.
É este o terrível legado da ditadura que institucionalizou a tortura, transformando-a em política de Estado. Institucionalizou também a cultura do sigilo, a fabricação do esquecimento, a mentira organizada, a destruição continuada do espaço público e a criminalização do dissenso. Tal legado continua em vigor, como mostram as seguintes evidências: a permanência da tortura e do aparato repressivo; a proibição do acesso aos arquivos da repressão; a não solução da questão dos mortos e desaparecidos políticos; a impunidade dos torturadores e assassinos de presos políticos e daqueles que cometem os mesmos crimes nos dias de hoje; a guerra generalizada contra os pobres; o genocídio institucionalizado contra pobres, negros e indígenas; a criminalização dos movimentos populares; a mais aberrante política de encarceramento em massa. Permanecem no poder – no legislativo, executivo, judiciário e na burocracia universitária – muitos daqueles que articularam o golpe e foram protagonistas da ditadura militar. Continuam em vigor as estruturas de dominação próprias de um Estado de Exceção permanente, potencializadas pelo totalitarismo de mercado.
Ainda não conquistamos o direito à verdade, à memória e à história, o que passa necessariamente, reiteramos, pela luta independente da classe trabalhadora e do movimento popular. Consideramos inaceitável a Comissão Nacional da Verdade que exclui a Justiça, cuja efetividade foi comprometida desde o Projeto de Lei 7376, de 20 de maio de 2010. A Comissão da Verdade sem Justiça, instaurada pela lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, expressa o caráter de classe exploradora do governo, de sua base aliada e do conjunto dos parlamentares. Trata-se de interdição do debate público e de fidelidade ao compromisso imposto pelas forças armadas e pela burguesia – empresários, banqueiros, latifundiários, todos sob o mando do imperialismo estadunidense – que articularam e sustentaram a ditadura militar. A sua essência é constituída pela manutenção da impunidade – ou melhor, da inimputabilidade – dos torturadores e assassinos de opositores e pela consolidação de uma cultura da conciliação. A tortura e a estratégia do esquecimento se mantêm, assim, como duas das instituições mais sólidas do país.
A seguir, nossos questionamentos mais pontuais relativos à CNV e as nossas propostas de luta:
• A CNV tem passado ao largo daqueles que foram diretamente atingidos pela repressão – as audiências não são amplamente divulgadas. São flagrantes hierarquização, institucionalização e elitização. Privilegiam-se os chamados especialistas – academia, instituições, corporações profissionais – em detrimento da abertura de interlocução com os familiares de mortos e desaparecidos políticos, os ex-presos políticos, a militância e os movimentos populares, que têm sido alijados do processo.
• Predominam na CNV a cultura do sigilo, as reuniões fechadas, a falta de transparência e de clareza quanto aos critérios de escolha dos temas e da implementação dos trabalhos. Privilegia-se também interlocução com as Forças Armadas, que constituem o mais evidente réu neste processo. Não há, por parte da CNV, cobrança da abertura dos arquivos da repressão. Menos ainda iniciativas no sentido da convocação daqueles que já foram nomeados e responsabilizados por crimes de lesa humanidade a partir de luta realizada em mais de quatro décadas pelos familiares e movimentos que lutaram contra a ditadura e mantiveram esta bandeira hasteada.
Este formato da CNV inviabiliza até mesmo o início da discussão de questões que consideramos candentes para as quais a Frente Independente pela Verdade, Memória e Justiça (MG) envidará todos os seus esforços:
• solução da questão dos mortos e desaparecidos políticos;
• localização dos cemitérios clandestinos mineiros;
• responsabilização e punição dos sobejamente conhecidos torturadores e assassinos dos opositores: no Projeto Brasil Nunca Mais, por exemplo, há uma lista de 444 nomes – não exaustiva – realizada a partir das denúncias em juízo (na esfera do Superior Tribunal Militar/STM), feitas pelos presos políticos; há também os documentos elaborados pelos presos políticos nos porões da ditadura, retirados clandestinamente e divulgados no Brasil e no mundo – estes se constituíram importantíssimos instrumentos de denúncia dos crimes da ditadura militar brasileira;
• necessidade de acrescentar à lista dos mortos e desaparecidos políticos os nomes dos trabalhadores do campo e indígenas massacrados pelo latifúndio e o Estado neste período; aprofundamento da denúncia do papel da Polícia Militar de Minas Gerais no monitoramento e repressão às comunidades indígenas; localização do Reformatório Krenak (Resplendor-MG) e da Fazenda Guarani (Carmésia-MG), pertencente à PMMG, que se tornaram verdadeiros campos de concentração étnicos durante a ditadura militar;
• retirada dos obstáculos interpostos ao acesso aos arquivos da repressão, todos eles – do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, SNI, Itamarati, Assessorias Especiais de Segurança Interna/AESIs das instituições, 2º Setor da PMMG/P2;
• superação das limitações e lacunas inaceitáveis quanto aos arquivos do DOPS, que já estão sob a guarda do Arquivo Público Mineiro; resgate do material que ainda não foi repassado ao Arquivo Público Mineiro;
• transformação dos centros de tortura - com destaque para o antigo DOPS - em lugares de memória, na perspectiva daqueles que combateram e foram vítimas do terror de Estado;
• mudança dos nomes dos logradouros públicos que homenageiam ditadores, torturadores, assassinos, patrocinadores e colaboradores da ditadura militar; defendemos que estes espaços sejam rebatizados com os nomes daqueles que foram mortos nos porões da ditadura e daqueles que lutaram contra o terror de Estado;
• problematização do questionável Memorial da Anistia, articulado na cúpula do poder executivo e da burocracia universitária.
Reiteramos que temos como questão de princípio a responsabilização e punição de todos aqueles que cometeram crimes contra a humanidade. O Estado brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 14 de dezembro de 2010, exatamente pela prática destes crimes, tendo sido considerado culpado pelo extermínio dos guerrilheiros do Araguaia. A Corte Interamericana dos Direitos Humanos determinou que os restos mortais destes companheiros sejam devolvidos às famílias e que os responsáveis sejam punidos, assim como todos que praticaram crimes semelhantes durante a ditadura. Determinou também que os arquivos da ditadura sejam abertos, que sejam removidos todos os obstáculos para a punição dos responsáveis pelas torturas, mortes e desaparecimentos e que a sociedade brasileira tenha, finalmente, acesso à sua própria história. Até agora, nada foi feito no que se refere ao cumprimento da sentença.
Sabemos que somente o combate da classe trabalhadora e do movimento popular terá condições de erradicar de vez estas iniquidades do Estado brasileiro. A única maneira de reverter esta situação de barbárie é o fortalecimento da nossa luta com independência aos governos e à institucionalidade, com radicalidade, unidade, democracia e horizontalidade.
Pelo direito à Verdade, Memória e Justiça!
Pela luta independente em relação aos governos e à institucionalidade!
Abaixo a farsa da CNV!
Todo apoio às iniciativas dos trabalhadores e movimento popular de construção de comissões independentes de memória, verdade e justiça!
Pelo cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos que condenou o Estado brasileiro a resolver a questão dos mortos e desaparecidos políticos!
Pela abertura irrestrita dos arquivos da repressão!
Pela punição dos torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar!
Pela erradicação da tortura e pelo desmantelamento do aparato repressivo!
Abaixo a repressão no campo e na cidade! Abaixo as UPPs e invasões policiais e militares dos morros, universidades, ocupações e favelas!
Abaixo o latifúndio! Terra para quem nela trabalha!
Pelo fim do genocídio dos jovens, negros, indígenas e pobres!
Pelo fim da criminalização dos pobres, dos movimentos populares e da luta política!
Compõem a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça-MG:
Associação dos Geógrafos Brasileiros-SL BH
Associação dos Perseguidos Político
Coletivo Nada Frágil
Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais/ CRESS-MG
Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania/IHG
Juventude às Ruas
Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional/LER-QI-BH
Liga Operária
Movimento Estudantil Popular e Revolucionário/MEPR
Movimento Feminino Popular/MFP
Movimento Mulheres em Luta/MML
Partido Comunista Brasileiro/PCB
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado/PSTU
Partido Socialismo e Liberdade/PSOL-BH
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe
CSP-Conlutas Central Sindical e Popular
Sindicato de Advogados-MG
Sind-Rede
• Ex-presos políticos : José Francisco Neres, Nilcea Moraleida, Oraldo Paiva.
• Familiares de mortos e desaparecidos políticos: Eliana Maria Piló Alexandrino ( irmã de Pedro Alexadrino, guerrilheiro desaparecido no Araguaia); Maria Leonor Pereira Marques e Maria de Fátima Marques Macedo (mãe e irmã de Paulo Roberto Pereira Marque, guerrilheiro desaparecido no Araguaia); Mônica Eustáquio Fonseca (irmã de Adriano Fonseca Filho, guerrilheiro desaparecido no Araguaia), Valéria Costa Couto ( irmã de Walquíria Afonso Costa, guerrilheira desaparecida no Araguaia).
Fonte: PSTU Minas Gerais.
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- Andrea
Número de países "não livres" ou "parcialmente livres" ultrapassa o dos livres no relatório da Freedom House sobre a liberdade no mundo em 2012.
Há mais democracias do que ditaduras no mundo, mas o número de países totalmente livres ainda é a minoria. Segundo o mais recente relatório sobre a liberdade no mundo do think tank norte-americano Freedom House, apesar de haver 117 democracias, apenas 90 países são livres. Um número inferior ao da soma dos considerados “não livres”(47) com o dos “parcialmente livres”, que são 58.
Pelo sétimo ano consecutivo, em 2012 foram mais os países que pioraram (27), do que aqueles em que houve melhorias (16) no que diz respeito aos direitos políticos e liberdades civis. O relatório Freedom in the World (disponível aqui em PDF) alerta ainda para um “reacender das campanhas de perseguição dos ditadores especificamente dirigidas às organizações da sociedade civil e aos meios de comunicação independentes”.
No topo da lista dos países em que se registraram melhorias mais significativas de 2008 para 2012 estão a Líbia e a Tunísia, onde em 2011 as revoltas da Primavera Árabe derrubaram Muammar Khadafi e Zine El Abidine Ben Ali. A Líbia registrou um dos maiores avanços nas quatro décadas ao longo das quais o relatório tem sido publicado.
Também no Egito, onde no mesmo ano foi deposto o presidente Hosni Mubarak, houve progressos, mas foram “modestos”. Depois das primeiras eleições, em que Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi eleito presidente, o país mergulhou numa crise constitucional. Ainda assim, estes três países passaram de “não livres” a “parcialmente livres” na classificação utilizada pelo think tank norte-americano para medir a liberdade.
No entanto, “os progressos conseguidos nos países da Primavera Árabe desencadearam uma reação, por vezes violenta, dos líderes autoritários por todo o Oriente Médio”, alerta o relatório. E isso resultou em recuos em países como o Iraque, a Jordânia, o Kuwait, o Líbano, Omã, a Síria e os Emirados Árabes Unidos. Há quase dois anos mergulhada numa crise desencadeada pela violenta repressão dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad, a Síria é “de longe” o país mais afetado por esta tendência.
“Especialmente desde a Primavera Árabe, (os líderes autoritários) estão nervosos, o que explica a perseguição intensificada aos movimentos populares para a mudança”, afirma Arch Puddington, vice-presidente da Freedom House numa nota que acompanha o relatório.
Entre os que mais melhoraram está também – além dos três países árabes que recentemente viram cair os seus regimes – a Birmânia, pela série de reformas que a junta militar tem vindo a fazer; 2012 ficou marcado por acontecimentos como a entrada no Parlamento do partido da opositora ao regime Aung Suu Kyi.
A Rússia de Vladimir Putin é outro dos casos que o relatório destaca pela negativa. É considerada um país “não livre” e piorou com o regresso de Putin à presidência.
Os países menos livres no mundo – que foram classificados com a pontuação mais baixa possível neste relatório – são a Coreia do Norte, o Turcomenistão, o Uzbequistão, o Sudão, a Guiné Equatorial, a Eritreia, a Arábia Saudita, a Síria e a Somália. À lista juntam-se dois territórios, o Tibete, controlado pela China, e o Saara Ocidental, por Marrocos.
Por Claudia Sobral, Diário Público de Portugal.
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- Rodrigo Vianna
Na praça Clóvis/Minha carteira foi batida/Tinha vinte e cinco cruzeiros/E o teu retrato...
Vinte e cinco/Eu, francamente, achei barato/Pra me livrarem/Do meu atraso de vida
(Paulo Vanzolini, “Praça Clóvis”)
Um advogado amigo costuma dizer: “no Rio, a Globo joga em casa”.
Hoje, tivemos mais uma prova. Ano passado, fui condenado em primeira instância, num processo movido pelo diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel. Importante dizer: a juíza na primeira instância não me permitiu apresentar testemunhas, laudos, coisa nenhuma. Acolheu na íntegra a argumentação do diretor da Globo – sem que eu tivesse sequer a chance de estar à frente da meritíssima para esclarecer minhas posições.
Recorremos ao Tribunal de Justiça, também no Rio. Antes de discutir o mérito da ação, pedimos que o TJ analisasse um “agravo retido” (espécie de recurso prévio) que obrigasse a primeira instância a ouvir as testemunhas de defesa e os especialistas de duas universidades que gostaríamos de ver consultados na ação.
O Tribunal, em decisão proferida nessa terça-feira (15/01), ignorou quase integralmente nossa argumentação. Negou o agravo e, no mérito, deu provimento apenas parcial à nossa apelação – reduzindo o valor da indenização que a meritíssima de primeira instância fixara em absurdos 50 mil reais. Ato contínuo, certos blogs da direita midiática começaram a dar repercussão à decisão. Claro! São todos fidelíssimos aos patrões e ao diretor da Globo, na luta que estes travam contra outros jornalistas.
Sobre esse processo, gostaria de esclarecer alguns pontos. Primeiro, cabe recurso e vamos recorrer!
Segundo, está claro que Ali Kamel usa a Justiça para se vingar de todos aqueles que criticam o papel por ele exercido à frente da maior emissora de TV do país. Kamel foi derrotado duas vezes nas urnas: perdeu em 2006 (quando a Globo alinhou-se ao delegado Bruno na véspera do primeiro turno, num episódio muito bem narrado pela CartaCapital, naquela época) e perdeu em 2010 (quando o episódio da “bolinha de papel” foi desmascarado pelos blogs e redes sociais).
Contra as quotas, contra o Bolsa-Família, contra os avanços dos anos Lula: Kamel é um dos ideólogos da direita derrotada. Por isso mesmo, era chamado na Globo de “Ratzinger”.
Em 2010, Ali Kamel virou alvo de críticas fortes (mas nem por isso injustas) na internet. Deveria estar preparado pra isso. Dirige o jornalismo de uma emissora acostumada a usar seu poder para influir em eleições. Passadas as eleições de 2010, Kamel muniu-se de uma espécie de “furor processório”. Iniciou ações judiciais contra esse escrevinhador, e também contra Azenha (VioMundo), Marco Aurélio (Doladodelá), CloacaNews, Nassif, PH Amorim... Todas praticamente simultâneas. Estava claro que Kamel pretendia mandar um recado: “utilizarei minhas armas para o contra-ataque; não farei o debate público, de conteúdo, partirei para a revanche judicial”.
Advogados costumam dizer que em casos assim “o processo já é a pena”. Ou seja: o processante tem apoio da maior emissora do país, conta com advogados bem pagos e uma estrutura gigantesca. O processado (ou os processados) são jornalistas e blogueiros “sujos”, sem eira nem beira. O objetivo é sufocar-nos (financeiramente) com os processos.
Está enganado o senhor Ali Kamel. Aqui desse lado há gente que não se intimida tão facilmente.
Não tenho contra Kamel nada pessoal. Conversei com ele sempre de forma civilizada quando trabalhei na Globo. Troquei com ele alguns emails cordiais – como costumo fazer com todos colegas ou chefes. Kamel utilizou um desses e-mails pessoais na ação judicial, como se quisesse afirmar: “ele gostava de mim quando estava na Globo, deixou de gostar quando saiu da Globo.”
Ora, a questão não é pessoal. Tinha por Kamel respeito, até que comprovei de perto algumas atitudes estranhas (vetos a matérias), culminando com a atuação dele na cobertura do caso dos “aloprados” na eleição de 2006. Na época, eu trabalhava na Globo. Saí da emissora por causa disso. E passei a não mais respeitar Ali Kamel profissionalmente. O discurso que ele fazia na Redação antes de 2006 (“todos podem ser ouvidos, há espaço para crítica”) era falso.
Quem criticou ou dissentiu foi colocado na “geladeira” e “expurgado”. Isso está claro. Azenha, Marco Aurelio Mello, Carlos Dornelles e Franklin Martins estão aí para mostrar...
De resto, a utilização de e-mails (estritamente pessoais) numa ação não é ilegal. Mas mostra o grau apurado de ética de quem os utiliza como ferramenta da luta política e judicial.
No meu caso, a acusação é de ter “espalhado” pela internet que ele seria um “ator pornográfico”. Quem lê os textos que escrevi neste blog sobre a infeliz homonímia (um ator pornô nos anos 80, aparentemente, usava o mesmo nome que ele – Ali Kamel) logo percebe: em nenhum momento disse que Ali Kamel (o jornalista) seria o Ali Kamel (ator pornográfico).
Não afirmei que eram a mesma pessoa nem neguei que o fossem. Não sabia, e isso pouco importava. Apenas usei a coincidência como mote para a crítica, em textos claramente opinativos: pornográfico, sim, é o jornalismo que Ali Kamel pratica tantas vezes à frente da Globo. Foi essa a afirmação que fiz em seguidos textos. Muitas vezes, de forma bem-humorada.
Na apelação ao Tribunal, mostramos como seria importante a juíza de primeira instância ter consultado especialistas em Comunicação (indicamos ao menos dois) para entender a diferença entre opinião e informação. E para entender a centralidade do uso do humor na crítica política.
Mostramos em nossa defesa, ainda, como o impoluto comentarista (e ex-cineasta) Arnaldo Jabor utilizou-se de mote parecido no título de um livro que fez publicar: “Pornopolítica”.
Se há uma “pornopolítica”, por que não posso falar em “jornalismo pornográfico”?
Só a Globo e seus comentaristas podem recorrer a metáforas? Parece que sim. Especialmente no Rio de Janeiro. No Rio, a Globo joga em casa.
Vamos recorrer aos tribunais de Brasília. Não que eu tenha grandes esperanças de ver magistrados na capital federal a enfrentar o diretor de jornalismo da Globo. Mas vou utilizar as armas que tenho.
Mais que isso: se Kamel pensava em calar ou intimidar seus críticos, vai se dar mal. Esse processo vai ajudar a mobilizar aqueles que lutam contra os monopólios de mídia no Brasil.
Vai ajudar a escancarar a hipocrisia daqueles que na ANJ e na SIP pedem “ampla liberdade de crítica”, daqueles que usam Institutos Milleniuns para exigir “que não se criem travas ao humor como ferramenta de crítica”, mas que fazem tudo ao contrário quando são eles os objetos da crítica e do humor.
Kamel pode até ganhar no Rio. Pode ganhar no STJ, STF, CNJ, SIP, ANJ, sei lá onde mais. Mas perderá na história. Aliás, já perdeu. Na testa dele está o carimbo (justo ou injusto? o público pode julgar...) de “manipulador de eleições”. Manipulador frustrado, diga-se. Porque segue a perder. No Brasil, na Venezuela, na Argentina...
A Justiça quer que eu pague 20 mil, 30 mil ou 50 mil pro Ali Kamel? Acho absurda a condenação. Mas se for obrigado, eu pago até com certo gosto. Levo lá no Jardim Botânico o cheque pra ele. Ou entrego no apartamento onde ele vive, de frente pro mar na zona sul – palco, vez ou outra, de brigas com os vizinhos que também acabam na Justiça.
Essa condenação, que ainda lutarei para reverter, lembra-me a belíssima letra de Paulo Vanzolini – com a qual abri esse texto...
Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, eu pago! Só que seguirei a fazer - aqui – o contraponto ao jornalismo que você dirige.
Tudo bem, Kamel, se você e a Justiça fizerem questão, esgotados todos os recursos, eu pago!
Eu pago. Vê-lo derrotado frente à história: não tem preço.
Fonte: Escrevinhador, blog do autor do texto, o jornalista Rodrigo Vianna.