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Neste ano de 2012, o grande capital, o governo Alckmin e a polícia do estado de São Paulo vêm em conjunto dando mostras de que atualmente o desenvolvimento só prospera de mãos dadas com a barbárie mais insana. Já no mês de janeiro fomos surpreendidos pela brutalidade indescritível que a tríade empregou no despejo dos 8 mil moradores do bairro do Pinheirinho, município de São José dos Campos. Motivo: favorecer o interesse do megainvestidor Naji Nahas. Mais recentemente, acompanhamos, estarrecidos, o despejo de um número imenso de moradores de favelas bem localizadas na cidade de São Paulo, mediante uma série de incêndios muito suspeitos. Motivo: favorecer o avanço dos setores econômicos envolvidos na especulação imobiliária.
No mês de junho, as 68 famílias do Assentamento Milton Santos, do MST, localizado no município de Americana, região metropolitana de Campinas, receberam ordem de despejo a ser cumprida a qualquer momento a partir de 15 de outubro próximo. Motivo: reverter um adiantado processo de desapropriação de terras em cumprimento de sua função social e favorecer o interesse da falida família Abdalla, antiga proprietária da área e condenada por dívidas gigantescas contraídas, sobretudo, com os trabalhadores sob sua “responsabilidade”.
Recordando: o Assentamento Milton Santos resultou de muita luta pela reforma agrária, foram várias ocupações até que finalmente a posse da terra foi repassada do INSS para o INCRA, dando início ao projeto de assentamento. Em 23 de dezembro de 2005, as famílias estabeleceram-se na área de 104 hectares, encravada no interior de 17000 hectares de cana da Usina Ester. Desde então, tem sido árdua e permanente a luta pelo estabelecimento dos assentados em seus lotes. Construíram casas de alvenaria, roças e as benfeitorias mais diversas para garantir a produção e a reprodução de sua sobrevivência. Trata-se, portanto, de um assentamento consolidado pelo esforço sem trégua de seus moradores.
Esses e inúmeros outros casos decorrem, em todas as regiões do país, da hegemonia neoliberal exercida pelo setor financeiro, pelo agronegócio, pela construção civil, pela mineração, pelo complexo industrial militar e pela indústria que cresce sob a lógica do desperdício. O avanço desenfreado do capital vem provocando a mais séria devastação ambiental do planeta e a mais absoluta miséria a milhões de famílias trabalhadoras no Brasil e no mundo inteiro.
Frente aos métodos cada vez mais brutais que se vem empregando a fim de garantir a permanência dessa hegemonia, NADA até aqui garante que os moradores do Assentamento Milton Santos, na defesa legítima de suas conquistas, não sejam as próximas vítimas da truculência daqueles três poderes estabelecidos em São Paulo.
Por isso é que nós, abaixo-assinados, repudiamos todo e qualquer tipo de violência física e moral que porventura venha a ser cometida contra o Assentamento Milton Santos. Para tanto, ficaremos em ESTADO DE ALERTA às formas pelas quais o INCRA e demais autoridades conduzirão as negociações com a comissão dos assentados constituída para tal.
E, mais, exigimos a urgente desapropriação por interesse social da área para que essas famílias tenham, enfim, a possibilidade de recompor a dignidade vorazmente solapada pelo espectro do desemprego estrutural e todas as demais formas atuais de trabalho e de vida degradantes, seja no campo, seja na cidade.
Americana, 12 de Outubro de 2012.
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Signatários
Regional do MST- Campinas
Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas
Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira
Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp
Alternativa Sindical Socialista - ASS
Fábrica Ocupada Flaskô
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU
Partido Comunista Brasileiro – PCB
Diretório Central Estudantil da UNICAMP - DCE
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares – ITCP
Coletivo Universidade Popular – UP
Coletivo de Comunicadores Populares – Campinas
Associação de Pós-Graduandos da Faculdade de Educação - UNICAMP
Heloisa Fernandes – prof. USP
Ricardo Antunes – prof. UNICAMP
Plinio de Arruda Sampaio Jr. – prof. UNICAMP
Maria Orlanda Pinassi – profa. UNESP
Paulo Arantes – prof. USP
Virginia Fontes – prof. FIOCRUZ
João Bernardo – escritor - Portugal
Caio Navarro de Toledo – prof. UNICAMP
Reinaldo Carcanholo – prof. UFES
Leda Paulani – prof. USP
Edmundo Fernandes Dias – prof. UNICAMP
David Maciel – prof. UFG
José Claudinei Lombardi – prof. HISTEDBR/UNICAMP
Ivana Jinkings - editora
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Após o não cumprimento de acordos por parte da Norte Energia, ocupação permanecerá até que todas as reivindicações sejam atendidas, dizem indígenas.
Por volta das 19h desta segunda-feira (8), cerca de 120 manifestantes indígenas das etnias Xipaia, Kuruaia, Parakanã, Arara do rio Iririr, Juruna, e Assurini uniram-se aos pescadores, que estão há 24 dias protestando contra o barramento definitivo do rio Xingu (PA), e ocuparam novamente a ensecadeira do canteiro de obras de Pimental para paralisar a construção de Belo Monte. Os indígenas tomaram as chaves de caminhões e tratores na ensecadeira, e os trabalhadores tiveram que deixar o local a pé.
De acordo com os manifestantes, a ação, que é pacífica, ocorre em função do completo descumprimento dos acordos firmados pelo Consórcio Norte Energia com os indígenas depois da última ocupação da ensecadeira, entre junho e julho deste ano: o não cumprimento de grande parte das condicionantes, a total falta de diálogo da empresa com os pescadores e a ameaça concreta de alagamento de parte de Altamira com o barramento definitivo do rio Xingu. Pequenos agricultores, moradores de Altamira e oleiros da região devem se juntar aos protestos ao longo da semana.
Os manifestantes acusam o empreendimento de fechar o rio sem que tenha sido solucionada a transposição de barcos de um lado a outro da ensecadeira, como exige a Licença de Instalação (LI) outorgada pelo Ibama.
De acordo com o órgão, o fechamento do rio não poderá ocorrer e a empresa não poderá interromper o fluxo de embarcações até que o sistema provisório de transposição de embarcações esteja em pleno funcionamento (item 2.6 da LI).
Segundo os pescadores, a ensecadeira, que tem mais de 5 km, deve ser concluída nos próximos dias. “O que temos aqui é uma cena de terra arrasada. A ilha de Pimental foi completamente destruída, só é árvore no chão, e a água está podre. É muito chocante”, afirma um dos manifestantes.
De acordo com os indígenas, desta vez a ocupação deve permanecer até que todos os acordos firmados em julho tenham sido cumpridos. Os pescadores também reafirmam a intenção de permanecer por tempo indeterminado.
Mais informação:
Maira Irigaray: (93) 8803-8406
Ana Laide: (93) 8801-707
Comunicação Xingu Vivo Para Sempre
Verena Glass – 11 99853-9950
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Ferramenta torna visível algo que os jornais não mostram: as dimensões dos despejos de comunidades que estão no caminho de grandes obras urbanas.
Procurando evidenciar a dimensão e as consequências das expulsões de comunidades para operações urbanas na cidade de São Paulo, professores, estudantes e arquitetos da FAU criaram o Observatório das Remoções. Sua proposta é mapear informações de pesquisas (dos laboratórios LabCidade e LabHab, também da FAU) e denúncias recebidas pela Relatoria Especial pelo Direito à Moradia da ONU.
Um dos primeiros resultados é o mapa abaixo, feito com ferramenta do Google Maps. Mostra detalhadamente cada comunidade afetada: as que já foram removidas, as que estão notificadas e em obras e as que estão no caminho de um projeto já definido (link para o mapa). Ao clicar em cada ponto, é possível obter mais informações sobre a comunidade, inclusive o número de famílias que a constituem e qual seu destino. Em outro mapa, estão representados também os projetos que serão construídos em cada local.
O Observatório é essencial para a compreensão dos processos de segregação que estão em curso na cidade, gerados pela especulação imobiliária crescente. Escancara o grande número de projetos criados para tomarem lugar de áreas onde atualmente vivem milhares de famílias, de forma muitas vezes precária. Os motivos alegados para as remoções são os mais diversos, desde obras para o metrô, reocupação de prédios privados que foram invadidos, projeto de mananciais, construção de parques e até o Rodoanel. A pesquisa aponta que muitas das famílias que já foram removidas não têm o apoio necessário.
O objetivo do grupo é mostrar a dimensão das operações urbanas que afetam diversas comunidades, assim como torná-las mais transparentes para fortalecer o debate sobre elas. Além disso, os mapas também servem como ferramenta para as comunidades se informarem e analisarem sua situação, o que ajuda a deixá-las menos vulneráveis.
Por Gabriela Leite, Outras Palavras.
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PSOL entrará com ADIn no Supremo pedindo anulação da Reforma da Previdência.
Para o partido, confirmação da compra de votos no julgamento do mensalão gera inconstitucionalidade da Reforma pela contaminação do processo legislativo. Ação deve ser protocolada após a publicação do acórdão da AP 470.
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) deve entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação da votação da Reforma da Previdência aprovada durante o governo Lula. A decisão foi tomada pela direção do partido nesta quarta-feira (3) com base nos votos dos ministros no julgamento do mensalão apontando a compra de votos no Congresso para apoio a projetos do governo Lula.
Segundo a assessoria jurídica do PSOL, se confirmada a tendência manifestada pelos ministros, o processo legislativo que aprovou a Reforma da Previdência estará contaminado, gerando uma inconstitucionalidade formal na lei. Haveria um vício de legitimidade e uma série de afrontas constitucionais ao processo legislativo.
O partido esperará a publicação do acórdão da AP 470 e a confirmação da posição da maioria dos ministros para formalizar a ADIn.
“O PSOL nasceu da luta contra a Reforma na Previdência, um dos maiores ataques do governo Lula aos direitos dos trabalhadores. Diante da confirmação de que esta votação foi contaminada e violou os princípios do processo legislativo, não podemos silenciar e admitir que tudo continue como está”, afirmou o deputado federal Ivan Valente, presidente nacional do PSOL. “Essa e outras leis que foram aprovadas em votações apertadas e que tiveram conseqüências significativas para o país e para os direitos dos trabalhadores podem e devem ser questionadas”, concluiu.
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Recado à SIP: Basta de enganação!
Manifesto assinado por dezenas de personalidades e ativistas sociais rechaça tentativa da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) de colocar no banco dos réus os governos que têm assumido a responsabilidade de abrir caminhos à perspectiva de avançar na democratização dos meios de comunicação. Documento reafirma compromisso com a democratização da comunicação e apoio às iniciativas dos governos nesta direção.
De 12 a 16 de outubro, em São Paulo, ocorre a 68ª Assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Este evento, formado fundamentalmente pelos grandes meios de comunicação corporativos, tem previsto “examinar” a situação da liberdade de expressão no continente, com o explícito propósito de colocar no banco dos réus os governos que têm assumido a responsabilidade de abrir caminhos à perspectiva de avançar na democratização dos meios de comunicação.
De fato, em São Paulo se busca armar um novo episódio da campanha midiática empreendida por este cartel para mostrar que seu poder acumulado é intocável. Isto é, que qualquer iniciativa que pretenda propiciar maior diversidade e pluralidade no mundo midiático deve ser condenada por “atentar contra a liberdade de expressão”, obviamente, uma prerrogativa sua.
Com os ventos de mudanças que sopram em nossa região, porém, o que se torna cada vez mais evidente é que padecemos de um sistema midiático em que predominam grandes grupos familiares que concentram e monopolizam o setor, articulados organicamente ao conjunto de poderes reais, imbuídos de critérios patrimonialistas e com uma lógica eminentemente comercial, só para assinalar algumas características. A partir desta posição de força, este sistema alardeia que em matéria de comunicação não se deve estabelecer nenhuma regulamentação, com a premissa de que a melhor lei é aquela que não existe. Em suma: somos intocáveis e aquele que ouse romper esta regra será condenado por atentar contra a “liberdade de expressão”.
Os que subescrevem este comunicado rechaçam a nova impostura que a SIP pretende instrumentalizar e reafirmam o compromisso com a democratização da comunicação, com o consequente respaldo às iniciativas dos governos consequentes com esta causa.
Adolfo Pérez Esquivel, premio Nobel de la Paz, Argentina
Ignacio Ramonet, Francia
Altamiro Borges, Brasil
Néstor Busso. Argentina
Oscar Ugarteche. México/Perú
Emir Sader, Brasil
Monica Bruckmann, socióloga, Universidad Federal de Río de Janeiro
Raúl Zibechi, Uruguay
Aram Aharonian, uruguay/venezuela, fundador de Telesur
Osvaldo Léon, Ecuador
Sally Burch, Ecuador
Eduardo Tamayo, Ecuador
João Brant, Brasil
Laurindo Lalo Leal Filho, Brasil
Fernando Morais, Brasil
Conceição Lemes, Brasil
Eduardo Guimarães, Brasil
Renato Rovai, Brasil
Conceição Oliveira, Brasil
Néstor García Iturbe, Cuba
Pascual Serrano, España
Pedro Martínez Pírez, Cuba
Héctor Díaz-Polanco, México
Orlando Pérez, Director del diario público El Telégrafo
Marco A. Gandásegui Jr., Panamá
Wooldy Edson Louidor , Haití
Pablo Kunich Cabrera, ALBA TV / Venezuela
Claudio Katz, Argentina
Manuel Cabieses Donoso, Director de la revista "Punto Final", Santiago, Chile
Gilberto Lopes, Brasil/Costa Rica
Vìctor Ego Ducrot, Argentina
Ernesto Carmona Ulloa, Chile
Laura Carlsen, México/ EEUU
María C. Mata, Universidad Nacional de Córdoba - Argentina
Víctor Regalado, Periódico El Independiente de El Salvador
Percy Francisco Alvarado Godoy, Periodista, escritor y antiterrorista guatemalteco.
Angel San Juan Marciel, sociólogo
Raul Mogno, Argentina
Hernan Reyes Aguinaga, Universidad Andina Simón Bolívar / Ecuador
Mauro Cerbino, Ecuador-Italia
Alexandre de Souza Lira,
Rafael Pla López, Valencià-España
Paulo Cannabrava Filho, Brasil
Clara Aurrecoechea, Canal Sur Radio Huelva
Jorge Molina, Ecuador
Víctor L. Bacchetta, Uruguay
Juan Serrano
Silvya De Alarcon, Bolivia
Analia Averbuj, Argentina
Blanca Montoya, México
Lautaro Lavarello Jufré , Director de cine
Etnilumidad Films, Productora Audiovisual Costarricense
Sandra Aliaga Bruch, Bolivia
Roosevelt Barboza, Uruguayo-venezolano
Annalisa Melandri
Armando Grijalva
Julio C. Llanan Nogueira , docente investigador Unr
Jorge Carpio, Foro Ciudadano de Participación por la Justicia y los Derechos Humanos
Miguel Esquirol, Bolivia
Silvestre Díaz, Frenadeso Noticias / Panamá
Ana Inés López Accotto, Argentina
Pedro García, Venezuela
Juan Carlos Sánchez Mejía, Coordinador Programa de Transparencia FESPAD
Marcelo Faure, Argentina
David Morales Alba, Colombia
Julio Rudman, Periodista - Radio Nacional Mendoza
José Rouillon Delgado, Perú
Oscar A. Pérez , Comunicándonos (socia de AMARC) / El Salvador
Miguel Bortolini Castillo,
Manolo García , Coordinador Político SERJUS
Valter Xéu, jornalista / Brasil
Sergio Jones, jornalista / Brasil
Luiz Fernando Lima, jornalista / Brasil
Sara Vicente Ramón, Loja-Ecuador
Rigoberto Salas Aguilar
Jorge Insunza Becker, Directorio de Universidad Arcis, ex diputado/ Integrante C.Política de PC de Chile
Viviana Gómez, CEIL-CONICET / FSOC-UBA
Miriam Suárez Vargas, Bolivia
Margarita Merklen, Uruguay
Cristina Adrover, Argentina
Teresita Asilvera, Colectivo de Ex Detenidad Desaparecidas
Carmen Soler / Paraguay
Jorge miguel Soler, Comisión DD.HH Paraguayos Residentes en Bs As
Graciela Galeano, sub-comisión de Abrazo Solidario-Visita a los Presos y contención fliares
Norma Patiño , Programa "Memoria: la voz de las victimas del stronismo"
Daniel M. Vaca Narvaja , Argentina
Mary Ann Lynch, periodista y educadora peruana
Pedro Córdova Del Campo, Perú
Omar Muñoz, Profesor Universidad del Zulia. Maracaibo. Venezuela
Marc Masmiquel Mendiara , periodista y corresponsal independiente en América Latina /España
Maximiliano Landaverde Pineda, El Salvador
ROSA BLANCA PONCE, Gestora Cultural, Ecuador
Carlos Loarca, PLURIJUR, Guatemala
Fernando Arellano Ortiz, periodista, director Observatorio Latinoamericano / Colombia
Carlos Beautell , España
Efen Calderón Medina, Venezuela
Isabel Soto Mayedo, Periodista e Historiadora / Agencia Prensa Latina, Redacción América del Sur
Carlos Slepoy, España
Hernán López-Garay, Universidad de Los Andes / Venezuela
Norberto Ganci , Periodista
Enrique Álvarez, Guatemala
Eduardo M. Gonzalez-Viana, Professor / Western Oregon University
Carlos Rojo, RADIOCULTURA 94.3 de la ciudad de Santa Fe
Carlos Vicentín, Radio Cualquiera 94.3 , de Paraná, Entre ríos, Argentina
Mariela Pugliese Lacorte, FM Bajo Flores / FARCO
Gonzalo Carbajal,
Lucía Sepúlveda Ruiz, Periodista / Chile
Radio Comunidad E. ANGELELLI F. M. 105.7, Neuquén - Argentina
Fundación SERPAC, Neuquén - Argentina
Fundación Jaime de Nevares , Neuquén - Argentina
Magin Páez, Neuquén - Argentina
Gloria E. Buchiniz, Neuquén - Argentina
Pedro Solís Córdoba, Neuquén - Argentina
Bernardo José Busso , Neuquén - Argentina
Radio Comunitaria Poriajhú, Santa Fe. Argentina
Judith Gerbaldo, Periodista Radio Nacional Córdoba
Miguel Di Spalatro, Secretario del Interior. ARBIA (Asociación de Radiodifusoras Bonaerenses y del Interior de la República Argentina).
Cristian Jensen,
Susana Xifra,
Aire libre de Argentina, Rosario Pcia de Santa Fe
Radio Comunitaria Jujuy La Voz del Cerro 92.1Mhz.,
Viviana Ochiuzzi, Asesora Honorable Congreso de la Nación Argentina
Osvaldo Frances,
Sindicato de Prensa Rosario,
Asociacion de Prensa de Santa Fe,
Asociacion de Prensa de Tucuman,
Asociacion Magisterio de Santa Fe (Amsafe),
Asociacion Trabajadores del Estado (Ate Pcia Santa Fe),
Fetraccom (Federacion Trabajadores de la Cultura y La Comunicacion),
CTA Nacional,
CTA Pcia Santa Fe,
Meb (Mesa De Encuentro Barrial),
Map (Movimiento De Articulacion Popular),
Cristian Pérez, Radio Cooperativa Gen 107.5/ Cooperativa Gen
Alejandro Kaufman, Argentina
Movimiento de Unidad Popular (MUP),
Francisco Muguiro Ibarra, Perú
Juanblas Ulloaulloa
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Acadêmicos de todo o mundo estão firmando uma carta aberta em defesa da ciência e da equipe do pesquisador francês Gilles-Eric Seralini, que publicou no mês passado os resultados de uma pesquisa que avaliou, em 200 ratos de laboratório, os efeitos de uma dieta contendo milho transgênico NK603, tolerante ao herbicida Roundup, com e sem o herbicida, bem como contendo o herbicida sozinho (ver Boletins 601 e 602).
Na carta, os cientistas resgatam o histórico de ataques e perseguições que, sistematicamente, têm sofrido todos os pesquisadores que desenvolvem experimentos para avaliar a segurança dos transgênicos (e de alguns agrotóxicos) para a saúde e o meio ambiente e tornam públicos resultados considerados inconvenientes para as indústrias de biotecnologia.
Citam o exemplo de Ignacio Chapela, que foi fortemente perseguido no meio acadêmico quando era professor na Universidade de Berkeley, nos EUA, e publicou na revista Nature uma pesquisa demonstrando a contaminação de variedades tradicionais de milho no México (centro de origem da espécie) por transgênicos (Quist e Chapela, 2001).
Mencionam também o caso do bioquímico Arpad Pusztai, que em 1998 foi forçado à aposentadoria pelo Instituto Rowett, um dos mais renomados da Grã-Bretanha, após divulgar efeitos do consumo de batatas transgênicas em ratos de laboratório (Ewen e Pusztai, 1999b). A equipe do pesquisador também foi dissolvida, os documentos e computadores confiscados, e ele foi proibido de falar com a imprensa (em seu livro e documentário “O Mundo Segundo a Monsanto”, a jornalista francesa Marie-Monique Robin descreve com detalhes este e outros casos).
A carta faz referência ainda à perseguição de Andrés Carrasco, Professor de embriologia Molecular na Universidade de Buenos Aires, após a divulgação de pesquisas demonstrando os efeitos do herbicida glifosato (princípio ativo do Roundup) em anfíbios (Paganelli et al., 2010). Carrasco chegou ao extremo de ter sua comitiva espancada durante uma palestra em La Leonesa, na província do Chaco, na Argentina.
Os cientistas também alertam para o fato de que comumente as críticas divulgadas nos meios de comunicação são enganosas ou falsas. Por exemplo, diz a carta, “Tom Sanders, do Kings College, em Londres, foi citado como dizendo: ‘esta cepa de rato é muito propensa a tumores mamários, particularmente quando a ingestão de alimentos não é restrita’ (Hirschler e Kelland, 2012). Mas ele deixou de dizer, ou desconhece, que a maioria dos estudos de alimentação realizados pela indústria, e pela própria Monsanto, usaram (os mesmos) ratos Sprague Dawley (por ex. Hammond et al., 1996, 2004, 2006; MacKenzie et al., 2007). Nestes e em outros estudos da indústria (por ex. Malley et al. 2007), o consumo de ração foi irrestrito”.
Os autores da carta ressaltam que comentários “equivocados” como esse de Sanders costumam ser amplamente difundidos no sentido de desqualificar as pesquisas que evidenciam os riscos dos transgênicos. Veja exemplos nativos no site do CIB.
Os cientistas criticam ainda os protocolos dos experimentos exigidos para a aprovação de transgênicos nos EUA e na Europa, que apresentam pouco ou nenhum potencial para detectar as suas consequências negativas (assim como é o caso da CTNBio no Brasil): “Os transgênicos precisam ser submetidos a poucos experimentos, poucos quesitos são examinados e os testes são conduzidos unicamente pelos requerentes da liberação comercial ou seus agentes. Além do mais, os protocolos normativos atuais são simplistas e baseados em suposições”. Segundo os cientistas, os desenhos experimentais das pesquisas conduzidas pelas empresas de biotecnologia não permitem detectar a maior parte das mudanças na expressão genética dos organismos resultantes do processo de inserção do transgene.
Para os autores da carta, embora os ensaios de alimentação bem conduzidos sejam uma das melhores maneiras para se detectar mudanças não previstas pelo processo de modificação genética, eles não são obrigatórios para a liberação comercial de transgênicos.
De maneira contundente e objetiva, os autores concluem que “quando aqueles com interesse tentam semear dúvida insensata em torno de resultados inconvenientes, ou quando os governos exploram oportunidades políticas escolhendo e colhendo provas científicas, comprometem a confiança dos cidadãos nas instituições e métodos científicos e também colocam seus próprios cidadãos em risco.”
Os autores da Carta Aberta convidam cientistas e acadêmicos a também assiná-la, o que pode ser feito enviando-se um email para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. com o título “Seralini letter”.
Veja a íntegra da Carta Aberta
Fonte: Agricultura familiar e Agroecologia – AS-PTA.
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A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), em atenção à apreensão e incertezas geradas nos povos e comunidades indígenas das distintas regiões do país, vem de público exigir do governo da presidente Dilma a revogação integral da Portaria 303, de 17 de julho, não admitindo apenas a suspensão temporária deste equivocado e inconstitucional ato jurídico-administrativo que restringe de forma absurda os direitos originários e fundamentais dos nossos povos e comunidades.
Sob pressão do movimento indígena e seus aliados, o governo decidiu pela suspensão temporária da Portaria, primeiro por dois meses, depois por prazo indeterminado, por meio da Portaria 415, de 17 de setembro, até o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar definitivamente o alcance das condicionantes decididas para o caso específico da terra indígena Raposa Serra do Sol (Petição 3388/RR). O movimento indígena, porém, sempre reivindicou a revogação integral da medida.
A opção pela suspensão demonstra o viés autoritário do governo, que mesmo reconhecendo que a Suprema Corte terá ainda que se pronunciar de forma definitiva sobre as condicionantes estabelece, no Artigo 6º. da Portaria 415, que a 303 entrará em vigor no “dia seguinte ao da publicação do acórdão nos embargos declaratórios a serem proferidos na Pet 3388-RR que tramita no Supremo Tribunal Federal”.
Para o governo parece irrelevante o resultado do julgamento do STF ou então tem a pretensão de que a Suprema Corte corrobore apenas os seus propósitos. Por isso nem cogita a possibilidade de que as condicionantes sejam modificadas ou afastadas. Dessa forma, o governo deixa clara a sua opção de favorecer o latifúndio, o agronegócio, enfim, as forças econômicas e políticas interessadas nas terras indígenas e suas riquezas.
Diante desse quadro, é importante lembrar dos efeitos nefastos do ato em questão.
A Portaria 303 afirma que as terras indígenas podem ser ocupadas por unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias, empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos povos e comunidades; determina a revisão das demarcações em curso ou já demarcadas que não estiverem de acordo com o que o STF decidiu para o caso da Terra Indígena Raposa Serra do Sol; ataca a autonomia dos povos indígenas sobre os seus territórios; limita e relativiza o direito dos povos indígenas sobre o usufruto exclusivo das riquezas naturais existentes nas terras indígenas; transfere para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) o controle de terras indígenas sobre as quais, indevida e ilegalmente, foram sobrepostas Unidades de Conservação; e cria problemas para a revisão de limites de terras indígenas demarcadas que não observaram integralmente o direito indígena sobre a ocupação tradicional.
No entanto, setores do governo têm trabalhado no sentido de convencer lideranças e comunidades a não se mobilizarem mais, uma vez que a Portaria está suspensa, como se a decisão fosse equivalente à revogação. O governo insiste inclusive em querer prosseguir com a implementação do processo de regulamentação dos mecanismos de consulta estabelecidos pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mesmo sabendo da incoerência exposta na Portaria 303 que despreza os direitos dos povos indígenas assegurados por esta Convenção e a Constituição Federal.
Considerando todos esses fatos, a APIB repudia a decisão da AGU de advogar contra os nossos povos, desrespeitando os seus direitos originários e fundamentais, e exige a revogação integral da Portaria 303, para que seus efeitos não continuem aumentando o clima de tensão e conflito que cerca as terras indígenas e a insegurança jurídica, social e política que aprofunda os sofrimentos dos nossos povos e comunidades.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário.
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Uma escola localizada dentro de um dos maiores projetos de assentamento no Paraná foi classificada, neste ano, em primeiro lugar na média municipal do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), no município de Querência do Norte, a 625 km de Curitiba.
A Escola Camponesa Municipal Chico Mendes fica na área de uso comunitário do Projeto de Assentamento (PA) Pontal do Tigre. O assentamento tem área de oito mil hectares, com 338 famílias.
A escola Chico Mendes conseguiu o primeiro lugar na média municipal do IDEB com a nota de 6,2. O índice foi obtido por meio da Prova Brasil, aplicada aos alunos do ensino fundamental público, nas redes estaduais, municipais e federais. Os exames contam com perguntas de português e matemática. Essa é a segunda vez que a escola faz a prova. Em 2009 a nota foi 4,4.
A prova foi realizada em novembro de 2011, mas a nota saiu apenas em junho deste ano. O índice tem como objetivo reunir, em um só indicador, dois conceitos: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. De acordo com a diretora da escola, Maria Edi da Silva, uma equipe do Ministério da Educação (MEC) vai até a instituição aplicar os exames e, para garantir a veracidade dos resultados, a escola não tem acesso às provas.
“É uma grande conquista, pois a comunidade já passou por muitas dificuldades e esse primeiro lugar mostra que os assentados também podem ter uma educação de qualidade”, destaca.
Para continuar com a boa qualidade de educação, Maria Edi explica o que será feito daqui em diante. “Continuaremos nosso trabalho com muita luta, negociando e lutando por políticas públicas. A escola não conta com prédio e condições favoráveis para desenvolver projetos que visam a qualidade e permanência de estímulos aos alunos e comunidade. Continuaremos trabalhando com a pesquisa participante, tema gerador e os projetos da escola”.
Para coordenadora da escola, Lurdes de Fátima, a boa qualidade de ensino é resultante de um processo de pesquisa participante realizado internamente na Escola Camponesa Chico Mendes. “Procuramos saber o que é melhor para cada aluno e como poderemos ensiná-lo da maneira mais correta, de modo que ele não tenha dificuldades e aprenda o máximo possível”, explica.
História
A fundação da Escola Chico Mendes deu-se por volta de 1988, quando surgiram os primeiros acampamentos que deram origem ao PA Pontal do Tigre. No início, os alunos tinham aulas em salas de madeira, mas com a grande quantidade de alunos, foi preciso construir uma escola de alvenaria.
A escola tem uma Associação de Pais e Mestres formada pelos assentados. O objetivo é administrar os recursos passados pelos governos federal e estadual e dar assistência ao aluno e a sua família.
Atualmente, a escola tem 256 alunos com idade entre três e 11 anos, distribuídos em 12 turmas. As crianças contam, além das matérias normais, com aulas sobre Práticas Agrícolas e Ambientais e aprendem como surgiram os movimentos sociais.
Desde sua fundação, o Incra já destinou recursos para a escola, principalmente brinquedos para a brinquedoteca, materiais permanente como mesas, cadeiras e materiais pedagógicos. Também tiveram o apoio do Projeto da Petrobrás em 2007, além da prefeitura na formação dos professores.
Fonte: MST.
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A produção mineral brasileira vem crescendo. Somente a extração de ouro aumentou 13% e atingiu 66 toneladas em 2011. Para este ano, a expectativa é que chegue 70 toneladas.
Uma nova “corrida do ouro”. Assim está sendo chamado o atual momento por que passa o estado do Pará. A iniciativa que mais vem chamando a atenção é a da companhia canadense Belo Sun Mining Corp., autodenominado como “o maior projeto de exploração de ouro do Brasil”. A previsão da mineradora é que o empreendimento seja implantado em 2013 e o minério comece a ser extraído em 2015.
Com investimentos superiores a US$ 1 bilhão, a empresa pretende sacar uma média de 4,684 mil quilos de ouro por ano, em um período de 12 anos. Isso geraria uma receita anual de R$ 538 milhões – de acordo com valores atuais do metal.
A região onde incide o projeto é a da Volta Grande do Xingu, envolvendo os municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Altamira, no sudoeste paraense. O projeto fica a 14 quilômetros da não menos polêmica usina de Belo Monte, a maior hidrelétrica do Brasil.
Tanto a atividade de mineração quanto a de produção energética estão sob a responsabilidade do mesmo ministério, de Minas e Energia.
Para o educador popular do centro de estudos Cepasp, Raimundo Gomes, a construção de hidrelétricas na região amazônica está relacionada com a expansão da mineração pretendida pelo governo federal.
“Tanto Belo Monte, como os projetos do rio Tapajós – as cinco barragens que querem construir -, todos eles são para fornecer energia para os grandes projetos que estão se implantando, estão em fase de pesquisa, na região do Baixo Amazonas. Todos esses projetos que foram de garimpo, assim como Serra Pelada, eles tendem agora a ser um projeto de caráter industrial.”
A empresa canadense Belo Sun já sinalizou que fará propostas ao consórcio Norte Energia para dividirem os investimentos de construção de linhas de transmissão de energia para a cidade de Altamira.
Omissões
Em fase avançada de licenciamento ambiental, o projeto Belo Sun realizou uma audiência pública em setembro, no município de Senador José Porfírio, com o objetivo de legitimar o processo de licenciamento e dar publicidade a ele. Na ocasião, o Ministério Público Federal (MPF) apontou que havia omissões no projeto da mineradora, como relata a procuradora da República em Altamira, Thais Santi.
“A forma como eles (representantes da Belo Sun) apresentaram a negativa de impactos sobre terras indígenas não estava embasada em parecer da Funai (Fundação Nacional do Índio). A antropóloga presente se posicionou de uma maneira contraditória. Naquele momento, eles não tinham condições de dizer que não haveria impacto sobre terra indígena”.
Outro ponto questionado pelo MPF se refere à sobreposição de impactos da atividade mineradora com os já causados pela construção da hidrelétrica de Belo Monte. Na mesma linha, o coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle, criticou as análises de impactos apresentadas pela Belo Sun.
“O Estudo de Impacto Ambiental que foi aceito pela Secretaria de Meio Ambiente do estado do Pará é absurdo, porque ele simplesmente ignora a existência da hidrelétrica de Belo Monte, a maior hidrelétrica do país. Ou seja, é um Estudo de Impacto Ambiental que parte do pressuposto que não haverá hidrelétrica ali, que não vai ter nenhuma outra alteração na região, a não ser aquela que a própria mineração vai causar. E, a partir daí, tira uma série de conclusões que, obviamente, são conclusões equivocadas”.
Enquanto o licenciamento ambiental da mineradora Belo Sun passa pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sema), a obra de Belo Monte é analisada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O MPF e o ISA defendem que o Ibama seja o órgão que decida sobre a possibilidade e viabilidade de mais uma obra de grande porte no local, por já conhecer os impactos da hidrelétrica e por se tratar de obra que afeta territórios indígenas.
Oitivas
Após a primeira audiência pública de setembro, a próxima está marcada para outubro, também no município de Senador José Porfírio, na comunidade da Vila da Ressaca. Outra está prevista para Altamira, cidade por onde ocorrerá o acesso à mina e que também deverá receber uma migração de pessoas atraídas pelo grande projeto de extração de ouro.
Para a procuradora Thais Santi, a audiência já realizada não serve como legitimação da voz de todas as comunidades atingidas pela mineradora. Ela defende que devam ser realizadas oitivas (consultas às comunidades locais) nas diversas localidades afetadas pelo projeto.
“É uma questão bastante complicada, porque não basta dar um novo espaço de moradia a essas pessoas, porque elas são populações tradicionais e que viviam do garimpo. Então, é bastante delicado afirmar – que é o que a empresa afirma – que vai garantir o direito de posse dessas pessoas. Elas têm que ter garantidos o seu convívio e a sua sobrevivência, da própria forma com que vinham trabalhando em outra localidade. Se não, a gente sabe o que acontece: é um convite à miséria.”
Outros projetos
Além de Belo Sun, o educador popular e ativista político Raimundo Gomes enumera mais programas de extração de ouro no Pará. Um deles é o Projeto Andorinhas, pertencente à empresa Reinarda Mineração Ltda., com atuação nas cidades de Floresta do Araguaia e Rio Maria, no sul do Pará. A extração do minério no local é feita desde 2007 e ocorre em áreas de antigos garimpos, conhecidas como Mamão (subterrânea) e Lagoa Seca (a céu aberto).
Há ainda a reativação da extração de ouro por uma empresa canadense em Serra Pelada, município de Curionópolis. Em outro local próximo dali, no chamado “garimpo da Cotia”, também está sendo implantada uma infraestrutura para exploração de forma industrial do ouro. Gomes avalia que esse tipo de atividade leva a riscos ambientais e à saúde humana ainda maiores que no garimpo convencional.
“A extração de ouro na forma industrial é muito mais perversa do que na exploração garimpeira. Porque na exploração garimpeira se usa o mercúrio para a separação do ouro. No caso industrial, se usa o cianeto, e nisso há uma contaminação muito freqüente da bacia hídrica, tanto das águas superficiais quanto das águas subterrâneas”.
Gomes pontua que o cianeto também é uma substância tóxica, assim como o mercúrio, que pode levar à mortandade de peixes e, inclusive, aos consumidores desses peixes.
De maneira geral, a produção mineral brasileira vem crescendo nos últimos anos. Somente a extração de ouro aumentou 13% e atingiu 66 toneladas em 2011. Para este ano, a expectativa é que chegue a 70 toneladas, segundo divulgou Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). No Plano Nacional de Mineração do governo federal está previsto um investimento no setor de US$ 350 bilhões até 2030.
Por Vivian Fernandes, da Radioagência NP.
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Eric Hobsbawm: um dos maiores intelectuais do século XX
Na última segunda-feira, dia 1 de outubro, faleceu o historiador inglês Eric Hobsbawm. Intelectual marxista, foi responsável por vasta obra a respeito da formação do capitalismo, do nascimento da classe operária, das culturas do mundo contemporâneo, bem como das perspectivas para o pensamento de esquerda no século XXI. Hobsbawm, com uma obra dotada de rigor, criatividade e profundo conhecimento empírico dos temas que tratava, formou gerações de intelectuais.
Ao lado de E. P. Thompson e Christopher Hill liderou a geração de historiadores marxistas ingleses que superaram o doutrinarismo e a ortodoxia dominantes quando do apogeu do stalinismo. Deu voz aos homens e mulheres que sequer sabiam escrever. Que sequer imaginavam que, em suas greves, motins ou mesmo festas que organizavam, estavam a fazer História. Entendeu assim, o cotidiano e as estratégias de vida daqueles milhares que viveram as agruras do desenvolvimento capitalista.
Mas Hobsbawm não foi apenas um “acadêmico”, no sentido de reduzir sua ação aos limites da sala de aula ou da pesquisa documental. Fiel à tradição do “intelectual” como divulgador de opiniões, desde Émile Zola, Hobsbawm defendeu teses, assinou manifestos e escolheu um lado. Empenhou-se desta forma por um mundo que considerava mais justo, mais democrático e mais humano. Claro está que, autor de obra tão diversa, nem sempre se concordará com suas afirmações, suas teses ou perspectivas de futuro. Esse é o desiderato de todo homem formulador de ideias. Como disse Hegel, a importância de um homem deve ser medida pela importância por ele adquirida no tempo em que viveu. E não há duvidas que, eivado de contradições, Hobsbawm é um dos homens mais importantes do século XX.
Eis que, no entanto, a Revista Veja reduz o historiador à condição de “idiota moral” (cf. o texto “A imperdoável cegueira ideológica da Hobsbawm”, publicado em http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/a-imperdoavel-cegueira-ideologica-de-eric-hobsbawm). Trata-se de um julgamento barato e despropositado a respeito de um dos maiores intelectuais do século XX. Veja desconsidera a contradição que é inerente aos homens. E se esquece do compromisso de Hobsbawm com a democracia, inclusive quando da queda dos regimes soviéticos, de sua preocupação com a paz e com o pluralismo.
A Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil) repudia veementemente o tratamento desrespeitoso, irresponsável e, sim, ideológico, deste cada vez mais desacreditado veículo de informação. O tratamento desrespeitoso é dado logo no início do texto “historiador esquerdista”, dito de forma pejorativa e completamente destituído de conteúdo. E é assim em toda a “análise” acerca do falecido historiador.
Nós, historiadores, sabemos que os homens são lembrados com suas contradições, seus erros e seus acertos. Seguramente Hobsbawm será, inclusive, criticado por muitos de nós. E defendido por outros tantos. E ainda existirão aqueles que o verão como exemplo de um tempo dotado de ambiguidades, de certezas e dúvidas que se entrelaçam. Como historiador e como cidadão do mundo. Talvez Veja, tão empobrecida em sua análise, imagine o mundo separado em coerências absolutas: o bem e o mal. E se assim for, poderá ser ela, Veja, lembrada como de fato é: medíocre, pequena e mal intencionada.
São Paulo, 05 de outubro de 2012
Diretoria da Associação Nacional de História.
ANPUH-Brasil
Gestão 2011-2013
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No ano de 2011 começou a ser veiculado nos meios de comunicação de massa brasileiros a campanha Sou Agro, um movimento articulado pelo agronegócio que visava criar uma imagem positiva do setor, ao associar tal modelo de produção agrícola como algo de mais modernoso já criado no âmbito da agricultura, com alto grau de produtividade, respeito ao meio ambiente etc., além de procurar conectá-lo com o dia a dia da sociedade, em geral.
E é dentro deste tema que a professora Regina Bruno, doutora em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisa, por meio do artigo MOVIMENTO SOU AGRO: marketing, habitus e estratégias de poder do agronegócio, tal estratégia do agronegócio junto aos grandes conglomerados de comunicação, com a finalidade de se criar um imaginário social longe de corresponder com a realidade deste modo de produção.
“É sobre o movimento Sou Agro concebido como lugar de institucionalização de interesses de grandes proprietários de terra, empresários rurais e agronegócio de que trata este artigo. Meu propósito é identificar qual imagem está sendo construída pelo movimento e a quem ele se dirige. Busco ainda entender as razões para um investimento midiático dessa natureza e identificar seus idealizadores”.
Abaixo, leia parte do artigo:
Introdução
Em meados de julho de 2011, os meios de comunicação de massa veicularam filmes publicitários que ressaltavam o dinamismo do agronegócio e sua conexão com o dia a dia da sociedade. O horário nobre nos trouxe, como protagonistas dos filmes, Lima Duarte – de origem rural e ator de inúmeros papéis identificados com o campo, como "O Salvador da Pátria” – e Giovanna Antonelli, carioca, atriz global, representante de uma nova geração de atores. Nos anúncios, enquanto o primeiro louva a “Bendita Terra”, a segunda transformava, simbolicamente, sua geladeira em uma fazenda.
As cenas de Lima Duarte constroem simbolicamente a noção de "terra" ao envolver um conjunto de significações: terra, raiz da gente brasileira; terra, fartura; terra, respeito para quem trabalha; terra, lugar de todas as raças e alimentos do país e do mundo; terra, Brasil – uma das maiores agronações do planeta; terra, motivo de orgulho de todos. Enfim, terra abençoada. Como imagem de fundo, uma representação do Brasil da fartura, da tecnologia sofisticada, da felicidade. Ao mesmo tempo, um Brasil sem gente, sem trabalhador, feito só de máquinas.
Giovanna Antonelli, por sua vez, chamou a atenção para a “fazenda” existente em todos os lares brasileiros. “Todo mundo tem uma fazenda. É só abrir a geladeira”, disse. O pomar, o gado de corte, a soja, além da plantação de algodão transformada em lençol e o canavial convertido em etanol. Tudo é agro. “É o Brasil pra frente”, enunciava Antonelli, em clara alusão ao jingle utilizado no rádio e na televisão para promover a Copa do Mundo de 1970, ocorrida durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A música “Pra frente Brasil” anunciava “uma mesma emoção (...) e um só coração” e se transformou em propaganda política dos governos militares.
As peças publicitárias, patrocinadas pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A), fazem parte do Movimento de Valorização do Agro – Sou Agro. Este é definido como “uma iniciativa multissetorial de empresas e entidades de representação do agronegócio brasileiro e produtores rurais” que objetiva promover um “melhor conhecimento” sobre a importância do agronegócio de modo a reduzir o “descompasso existente entre a realidade produtiva atual e as percepções equivocadas sobre o universo agrícola”.
Para tanto, torna-se fundamental “reposicionar” a imagem do agronegócio nacional na sociedade, destacando suas contribuições econômicas e sua agenda social e ambiental de maneira a provar não ser destruidor do meio ambiente.
É sobre o movimento Sou Agro concebido como lugar de institucionalização de interesses de grandes proprietários de terra, empresários rurais e agronegócio de que trata este artigo. Meu propósito é identificar qual imagem está sendo construída pelo movimento e a quem ele se dirige. Busco ainda entender as razões para um investimento midiático dessa natureza e identificar seus idealizadores.
Fonte: MST.
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Bloco protesta contra as mortes nas periferias e os incêndios em favelas.
Os moradores de rua, no Largo General Osório, se levantaram de seu leito e deram passagem. As prostitutas na Luz, que não é a nova, cantaram junto. Bolivianos, no Largo São Bento, recolheram suas clandestinas mercadorias, do chão, para não atrapalhar. Os meninos descalços, no Largo São Francisco, pararam o futebol improvisado, queriam acompanhar. Todos se sentiram representados.
Durou toda a tarde do último sábado (29) o segundo desfile do Cordão da Mentira, com o tema “Quando vai acabar o genocídio popular?”, e comoveu aproximadamente 300 pessoas que acompanharam o bloco, entre familiares de vítimas do Estado, artistas, estudantes, militantes de movimentos sociais de diversas regiões de São Paulo, além dos próprios músicos do bloco. O ato faz parte da semana de eventos que vai lembrar os 20 anos do “Massacre do Carandiru”, ocorrido em 2 de outubro de 1992.
O trajeto foi todo costurado como uma espécie de “manta do mal”, em que cada ponto em que se passava era um nó, que se desatado explicava uma prática adotada nas periferias contra a população pobre da cidade. O carnaval de luto começou na frente do Memorial da Resistência, antiga sede do DOPS. Selito, um dos coordenadores do Cordão da Mentira, explicou o enredo e o motivo de iniciar o ato naquele ponto. “Estamos diante de uma continuidade das práticas adotadas pela ditadura militar, ela não acabou. Nossos sambas, de hoje, vieram para a rua questionar essas práticas, há um genocídio na periferia, estão matando os pobres, os negros e os índios.”
O povo satiriza o Estado
Na sede do projeto Nova Luz, uma encenação apresentou um político que “preocupado” com “essa gente que chegou não se sabe de onde” e que causou “essa desordem e essa sujeira”. O político cenográfico resolve expulsar todos para “construir um país do futuro” e cria o projeto “Nova Luz”, a teatralização termina com vaias e gritos de “fascista” para o “político”.
Com pouco mais de dez minutos, os estandartes de desaparecidos da ditadura militar e as cruzes de assassinados nos crimes de maio de 2006 foram apresentados aos moradores da Ocupação Mauá, prédio ocupado há mais de cinco anos no bairro da Luz. Lá, em frente ao imóvel, o bloco parou. Montou-se um barraco de papelão e, em silêncio, todos acompanharam enquanto ele pegava fogo. A intervenção é uma clara crítica aos incêndios nas favelas de São Paulo – só no ano de 2012 foram 68.
Em seguida, Selito, no carro de som, canta “Mil faces de um homem leal”, dos Racionais MC’s, acompanhado pelos gritos de “Marighella”. Nelson da Cruz Souza, o Nelsão, coordenador da ocupação Mauá, se disse emocionado e agradeceu a iniciativa: “Que bom, saber que eles estão aqui, o pobre tem sofrido muito nessa cidade, o Estado quer nos empurrar para as periferias e, lá, nos matar, como tem feito”.
Na sede da Secretaria da Segurança Pública, na rua Libero Badaró, mais silêncio. O grupo Mães de Maio deita suas cruzes e chora seus filhos. Um grupo de jovens, com os rostos maquiados a simular marcas de agressões, se espalha pela escada do prédio. Policiais se apressam em fechar o portão e passam a vigiar, de dentro, o ato. Manifestantes apontam o dedo e gritam “fascistas”, os policiais riem e debocham. Um ativista pergunta ao policial: “Quando a ditadura militar vai acabar?”, ele ri e responde: “Acabou faz tempo”. Do carro de som, alguém grita: “Quem não reagiu, está vivo”, em alusão à frase proferida pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), quando a Rota assassinou nove suspeitos em um sítio, em Várzea Paulista, interior do Estado.
No Fórum Hely Lopes Meirelles, as Mães de Maio lembraram os crimes que vitimaram seus filhos. “Ninguém nunca pagou pelas nossas lágrimas”, gritava Débora Maria, idealizadora do grupo. No ano de 2006, 493 pessoas morreram nas periferias do Estado, em ataques da Polícia Militar, após o Primeiro Comando da Capital (PCC) ter assassinado policiais.
O ato terminou na Praça da Sé. “Mas daqui para frente, é a insatisfação de cada um, é o desejo de mudança e que a luta continue”, disse Selito.
Por Igor Carvalho, SpressoSP.