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- Andrea
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que tem pautado sua luta histórica na defesa das populações atingidas por hidrelétricas junto com demais setores organizados, propõe a construção de um Projeto Energético Popular para o Brasil, ao analisar o anúncio feito pelo governo brasileiro no último dia 11 de setembro, e vem a público manifestar sua posição:
1) O anúncio do governo federal sobre a renovação das concessões do setor elétrico que vencem nos próximos anos é uma vitória dos setores populares. Apesar de todos os problemas existentes no atual modelo energético nacional, pelo menos não há uma piora na situação atual. É importante destacar que setores conservadores dentro do governo e também um grupo de empresários queriam a privatização desta parte da energia que hoje, na sua maioria, está nas mãos das empresas estatais e com o custo de implantação já pago pelo povo brasileiro. Neste ponto, estes setores conservadores foram derrotados.
2) Anunciar a diminuição do preço da energia elétrica é também um reconhecimento por parte do governo do que já denunciávamos há muito tempo: o Brasil possui, através da energia hidrelétrica nas atuais condições, uma das fontes mais baratas e o povo brasileiro paga uma das tarifas mais caras do mundo. Afirmamos que a diminuição do preço da luz para as famílias deveria e poderia ser maior ainda se fossem, de fato, enfrentados os setores que estão ganhando rios de dinheiro, usando nossa água, nossos rios e explorando o povo brasileiro.
3) O anúncio do governo teve uma série de pontos que não atendem as reivindicações dos trabalhadores e das organizações sindicais e sociais, dentre elas citamos que não há garantias de que o processo de precarização dos serviços, das terceirizações e das difíceis condições de trabalho para os eletricitários seja modificado.
4) Também não há medidas claras de fortalecimento das empresas estatais que deveriam, a nosso ver, ser cada vez mais fortalecidas no seu aspecto público e com controle social e popular.
E não vimos nem ouvimos uma só palavra que aponte que as grandes injustiças e a dívida histórica que o Estado tem para com os atingidos por barragens, dívida esta que foi reconhecida inclusive pelo ex-presidente Lula, seja paga de forma que os atingidos possam ter a esperança de ter seus direitos reparados.
Finalmente, sabemos que mesmo as medidas consideradas positivas estarão em permanente disputa, e que os setores conservadores do governo e da elite brasileira ou estrangeira farão de tudo para anular os possíveis ganhos que povo pode ter na área da energia. E que os direitos do povo não virão por boa vontade dos governantes, muito menos das empresas. Teremos que construir com nossas lutas e organização as mudanças necessárias para nosso país, combatendo permanentemente todas as estruturas injustas da sociedade.
Nossa luta por um Projeto Energético Popular e pelos direitos dos atingidos por barragens, dos trabalhadores do setor da energia e das famílias consumidoras continua.
Coordenação Nacional
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Brasil
Setembro de 2012
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- Gabriel Brito
Dom José Rodrigues, cuida de nós! – Nota da Comissão Pastoral da Terra
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Juazeiro, da Bahia e do Brasil, com fé e amor, celebra a Páscoa de dom José Rodrigues de Souza CSSR. A gratidão supera a dor desta hora de sua partida, para rogarmos a Deus por seu merecido descanso e pela continuidade por nós de sua obra redentora.
Bispo de Juazeiro entre 1975 e 2003, dom José foi um dos fundadores da CPT Regional Nordeste III (Bahia/Sergipe), em 1976, da qual foi bispo acompanhante por muitos anos. Criou logo em seguida a CPT de Juazeiro, como resposta pastoral ao sofrimento do povo expulso pela barragem de Sobradinho e aos camponeses vítimas da grilagem de terra, no início da irrigação agrícola no submédio São Francisco.
A todas as demandas do povo sertanejo, multiplicadas e prementes, sua sensibilidade humana e pastoral soube responder, ao criar (ou reforçar) outras sete pastorais sociais (juventude do meio popular, pescadores, mulher marginalizada, saúde, reassentados, carcerária, criança), “círculos de cultura” (com Paulo Freire), um setor diocesano de comunicação, uma biblioteca de 45 mil volumes, uma campanha pioneira pelas cisternas familiares de água de chuva, pilar da Convivência Com o Semiárido, e uma destinação social ao patrimônio da diocese em terras na cidade de Juazeiro.
Como uma Igreja Nordestina, atuou sempre articulado com as dioceses e bispos vizinhos: Senhor do Bonfim (d. Jairo), Rui Barbosa (d. Matthias e d. André), Paulo Afonso (d. Mário e d. Esmeraldo), Petrolina-PE (d. Paulo) e Propriá-SE (d. José Brandão, redentorista como ele). Favoreceu a articulação sindical de todo o vale do São Francisco, que se reunia no centro de encontros da diocese, em Carnaíba do Sertão. Em tempos de silenciamento, foi porta-voz dos pobres nas igrejas e capelas, no rádio, no boletim mensal da diocese (“Caminhar Juntos”), na Assembléia Legislativa, na Câmara Federal e em viagens pela Europa. À tardinha das sextas-feiras, parava-se nas estradas para ouvir seu “Semeando a verdade”, na Emissora Rural, e as comunidades reuniam-se ao redor do rádio para ouvi-lo. Todos os meios disponíveis à época ele soube lançar mão pela libertação do povo.
Não se intimidou com a repressão militar, os quatro municípios atingidos pela barragem de Sobradinho transformados em “área de segurança nacional”. Sua casa foi invadida e vasculhada, os muros e portas da catedral pichados pelo Comando de Caça aos Comunistas. Toda reação popular aos desmandos públicos e privados lhe era atribuída, como as mortes de fazendeiros no vale do Salitre em confronto com lavradores que defendiam sua água sugada pelas motobombas de grandes irrigações. As conquistas do povo nos reassentamentos dos atingidos pela barragem de Sobradinho devem muito à sua voz destemida e ao trabalho que encomendava à CPT. A organização eclesial (CEBs), sindical e política do povo sertanejo teve grande impulso sob sua inspiração e incomodou os coronéis locais e os donos do poder na Bahia. Por conta de seu destemor na defesa dos pobres, explorados e oprimidos, esteve por várias vezes sob risco de violência e morte, mas não retrocedeu, impávido, às vezes contra nossa vontade. A entrega de si aos outros se tornou definitiva quando se fez refém de assaltantes em lugar da família do gerente do Banco do Brasil e esteve por dias com um revolver apontado para sua cabeça, perdoou os criminosos, escrevia-lhes e ajudava a se recuperarem.
Ao deixar a diocese, quando completou 77 anos de idade, disse como da essência de um testamento: “nunca traí os pobres”. Sem dúvida alguma, sua fidelidade mais profunda era a Jesus de Nazaré. E foi-se como veio, praticamente com a roupa do corpo. Nestes sertões, neste país, e mesmo nesta Igreja, não é pouco... Diante das sugestões para produzir suas memórias, dizia: “memória só tem uma, a Eucaristia”.
Sua morte a menos de um dia após a festa da padroeira, Nsa. Sra. das Grotas, que celebrou também os 50 anos da diocese, a qual ele, firme e humilde, dirigiu por 28 anos, nos faz pensar no quanto sua vida estava intimamente ligada à trajetória desta Igreja de Cristo nos sertões do São Francisco. “Mãe das Grotas... em teus braços vê se acolhe... os que lutam, os que vivem e os que morrem”.
Dom José Rodrigues, Dom José, Dom Rodrigues, Rodriguinho, grão fértil de trigo morto, produtivo (cf. João, 12,24), você nos deixa para habitar misteriosa e mais fortemente nossos espíritos e nossas lutas. Com esperança, nós da CPT nos comprometemos em preservar sua memória e ser fiel a seu exemplo e inspiração, na continuidade do serviço incansável aos pobres do campo de hoje, causa do Reino de Deus de sempre. Homem de fé e ação, de espírito e coração, de pouco corpo e muita alma, profeta do nosso tempo, pastor dos pobres da terra, homem santo, cuida de nós! Amém!
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- Jorge Américo, da Radioagência NP
Movimento aponta que pelo menos 400 mil imóveis estão desocupados na cidade de São Paulo. Ao mesmo tempo, uma série de despejos estão em curso.
Levantamento realizado pelo movimento de moradia aponta que pelo menos 400 mil imóveis estão desocupados na cidade de São Paulo. Ao mesmo tempo, uma série de despejos está em curso. No mais recente, 94 famílias sem-teto foram expulsas do prédio que ocupavam na Avenida Ipiranga, no centro. No local, funcionou um hotel, abandonado há mais de sete anos.
Outra ocupação que corre risco de despejo é um prédio localizado na Avenida São João, também no centro. O imóvel está abandonado há 20 anos, mas uma ordem judicial determinou a saída de 85 famílias até o dia 11 de setembro. Os atuais moradores estão no local há quase dois anos. Situação parecida vive um grupo de famílias na Rua Mauá, que resistem há cinco anos e meio.
Donizete Sanches, integrante do Movimento de Moradia da Cidade de São Paulo (MMC) denuncia uma situação de abandono das famílias sem-teto. Para ele, não há nenhum comprometimento nem da prefeitura, nem do governo estadual, nem da União.
Radioagência NP: Qual é a situação geral das famílias sem-teto na cidade de São Paulo?
Donizete Sanches: Na cidade de São Paulo existem 400 mil imóveis vazios. E isso é contraditório. Se tem uma grande demanda de famílias que não tem casa para morar, como pode ter imóveis vazios? E eles estão assim para a especulação imobiliária. Existem imóveis que estão fechados há dez, quinze anos, não pagam impostos e esperam apenas o momento oportuno para negociar. Dentro desse quadro, nós nos organizamos e pressionamos os governos para que essas famílias sejam atendidas. A gente vê as áreas que podem ser reivindicadas junto aos governos e ocupa essas áreas.
Como são as políticas municipais voltadas para a moradia?
Não há uma política oficial efetiva. A prefeitura, ao invés de atender às famílias, dá uma bolsa-aluguel no valor de R$ 300. As famílias ficam impossibilitadas de alugar um espaço aqui na região central. Ou seja, essas famílias têm que ir para a periferia, sendo que elas têm sua vida profissional aqui no centro. O valor da bolsa-aluguel já é baixo para isso mesmo, para fazer com que as famílias se afastem do centro.
Os programas do governo do estado correspondem com a necessidade das famílias?
Há muito tempo o governo do estado não vem atendo às necessidades das famílias de baixa renda. Há uma determinação de que 1% do ICMS seja revertido para moradias populares. E o dinheiro está retornando porque não está havendo investimento. O governo constrói alguns empreendimentos pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e só os funcionários públicos e policiais são atendidos. As famílias de baixa renda ficam de fora.
Como você avalia a atuação do governo federal?
Infelizmente, o governo federal não está cumprindo com o seu papel. O valor do imóvel no programa Minha Casa, Minha Vida era de R$ 130 mil e subiu para R$ 170 mil. Ou seja, ele está atendendo mais aos interesses do grande mercado imobiliário do que aos interesses dos trabalhadores de baixa renda. Se esses trabalhadores já tinham dificuldade de entrar em um programa cuja moradia custava R$ 130 mil. agora terão ainda mais dificuldade com um valor maior.
Que desafios o movimento de moradia enfrenta, já que existem tantas forças contrárias à efetivação desse direito?
O movimento vem sendo criminalizado, principalmente pelo governo do estado. A gente observa que alguns movimentos sofreram uma dura repressão. Coisas que a gente não via nem no período da ditadura militar a gente está vendo agora: mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência sendo agredidas. E o governo federal apenas fecha os olhos. Parece que São Paulo é um outro país, que não pertence ao Brasil.
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- Andrea
Presidente Dilma,
faz muito tempo – quase 43 anos! – que nos conhecemos naquele turbulento congresso da VAR-Palmares em Teresópolis, de triste lembrança para mim e, presumo, também para si. Quantos participantes logo não estariam mais conosco, sofrendo mortes que os usurpadores do poder tudo faziam para tornar mais sofridas, pois a força era seu único argumento e eles se viam obrigados a intimidar uma nação inteira!
Estávamos à beira do abismo e não sabíamos. Animados pelas notícias que nos chegavam sobre o sequestro do embaixador Charles Elbrick pela ALN, ainda nos dividíamos em discussões apaixonadas sobre os rumos da nossa luta, como se bastasse discernirmos as melhores linhas de ação para a vitória se tornar viável.
Hoje sabemos que tanto a postura mais moderada dos que permaneceram na VAR (seu caso), quanto a mais radicalizada dos refundadores da VPR (meu caso), conduziam ao mesmo martírio, face à extrema inferioridade de nossas forças. O poder de fogo acabou prevalecendo sobre a justeza da causa.
Então, visto retrospectivamente, aquele congresso coincide com o início da agonia dos movimentos de resistência que confrontaram o arbítrio no auge do terrorismo de Estado em nosso país. A partir de outubro de 1969 vimos as desgraças aumentarem dia a dia, as mortes e prisões se tornando tão frequentes que até temíamos abrir o jornal a cada manhã.
Nós dois, presidente Dilma, descemos ao inferno e dele conseguimos retornar, mas reconstruímo-nos de formas diferentes, sob diferentes circunstâncias. Temos, contudo, em comum o sentimento de débito em relação aos companheiros que tombaram, a percepção de que nos cabe, como sobreviventes de uma epopéia que tragou algumas das pessoas mais idealistas e generosas já produzidas por este país, honrarmos seu sacrifício.
Então, no momento mesmo de sua vitória na eleição presidencial de 2010, eu já escrevia que "a dívida social (...) está muito longe de ser zerada, como o foi o débito com o FMI", daí os votos de que aproveitasse bem "seu grande momento", continuando a ser, no poder, "a aguerrida companheira que, como Chaplin, queria chutar o traseiro dos ociosos; como Cristo, trouxe uma espada para combater a injustiça; e como Marx, pretendia proporcionar a cada trabalhador o necessário para a realização plena como ser humano".
Mais especificamente sobre o fato de o Brasil ser presidido pela primeira vez por quem pegou em armas contra uma ditadura, eu comentei:
“Talvez seja o que estivesse faltando para a superação, de uma vez por todas, das dores e rancores remanescentes de um dos períodos mais sombrios de nossa História. E para nós, os que preparamos o caminho da amizade, passarmos a ser vistos com mais bondade...”
A referência a uma poesia famosa de Bertolt Brecht e ao tema musical da peça Arena conta Zumbi (dela derivado) tinha um forte motivo: a mágoa que todos os antigos resistentes carregamos, por muitos brasileiros e boa parte da grande imprensa desmerecerem a luta quase suicida que travamos, contra um inimigo bestial e absolutamente sem escrúpulos.
Arriscamos tudo: nossas vidas, nossa integridade física, nossa sanidade mental e nossas carreiras. E vimos nossos entes queridos covardemente retaliados, pois foram também submetidos a torturas, a intimidações, a humilhações, à estigmatização e até a abusos sexuais.
Como a Resistência Francesa, não fomos nós que realmente derrotamos os totalitários. Mas, se os franceses, orgulhosamente, reverenciam aqueles que salvaram a honra nacional, evitando que o país ficasse identificado com os colaboracionistas de Vichy, há brasileiros para quem nada significa termos sido os filhos seus (do Brasil) que não fugiram à luta.
Sem os poucos milhares de combatentes que seguimos o exemplo de Tiradentes, a imagem que ficaria dos nossos anos de chumbo seria a daqueles emergentes deslumbrados com o milagre econômico e preocupados exclusivamente em enriquecer, enquanto as piores atrocidades eram cometidas.
Sei que não estou falando nada de novo para si, presidente Dilma. Acredito, contudo, que não tenha chegado ao seu conhecimento o fato de que a União há muito descumpre a Lei n.º 10.559/2002, cujos artigos art. 12, § 4º e 18 estabelecem a obrigatoriedade de rápido pagamento das reparações retroativas às vítimas da ditadura militar:
§4º As requisições e decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Justiça nos processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta dias, por todos os órgãos da Administração Pública e quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária.
Art.18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, mediante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações econômicas, desde que atendida a ressalva do § 4º do art. 12 desta Lei.
Fica claríssimo que, havendo disponibilidade orçamentária, tais reparações deveriam ser pagas em 60 dias; e que, inexistindo disponibilidade orçamentária no ano em curso, teriam de estar contempladas no Orçamento seguinte.
Tardou demais o Estado brasileiro em oferecer-nos o que, no momento da redemocratização, teria sido um apoio para reconstruirmos nossas vidas extremamente prejudicadas e quase destruídas nos porões da ditadura, bem como pelas perseguições e estigmatizações subsequentes; agora, acaba sendo apenas uma tábua de salvação para termos, pelo menos, velhices tranquilas.
A União, contudo, reescreveu informalmente a Lei n.º 10.559/2002 ao decidir, em 2007, quitar o retroativo em suaves prestações mensais, até 2014, quando se propõe a zerar o que ainda haja restado do seu débito.
Alguns conseguiram fazer com que a escrita da lei prevalecesse, mediante mandados de segurança. Por um destino insólito, contudo, novamente estou sendo eu a vítima da morosidade, má vontade e sabe-se lá mais o quê dos Poderes majestáticos e suas burocracias arrogantes – exatamente como no caso da própria concessão da anistia, que no meu caso acabou se tornando uma pequena epopéia.
Daquela vez foram 50 meses de espera, agora já estão sendo 66. Porque, como cidadão consciente dos meus direitos, não me conformei com o descumprimento da Lei n.º 10.559/2002 ao longo de todo o ano de 2006 e também em 2007, quando finalmente recorri a um mandado de segurança (nº 12.614 - DF - 2007/0022638-1) para receber o que me era devido. Logo depois a União anunciou seu plano de pagamento parcelado.
Meu processo levou inacreditáveis e exatos quatro anos para ter o mérito julgado. Houve até um pedido de unificação de jurisprudência, pois três Câmaras do Superior Tribunal de Justiça davam decisões conflitantes sobre casos idênticos.
Após a Corte Especial ter dirimido as dúvidas e fixado o paradigma a ser seguido, meu mandado de segurança foi reconhecido por 9x0.
A União interpôs um embargo de declaração, exumando um argumento (o de que tal mandado não seria o instrumento jurídico adequado) que o relator anterior, Luiz Fux, já desconstruíra em 2007!
Inacreditavelmente, o relator atual acaba de modificar a decisão unânime do julgamento, fazendo tudo retornar à estaca zero!
O prosseguimento da batalha judicial me deixa em situação dramática, pois tenho muitos dependentes e muitas dívidas, empréstimos contraídos e várias vezes remanejados, e a obrigação de desocupar minha morada até o último dia do ano, pois não tive como aceitar o aumento de aluguel pleiteado pelo locador.
Sou idoso, discriminado no meu mercado de trabalho em função de idade e convicções políticas, e tenho uma criança de quatro anos morando comigo. Do que eu recebo da União depende também o sustento de uma mãe octogenária e a pensão de minha outra filha menor, que vive com a mãe dela.
Considero iníquo e desumano que eu e os meus dependentes estejamos em situação tão dramática quando o que nos faz tanta falta já me foi concedido por lei e assinado pelo ministro da Justiça em outubro/2005!
Então, presidente Dilma, faço-lhe um duplo e desesperado apelo:
- que reconsidere a questão do pagamento do retroativo para todos os anistiados; e
- que determine a seus assessores a busca de uma saída emergencial para a situação terrível a que fui levado pelo trâmite kafkiano do meu processo e a criatividade dos defensores da União para desencavarem filigranas que retardem o cumprimento da lei.
Tal criatividade deveria, isto sim, servir para minorar o sofrimento dos seres humanos. É a desumanidade que não precisa nem deve ser criativa.
Esperançosamente,
Celso Lungaretti.
Celso Lungaretti é jornalista e escritor.
Blog: Náufrago da Utopia.
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- Andrea
As novas contradições da dissidente cubana Yoani Sánchez. Enquanto dizia ter dificuldade financeira para comer, blogueira recebeu para fazer tour gastronômico.
No período de alguns anos, a dissidente cubana Yoani Sánchez se converteu na principal figura da oposição ao governo de Havana. Ninfa egrégia dos meios informativos ocidentais, no entanto, a blogueira não escapa às suas próprias contradições.
Yoani tem uma visão bastante peculiar de seu país, que compartilha em seu blog Generación Y, criado em 2007. O ponto de vista é áspero e sem nuances. A realidade cubana aparece descrita de modo apocalíptico e ela conta sua vida cotidiana composta por sofrimentos e privações. Critica duramente o governo de Havana e o faz responsável por todos os males.
“Meu filho me pergunta se terá almoço hoje”
“Meu filho me pergunta se terá almoço hoje”, escreve em uma crônica no dia 29 de junho de 2012, em “uma sociedade em que cada gestão está rodeada de obstáculos e impedimentos, se produz muito mais de forma independente”. [1] “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, queixa-se. [2] Afirma que luta diariamente contra “os obstáculos da vida”. [3] Ela afirma inclusive ter dificuldades para alimentar seu próprio filho “diante da verticalidade de um governo totalitário” [4], que usa como pretexto “uma eterna ameaça estrangeira para desqualificar os incômodos”. [5] Segundo ela, “com alguns centavos que se somam a um alimento, o termômetro da angústia cotidiana dispara, os graus de inquietude se incrementam”. [6]
Contradições
Ao ler essas linhas, parece que a jovem dissidente cubana passa fome e se encontra em total desamparo. Mas suas informações dificilmente resistem à análise.
Longe de se ver em estado de precariedade, Yoani Sánchez goza de condições de vida materiais privilegiadas quando comparadas às da imensa maioria de seus compatriotas. Na edição de 23 de julho de 2012 do jornal espanhol El País (seis dias antes do post sobre a fome, foto abaixo), descobrimos que a blogueira fez uma reportagem sobre “os 10 melhores restaurantes da renovada cozinha cubana”. [7]
Convertida em gastrônoma e crítica de culinária, Sánchez estabelece uma classificação dos dez melhores restaurantes da capital cubana e descreve com muitos detalhes os suculentos cardápios propostos por um preço médio de “20 euros”, ou seja, o equivalente a um mês de salário em Cuba. Dessa forma, o Café Laurent, o Decamerón, o Habana Chef, La Casa, La Mimosa, La Moneda Cubana, Le Chansonnier, Mamma Mía, Rancho Blanco e Río Mar conseguem seus votos.
Blogueira cubana Yoani Sánchez, que diz passar fome, é frequentadora
de restaurantes de primeiro nível. Foto: El País
Inevitavelmente, surgem várias perguntas. Para poder estabelecer uma classificação minimamente séria, a jovem opositora teve que visitar pelo menos uns cinquenta restaurantes de Havana cujos cardápios custam em torno de 20 euros como média. Como Yoani Sánchez – que afirma ter dificuldades para alimentar seu próprio filho – poderia supostamente gastar 1.000 euros – quantia que equivale a quatro anos de um salário médio em Cuba! – para visitar os restaurantes mais seletos da capital cubana? Por que uma pessoa que afirma se interessar pela sorte de seus concidadãos realiza uma reportagem sobre os restaurantes de luxo em Cuba, que poucos cubanos podem frequentar?
O verdadeiro nível de vida de Yoani Sánchez
Na verdade, Yoani Sánchez não sofre nenhum problema de ordem material. Desde que integrou o universo da dissidência, sua vida mudou de modo considerável. No período de alguns anos, a jovem opositora recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. Assim, desde a criação de seu blog, em 2007, a blogueira foi retribuída com a quantia de 250 mil euros no total, isto é, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.
O salário mínimo mensal em Cuba é de 420 pesos, quer dizer, 18 dólares ou 14 euros, o que faz com que Yoani Sánchez tenha conseguido o equivalente a 1.488 anos de salário mínimo cubano em sua atividade de opositora.
Jamais nenhum dissidente em Cuba – talvez no mundo – conseguiu tantas distinções internacionais em tão pouco tempo. Por outro lado, o jornal El País abriu suas páginas às crônicas de Sánchez por uma remuneração que oscila entre 150 dólares por artigo, ou seja, uma soma equivalente a oito meses de salário mínimo em Cuba. [8]
Yoani Sánchez, nova figura da oposição cubana, está longe de viver em total desamparo. Ao contrário, dispõe de um ritmo de vida que nenhum outro cubano pode se permitir e, ao contrário do que afirma, seu filho não sofre nenhuma carência alimentar. A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça antes de escolher voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que adotar certo tipo de discurso agradaria a poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. Estes, por sua vez, sabem ser generosos com ela.
Referências bibliográficas:
1] Yoani Sánchez, “À distância de um clic”, Generación Y, 28 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
2] Yoani Sánchez, “Maiorista vs minorista”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
3] Yoani Sánchez, “O futuro comMariela Castro”, Generación Y, 28 de maio de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
4] Yoani Sánchez, “Fuenteovejuna”, Generación Y, 13 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
5] Yoani Sánchez, “¿Boa vontade?”, Generación Y, 12 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
6] Yoani Sánchez, “Porco na ‘caixinha’”, Generación Y, 16 de maio de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site acessado em 26 de julho de 2012).
7] Yoani Sánchez, “Os novos chefs de Havana. Os 10 melhores restaurantes da renovada cozinha cubana”, El País, 23 de julho de 2012. http://elviajero.elpais.com/elviajero/2012/07/23/actualidad/1343057020_608376.html (site acessado em 26 de julho de 2012).
8] Yoani Sánchez, “Prêmios”. http://www.desdecuba.com/generaciony/?page_id=1333 (site acessado em 26 de julho de 2012).
Por Salim Lamrani.
Traduzido e publicado pelo blog Pragmatismo Político.
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- Gabriel Brito
Ocupação contra o apagão da saúde no extremo sul de São Paulo
"URGENTE: Cansada de esperar por promessas não cumpridas, população ocupa hospital abandonado na zona sul de São Paulo.
Centenas de moradores de São Paulo e ativistas do Fórum Popular de Saúde de São Paulo, composto por usuários, trabalhadores da saúde, estudantes e diversos movimentos sociais ocuparam, por volta de onze e meia da noite de hoje, 7 de setembro, um prédio abandonado na Rua Frederico René de Jaegher, na Capela do Socorro, Zona Sul de São Paulo. A manifestação é em protesto contra as promessas não cumpridas pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD). O prédio em questão deveria ter sido reformado para a instalação de um Hospital prometido por Kassab desde 2008.
Os manifestantes reivindicam a presença do prefeito para inaugurar a pedra fundamental do futuro Hospital, prometido para até o final do mandato que se encerra em dezembro deste ano e para que a prefeitura se comprometa com o início das reformas necessárias para o seu funcionamento. Além disto, os moradores pedem respostas às outras duas unidades hospitalares e aos 50 serviços odontológicos prometidos por Kassab, e lembram que os governos anteriores também fizeram inúmeras promessas na área da saúde da cidade de São Paulo que nunca foram cumpridas.
Os manifestantes também se dizem contrários à entrega dos serviços de saúde da cidade para as Organizações Sociais de Saúde (OSS), empresas privadas responsáveis pela gestão dos serviços públicos de saúde do município, e pedem a realização de concurso público para as unidades de atenção básica à saúde do município.
O prédio ocupado já foi um hospital e uma escola, mas está abandonado há pelo menos 14 anos. Possui infiltrações nas paredes, janelas com vidros quebrados e entulhos por todos os cantos. Neste momento dentro do prédio ocupado comissões se organizam para manter o espaço arrumado, garantir a alimentação das cerca de 250 pessoas acampadas e manter a segurança do local. A região da Capela do Socorro é uma das mais carentes em equipamentos de saúde na cidade de São Paulo e os hospitais e unidades básicas de saúde mais próximo ficam no distrito do Grajaú, a mais de 6 km de distância.
Mais informações:
Paulo Spina – coordenador do Fórum Popular de Saúde - (11) 95464-7609
Heitor Pasquim – coordenador do Fórum Popular de Saúde - (11) 98325-4750
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- Andrea
A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou uma servidora da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) por injúria racial. Ela foi acusada de chamar uma estagiária de “macaca”. A Agência confirma o caso, mas não quer se pronunciar a respeito e de acordo com o Conselho de Ética do órgão, o caso está sendo apurado.
Segundo a polícia, o caso ocorreu no dia 10 de agosto e o inquérito foi instaurado no dia 14 e não há prazo para conclusão das investigações, já que por conta da greve da categoria, as investigações estão paradas. A vítima registrou queixa na 5ª Delegacia de Polícia. Se condenada, a servidora pode ficar entre um e três anos presa e receber multa.
Entenda – A estagiária da ANTT Luana Santos Conceição conta que presta serviços ao órgão desde o ano passado. Segundo ela, por conta da greve de servidores, os processos se acumularam e quando ela levou a papelada para a analista de processos Clenilma Borges Santiago, teria sido recebida com hostilidade e termos racistas, por conta da grande quantidade de documentos.
“Alguém segura essa macaca. Olha o tanto de serviço que ela jogou na minha mesa”, teria dito Clenilma. Luana conta que todas as pessoas que estavam na sala a encararam. A jovem conta que após o ocorrido não conseguiu continuar o trabalho.
Recentemente uma idosa foi acusada de cometer injúria racial contra duas garis, em um supermercado do Lago Norte.
Por Daniela Novais, Câmara em Pauta.
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- Gabriel Brito
Gilberto Kassab teve a chance de reativar o projeto, de baixo custo e testado na gestão de Marta Suplicy, mas preferiu editar um decreto para um programa que não recebeu recursos até hoje.
Um projeto implantado durante a gestão da Marta Suplicy (PT) na cidade de São Paulo conseguiu, nos seus dois anos de atividade, controlar todos os focos de fogo em favelas antes que se tornassem grandes incêndios. A ideia se mostrou tão eficiente como simples: equipar algumas casas com extintores e treinar moradores para acabar com as chamas antes que se propagassem para moradias vizinhas. Apesar do custo reduzido e do sucesso nas ações, ele foi extinto por José Serra (PSDB) em 2005, quando assumiu a prefeitura. Sucessor do tucano, Gilberto Kassab (PSD) teve a chance de reativar o trabalho depois que um projeto de lei foi aprovado pela Câmara Municipal em 2009, mas não tocou a ideia adiante.
“O problema dos incêndios em favelas já foi solucionado. É só a prefeitura querer continuar o que já deu certo”, afirma o técnico do laboratório de segurança ao fogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Jose Carlos Tomina, que foi responsável pela metodologia do chamado Programa de Segurança Contra Incêndio, implantado em parceira com a prefeitura e com empresas de equipamentos de proteção contra fogo.
O projeto foi implantado nas favelas Vila Dalva, na zona oeste, Maria Cursi, na zona leste, Jardim Jaqueline, na zona oeste, Cabuçu, na zona norte, Viela da Paz, na zona sul e o Cortiço da Rua Sólon, no centro. Em cada uma, 50 moradores foram treinados para atuarem como brigadistas e cada um deles recebeu dois extintores de incêndio polivalentes, capazes de apagar fogo de qualquer natureza.
“Os bombeiros são muito importantes, mas quando eles chegam o fogo já destruiu muito. Os brigadistas impedem que o fogo se espalhe por já estarem na comunidade e agirem rapidamente”, conta Tomina. Segundo ele, os brigadistas apagaram mais de 100 incêndios e conseguiram controlar todas as ocorrências antes que tomassem grandes proporções. “É muito barato. Precisamos apenas do equipamento de segurança para os brigadistas e dos extintores. Isso é muito menos frente os gastos que se tem para atender os desabrigados de grandes incêndios”.
Nos últimos cinco anos, o Corpo de Bombeiros contabiliza 530 incêndios em favelas, e boa parte das ocorrências registradas este ano ainda não entrou no cálculo. O tema chamou tanto a atenção que a Câmara Municipal abriu uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a possibilidade de se tratar de uma atuação criminosa. Dominada pela base do prefeito Gilberto Kassab (PSD), porém, a CPI não realizou qualquer investigação até agora. Após mais quatro incêndios em duas semanas, o colegiado finalmente nomeou vice-presidente e relator, e montou um calendário de reuniões.
“Mesmo assim, a nova gestão (do ex-prefeito de São Paulo, José Serra) não tocou o projeto, sem dar justificativa. Já tínhamos tudo pronto, inclusive profissionais treinados, era só continuar”, conta. A Rede Brasil Atual procurou a prefeitura para questionar por que o programa foi interrompido e não obteve resposta. O coordenador-geral da Defesa Civil, coronel Jair Paca de Lima, que assumiu o cargo em 2005, primeiro ano do mandato do tucano, afirmou que não tem conhecimento sobre o programa anterior.
Retomada
Em 2009, o vereador Celso Jatene (PTB) apresentou um projeto de lei para a implantação de um novo programa de prevenção a incêndios em favelas, que foi aprovado em plenário. Quase um ano depois, o prefeito Gilberto Kassab, então do Democratas, firmou um decreto que criou o Programa de Prevenção Incêndios em Assentamentos Precários (Previn).
“Quando fiquei sabendo que seria lançado um programa nos moldes do anterior procurei a coordenadoria das subprefeituras e me dispus a ajudá-los a montar o projeto, com o know-how que eu já possuía. Nunca recebi um retorno”, conta Tomina.
Semelhante à ação da gestão Marta, o programa, implantado em 2010, prevê nomeação de um zelador comunitário, instalação de hidrantes e retirada de “gatos” de energia. A Rede Brasil Atual solicitou informações sobre o andamento do programa a Secretaria das Subprefeituras, responsável pela ação, mas não obteve resposta. No Orçamento de 2011, o projeto chegou a receber dotação orçamentária de R$ 1 milhão, mas, segundo as planilhas disponíveis, nada foi efetivamente investido. Neste ano, novamente o montante executado foi nulo.
Fonte: Rede Brasil Atual.
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- Gabriel Brito
Pesca, poluição e aquecimento global devem destruir todos os recifes do planeta até 2050.
O despejo excessivo de poluentes em águas da América Central, bem como as alterações radicais do padrão climático local, estão prestes a destruir por completo uma das maiores concentrações de corais do planeta. De acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira (10/09) pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), apenas 8% da barreira de recifes caribenha permanece viva.
Para a equipe de ambientalistas responsável pela pesquisa, a sobrevivência desse imenso ecossistema marinho depende agora de medidas governamentais de conservação urgentes. Hoje ínfimas, suas taxas de crescimento vem desacelerando desde a década de 1970, quando a área viva da barreira não passava da marca dos 50%. Trata-se de um recrudescimento de 42 pontos percentuais em pouco mais de quatro décadas.
"As principais causas da destruição dos corais são bem conhecidas e incluem pesca desregulada, poluição, doenças e o branqueamento provocado pelo aumento das temperaturas. O que há agora é uma necessidade urgente de reduzir drasticamente os impactos humanos na área, isso se há algum interesse em ver esses recifes e os cardumes que dependem deles sobrevivendo ao longo das próximas décadas", comentou ao jornal britânico The Guardian, Carl Gustaf Lundin, diretor global dos programas de preservação marinha e polar da IUCN.
Alertas sobre a degradação de recifes de corais no mundo inteiro tornaram-se mais frequentes ao longo dos últimos anos, especialmente por conta do crescente aumento da concentração de poluentes em ambientes marinhos. Mais além, especialistas também perceberam uma elevação da acidez dos oceanos e registraram uma expansão da pesca de espécies que se refugiam nesses ecossistemas.
No início do ano passado, cientistas do WRI (Instituto de Recursos Naturais, na sigla em inglês) revelaram estimativas mais otimistas após calcularem que 75% dos recifes de corais caribenhos corriam risco de desaparecer. De acordo com esse estudo, um quadro ainda mais delicado está se desenvolvendo na costa sudeste da África, onde esse tipo de dano atinge 95% da área habitada por essa variedade de ecossistema. A previsão dessa ONG é de que, até 2050, todos os recifes de corais do planeta estarão em condições críticas.
Em todo o planeta, 275 milhões de pessoas vivem em regiões habitadas por recifes. A expectativa da IUCN é de que esse recrudescimento do espaço habitado por corais traga prejuízos substantivos a comunidades costeiras de países dependentes de recursos gerados pela pesca e pelo turismo. Apenas em algumas ilhas mais remotas do Caribe a situação é menos crítica. Nas Antilhas Holandesas e nas Ilhas Cayman, por exemplo, a porção de corais mortos não ultrapassa a marca de 70% das áreas catalogadas.
O relatório da IUCN foi elaborado por 36 cientistas oriundos de 18 países. Ao longo desta semana, a organização coordena seu Congresso Mundial de Conservação nas ilhas Jeju, na Coreia do Sul. A organização propõe o estabelecimento de cotas para a indústria pesqueira, a criação de mais áreas de proteção marinha e a aprovação de medidas que restrinjam o uso de determinados fertilizantes em fazendas próximas ao litoral.
Os corais são peça-chave para o equilíbrio ecológico dos oceanos pois operam como abrigos para animais mais jovens e, portanto, indefesos. Mais além, também representam um importante fonte de renda para as comunidades locais, que dependem fortemente da renda gerada por atividades turísticas.
Por Fillipe Mauro, Opera Mundi.
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- Andrea
Está em curso uma tentativa de sufocar e derrotar o movimento de blogueiros que, nos últimos 10 anos (e especialmente durante o processo eleitoral de 2010), mudou a correlação de força na Comunicação do Brasil. A velha mídia – associada aos setores mais conservadores – já não fala sozinha. Bolinhas de papel de Ali Kamel não ganham eleições, porque os blogs e redes sociais desmontam as farsas. Foi assim em 2010. Isso incomoda. E muito.
O contra-ataque está em curso. Kamel (diretor da Globo) abriu processos contra 6 blogueiros (entre eles, esse escrevinhador), logo depois da eleição em que foi derrotado ao lado de Serra. Em algumas regiões do país, a intimidação se faz à bala. Nas cidades pequenas, um blog é muitas vezes a ferramenta mais eficaz (e barata) para fazer o contraponto a lideranças locais que normalmente controlam Prefeitura, jornais e rádios. No Rio Grande do Norte, município de Serra do Mel, o blogueiro Ednaldo Filgueira, militante do PT, foi assassinado depois de colocar na internet uma enquete, questionando a prestação de contas da Prefeitura. Assassinado! Isso foi em 2011. E até agora ninguém foi a julgamento. Mais informações você pode ler aqui.
Agora, em Curitiba, cidade com fama de “européia”, outra enquete leva ao fechamento de mais um blog. Felizmente, o blogueiro não levou tiro. Mas o blog foi assassinado, com ajuda da Justiça (???) Eleitoral. A vítima agora é Tarso Cabral Violin, do combativo “Blog do Tarso”. Vítima, não! Porque ele não é de baixar a cabeça, e sei que vai seguir lutando. Mas a situação é dramática. E peço atenção de todos.
Tarso mantém um blog que faz duras críticas ao atual Prefeito de Curitiba, Luciano Ducci. Prefeito com nome de fascista. Não aceita crítica. Tarso fez enquetes com críticas ao Prefeito – que ganhou a Prefeitura de presente quando Beto Richa renunciou para concrorer ao governo. Ducci herdou de Beto Richa também a dificuldade para lidar com o contraditório. Tarso foi processado, e o TRE-PR, numa atitude estranha (pra dizer o mínimo), aplicou multa de 212 mil reais contra o blogueiro! Sim, 212 mil reais por causa de duas enquetes!
Candidatos que são flagrados fazendo propaganda fora de época muitas vezes recebem multas de 5 mil reais, e um blogueiro (que é professor de Direito) recebe multa 40 vezes maior! O que é isso?
Claro, não se trata de multa com objetivo de fazer cumprir as leis eleitorais. Não. Trata-se do uso do Judiciário para intimidação.
No Rio Grande do Norte, o blogueiro foi assassinado por capangas a mando de sabe-se lá que interesses. No Paraná a situação é mais grave: os capangas parecem atuar com a cobertura do Judiciário.
Tarso, evidentemente, não tem como pagar multa desse tamanho. Fechou o blog enquanto recorre ao TSE em Brasília. Ducci conseguiu o que queria. Tarso precisa da solidariedade dos blogueiros de todo o Brasil. Dos democratas de todo Brasil. Esse caso precisa ser levado ao CNJ e ao Supremo.
O Centro de Estudos Barão de Itararé vai se manifestar com uma nota de apoio ao Tarso. O assunto foi tema da nossa reunião de diretoria ocorrida segunda-feira em São Paulo.
O blogueiro paranaense precisa saber que não está sozinho. Todo apoio ao Tarso!
Aqui o texto do Tarso, anunciando o fechamento do blog, sob censura judicial de um TRE a serviço do Prefeito Ducci.
Sobre o caso, leia o que escreveu o jornalista Renato Rovai.
E aqui o texto de Altamiro Borges, também jornalista e membro do Centro de Estudos Barão de Itararé.
Por Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador.
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- Gabriel Brito
No ano em que se completam 70 anos da declaração de guerra do Brasil aos países membros do Eixo, o Núcleo de Estudos de Política, História e Cultura (POLITHICULT) da PUC-SP, em colaboração com o Departamento de História e Programa de Estudos de Pós-Graduação, promove entre os dias 10, 11 e 12 de setembro de 2012 um encontro dedicado à reflexão, debate e avaliação sobre o significado desse evento na História brasileira.
Entre conferências, mesas redondas, divulgação de pesquisas, o evento abrangerá as raízes políticas e econômicas, a análise da participação da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Segunda Guerra Mundial assim como as ramificações no cotidiano, na memória e culturas nacionais. A programação completa do evento com datas e horários será divulgada também no site.
Informações sobre o Edital para chamadas de Trabalhos AQUI
Programação do evento:
10/9 – das 9h ao 12h – Auditório 333 (3º andar, Prédio Novo)
Conferência de abertura: A FEB e os Problemas Políticos
Oliveiros S. Ferreira
Professor de Relações Internacionais da PUC-SP, professor aposentado da Universidade de São Paulo, professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, redator e ex-diretor do jornal O Estado de S. Paulo.
10/9 – das 19h às 22h – Auditório 333 (3º andar, Prédio Novo)
Conferência: As relações entre Brasil e Portugal na 2ª Guerra Mundial
José Luis Câmara Leme
Professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Nova de Lisboa. Doutor em Epistemologia das Ciências. Autor de “Hannah Arendt.Politica y desfactualización”.
11/9 – das 9h ao 12h – Auditório 333 (3º andar, Prédio Novo)
Mesa redonda: Memória dos combatentes, estratégia, tecnologia e aprimoramento das Forças Armadas na 2ª Guerra Mundial
Mediadora: Profa. Dra. Lilian Marta Grisolio Mendes (PUC-SP e Cásper Líbero)
Cesar Campiani Maximiano
Professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro.
Pesquisador do Instituto Meira Matos da ECEME. Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Autor de Onde Estão Nossos Heróis.
Alfredo Oscar Salun
Professor da Universidade do Grande ABC. Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Realiza pesquisa desenvolvida no Arquivo do Estado de São Paulo sobre a 2ª Guerra Mundial a partir das análises e notícias dos principais jornais paulistanos da época.
Eduardo Riberi Lobo
Professor do Centro Universitário Assumpção (Unifai). Professor colaborador da Academia da Força Aérea Brasileira e da Escola Superior de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Pós-doutorando com pesquisa ligada a Forças Armadas, conflitos internacionais e geopolítica.
11/9 – das 14h às 17h – Auditório 333 (3º andar, Prédio Novo)
Comunicações de pesquisa coordenadas
Apresentação de pesquisas dos alunos de graduação e pós-graduação
11/9 – das 19h às 22h – Auditório 333 (3º andar, Prédio Novo)
Mesa redonda: A guerra total: Diplomacia, estratégia e negociação entre Brasil e Vichy durante a 2ª Guerra.
Mediador: Prof. Dr. Antonio Pedro Tota (PUC-SP)
Hugo Suppo
Professor do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Doutor em História das Relações Internacionais pela Université de Paris III e pós-doutorado na Universidade nacional de Rosario (Argentina).
Escola Superior de Bombeiros da PMESP, ESB – PME
Virgílio Caixeta Arraes
Professor do Curso de Especialização em Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Pesquisador do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais. Autor de A Potência em Crise, Os Estados Unidos no século XXI.12/9 – das 9h às 12h – Auditório 117-A (1º andar, Prédio Novo)
Mesa redonda: Do recrutamento ao retorno à vida civil, da 2ª Guerra à Guerra Fria:
Soldados, doutrina política e historiografia
Mediador: Prof. Me. Adriano Marangoni (PUC-SP)
Francisco Cesar Ferraz
É professor da Universidade Estadual de Londrina. Realiza pesquisa de pós-doutorado na University of Tennesse. É autor de Os brasileiros e a Segunda Guerra Mundial. Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo onde pesquisou a reintegração social e a memória coletiva dos veteranos brasileiros da Segunda Guerra Mundial.
Sidnei J. Munhoz
É professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá. Dedica-se principalmente a estudos vinculados a temas como Política Externa Estadunidense, estudo de Cenários e análise das Relações Internacionais e dos conflitos contemporâneos, Guerra Fria no Brasil, Defesa, Movimentos Sociais, Comunismo/anti-comunismo.
Escola Superior de Bombeiros da PMESP, ESB – PMESP, Brasil. Escola Superior de Bombeiros da
12/9 – das 14h às 17h – Auditório 117-A (1º andar, Prédio Novo)
Comunicações de pesquisa coordenadas
Apresentação de pesquisas dos alunos de graduação e pós-graduação
12/9 – das 19h às 21h – Auditório 117-A (1º andar, Prédio Novo)
Conferência de encerramento: Capitalismo em construção – situação econômica do Brasil: da 2ª Guerra à Guerra Fria.
Pedro Cezar Dutra Fonseca
Professor titular do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre vasta atividade foi diretor presidente da FAPERGS. Desenvolve projeto de pesquisa sobre a formulação e condução da política econômica do Brasil republicano.
Autor de Vargas: O Capitalismo em Construção e RS: Economia e Conflitos Políticos na República Velha, obra contemplada com o Prêmio BNDES de Economia em 1981.
12/9 – das 21h às 22h – (local a ser divulgado)
Confraternização com a apresentação de repertório musical de época.
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- Andrea
Revelação está em documento de juiz que denunciou tentativa de extorsão para tirar o bicheiro da cadeia.
O jornalista Policarpo Jr., diretor da revista Veja em Brasília, trabalhava também de maneira remunerada para o contraventor Carlos Cachoeira, segundo teria afirmado a mulher do bicheiro, Andressa Mendonça, ao juiz federal Alderico Rocha. A informação, obtida pela TV Record, foi publicada hoje (31) no site da emissora, o R7.
Andressa teria revelado a ocupação oculta de Policarpo em sua visita à sede da Justiça Federal em Goiânia, em julho, quando tentou chantagear Rocha para que este mandasse soltar o marido, preso desde fevereiro em consequência das operações Monte Carlo e Vegas, da Polícia Federal.
O conteúdo do diálogo entre Rocha e Andressa está em ofício encaminhado pelo próprio juiz ao Ministério Público Federal. “A sra. Andressa falou que seu marido Carlos Augusto tem como empregado o jornalista Policarpo Jr., vinculado à revista Veja, e que este teria montado um dossiê contra a minha pessoa”, diz trecho do documento.
O juiz falou ao R7 e teria confirmado as informações. “Ela me perguntou se eu conhecia Policarpo, jornalista da Veja. Eu disse que não conhecia não, mas já tinha ouvido falar. Então ela disse assim: ‘Sabia que ele trabalhou durante certo tempo para meu marido, Carlinhos? Durante um tempo o Carlinhos pagou ele para que fizesse uns serviços’”.
Segundo o juiz, diante da negativa dele em conhecer ou saber mais sobre o jornalista, Andressa o ameaçou.
“Ela disse que agora o jornalista estava encarregado de montar um dossiê contra a minha pessoa e contra a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) que teria destratado ele (Cachoeira) na CPI. Que tinha fotos minhas entrando num avião de um amigo de infância e outras fotos e que isso tudo seria capa da revista Veja a mando de Carlinhos”.
Neste momento, Andressa teria escrito em um bilhete três nomes de pessoas ligadas ao juiz que teriam sido fotografadas com ele: Luís Pires, Maranhense e Marcelo Miranda.
Marcelo Miranda é ex-governador do Tocantins e teve o mandato cassado em setembro de 2009 por suspeita de abuso de poder político nas eleições de 2006; Maranhense é um fazendeiro da região do Tocantins e Pará; e Luís Pires seria um amigo de infância do juiz e supostamente responderia a processo por trabalho escravo.
Esta semana, a perícia da PF confirmou que a letra no bilhete entregue ao juiz Alderico Rocha é de Andressa. Com a confirmação de que a letra é mesmo da mulher que ficou conhecida como Musa da CPI, a PF deve encaminhar um relatório ao Ministério Público Federal, que fica responsável por uma possível denúncia ou pelo arquivamento do processo.
Rede Brasil Atual, com informações do R7.