Correio da Cidadania

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O comunicado oficial emitido pelo MEC mostra que a aposta do governo é sufocar de todas as formas os professores para que acabem com a greve nas universidades federais.

 

A estratégia é clara:

 

  1. Assinar um acordo com os pelegos do Proifes para justificar politicamente o acordo
  2. Pressionar psicologicamente os professores, avisando que a partir de agora não terá mais negociação
  3. Articular reitores petistas amigos de grandes universidades para acabarem com a greve
  4. Se isso não funcionar, parte-se para o próximo passo: corte de salários.

 

Apenas rememorando o que aconteceu.

 

Após levarem um cano em um acordo em março, os professores decretaram greve a partir de 17 de maio. Depois disso, por várias vezes o governo desmarcou reuniões.

 

Depois de praticamente 60 dias, o MEC de Mercadante e Amaro Lins (foto), apresentou uma proposta que apenas repõe a inflação desde 2010. Isso dividido em três vezes, até 2015.

 

A ideia era clara: fazer um acordo de três anos, porque isso evita greves posteriores.

 

Os professores não aceitaram o acordo, pois alguns “bodes” haviam sido colocados, como o aumento das horas-aula em troca de nada.

 

O governo pega a mesma proposta e a apresenta com cara de nova. Tirou os “bodes” e deu R$ 90,00 a mais apenas para os mestres, em 2015.

 

Isso mesmo, a diferença de uma proposta para a outra é um acréscimo de R$ 90,00 para os que possuem apenas o título de mestre. Para os doutores, nada mais.

 

Logo após o fim da reunião, os pelegos do Proifes saíram acenando para a “conquista” da categoria.

 

Novamente rechaçada a proposta pelas assembleias docentes, o governo resolveu dizer que encerrava a negociação e ponto final.

 

Passamos agora para o segundo ponto da estratégia de Mercadante e Amaro: pressionar psicologicamente os docentes, tentando criar um racha com parte dos professores, já que alguns desejam a saída da greve.

 

Antes que alguém pense em culpar estes professores, é bom que saibam que grande parte não gosta de greve, já que é uma desmotivação muito grande para quem gosta da Universidade. Esta parte aderiu à greve porque os salários estão muito baixos.

 

O terceiro ponto da estratégia do MEC começa a dar sinais visíveis.

 

Nas assembleias realizadas na UFPE e na UFRJ, grupos razoavelmente numerosos para assembleias docentes (em torno de 30 professores), resolveram aparecer para “encaminhar pedidos” de inclusão na pauta de próximas assembleias a “saída da greve”.

 

A coincidência (não acredito nelas), é que estas duas universidades têm como reitores petistas ligados justamente a Amaro Lins e Aloisio Mercadante.

 

No caso da UFPE, que conheço bem, pois sou professor de lá e fui o candidato da oposição à atual gestão, o atual reitor não dá um passo sequer sem perguntar a Amaro (ex-Reitor da UFPE) o que fazer, já que ainda deve o mandato ao amigo do MEC.

 

Em um caso sui generis, reúne-se com os professores em Recife e diz que a greve é justa. Pega um avião, vai a Brasília e dá entrevista dizendo que está na hora da greve acabar pois a proposta é boa. Para o Correio Braziliense, disse: “A afirmação do mérito, melhoria do salário inicial da carreira, tornando-a mais atrativa, bem como a antecipação dos reajustes salariais para março do próximo ano, possibilitam enfrentarmos os desafios seguintes de forma concreta”. O mesmo acontece com a UFRJ, cujo Reitor é próximo de Mercadante.

 

E esse movimento para acabar com a greve nas assembleias via articulação das reitorias pode crescer nas próximas assembleias, já que as administrações possuem centenas de cargos comissionados, além de uma capilaridade impressionante junto aos docentes.

 

Neste momento a greve fica em um impasse difícil de ser solucionado: por um lado o governo resolve fechar as portas, por outro sabe-se que a proposta do Andes nem mesmo tem apoio intenso de toda a categoria, já que parte dos professores com doutorado gostaria de uma proposta com ênfase mais meritocrática. Acabou conseguindo a adesão da grande maioria porque o salário está muito baixo. Mas exigir uma proposta unânime neste momento seria pedir demais.

 

Independentemente disso, voltar ao trabalho depois dessa estratégia truculenta e indecente do governo seria o reconhecimento de uma derrota acachapante. Seria aceitar o papel de submisso em uma luta por melhores salários e condições de trabalho, já que profissionais de categorias semelhantes, como pesquisadores do IPEA e Ministério da Ciência e Tecnologia conseguiram carreiras muito melhores no governo Lula.

 

Por incrível que pareça, hoje ganhamos menos que em 1998, no meio do governo FHC. Isso sem falar de universidades cujas salas de aula estão instaladas provisoriamente em galpões ou containers.

 

No próximo artigo sobre a greve irei falar sobre a previsão para o próximo semestre, que é assunto de interesse de todos.

 

Por Pierre Lucena, do Blog Acerto de Contas.

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Pelo menos 60 mineiros morreram após um deslizamento de terra ocorrido em uma pedreira situada em uma zona remota do nordeste da República Democrática do Congo (RDC), informou a emissora congolesa "Radio Okapi", patrocinada pela ONU.

 

A tragédia aconteceu na última segunda-feira na área de Pangoy, mas a informação só foi divulgada agora. Os mineiros trabalhavam em uma pedreira a cerca de 100 metros de profundidade quando aconteceu a tragédia. A zona é rica em minerais como ouro e columbita-tantalita, que é utilizada na fabricação de diversos dispositivos eletrônicos.

 

Milhares de pessoas ganham a vida na República Democrática do Congo em minas artesanais que não contam com medidas de segurança apropriadas, pelo que estão expostas a acidentes com frequência. Algumas fontes afirmam que as vítimas eram mineiros que faziam explorações ilegais na mina, que se encontrava abandonada após conflitos entre o exército e uma milícia local.

Acidentes habituais num país rico com uma população majoritariamente empobrecida

 

A República Democrática do Congo é um país muito rico em recursos naturais, como cobalto, carvão, ouro e urânio. As minas onde podem ser encontrados não cumprem na sua maioria quaisquer regras de segurança. As populações empobrecidas que vivem perto de explorações mineiras que se encontram abandonadas devido a conflitos militares arriscam frequentemente a vida para tentar encontrar metais preciosos.

 

Acidentes como o ocorrido esta quinta-feira são comuns no país, principalmente na zona leste, rica em coltan, uma mistura dos minerais columbita e tantalita, e em cassiterite, ambos minerais utilizados no fabrico de aparelhos eletrônicos e cada vez mais procurados.

 

Em 2010, oito elementos da mesma família, incluindo cinco crianças, morreram num desabamento numa mina abandonada na província do Katanga, onde tentavam encontrar ilegalmente cassiterite. No ano passado, pelo menos 18 mineiros ilegais desapareceram após uma derrocada no interior de uma mina de ouro explorada por militares das Forças Armadas do país em Fizi, na província de Kivu.

 

Fonte: Diário Liberdade, com Agências.

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Coronel reformado foi condenado por tortura contra membros da família Teles.

 

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve a condenação do torturador da ditadura, coronel reformado do Exército, Carlos Brilhante Ustra ao negar recurso do réu. Condenado em outubro de 2010 por tortura de três membros da família Teles, Ustra teve o recurso contra a sentença negado por 3 votos a 0 nessa terça-feira (14).

 

A ação cível movida pela família Teles é declaratória, ou seja, o objetivo é fazer com que a Justiça reconheça o coronel como torturador que causou danos morais e físicos às suas vítimas – no caso da família Teles, a ação arrola Maria Amélia de Almeida Teles, César Augusto Teles, Criméia Schmidt de Almeida, Janaína Teles e Edson Luís Teles, torturados no DOI-Codi no início dos anos de 1970.

 

Recurso

 

Desde maio desse ano, Ustra movia o recurso no TJ-SP para derrubar a sentença dada em primeira instância pelo juiz da 23ª Vara Cível, Gustavo Santini, que também refutou o argumento da defesa de Ustra de que a ação era improcedente devido à Lei da Anistia.

 

Em sua sustentação, o advogado da família Teles, Fabio Konder Comparato, também rechaçou o argumento. “É preciso uma dose exemplar de coragem para sustentar hoje que a anistia penal elimina a responsabilidade civil. O artigo 935 do Código Civil é textual: a responsabilidade criminal independe da civil”, disse Konder.

 

Para Konder, “não se trata aqui de decidir simplesmente de modo frio e abstrato, se há ou não uma relação de responsabilidade civil que liga o apelante aos apelados. Trata-se antes, de julgar se um agente público, remunerado pelo dinheiro do povo, exercendo funções oficiais de representação do Estado, que podia ordenar e executar, sem prestar contas à Justiça, atos bestiais de tortura contra pessoas presas sob sua guarda.”

 

Tortura e morte

 

De acordo com entidades de direitos humanos, entre setembro de 1970 e janeiro de 1974, período em que Ustra atuou no órgão sob o codinome Major Tibiriçá, 502 pessoas presas pela ditadura foram torturadas no DOI-Codi, sendo que 40 morreram.

 

Em outra ação, em junho desse ano, Ustra foi condenado em primeira instância pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de R$ 100 mil à família do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto sob tortura em julho de 1971 na sede do órgão. Em sua sentença, a juíza da 20ª Vara Cível do foro central de São Paulo, Claudia de Lima Menge, destacou que a Lei de Anistia não guardava relação com ação por danos morais movida por parentes da vítima.

 

Fonte: Caros Amigos.

 

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Investigação do Senado norte-americano sugeriu que o banco contribuiu com a crise do "subprime", em 2008.

 

O banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs e seus executivos não serão processados por fraude contra o mercado de ações, declarou o Ministério Público dos Estados Unidos nesta quinta-feira (09/08). Em um comunicado oficial, o departamento disse que não possui provas suficientes para indiciar a gigante de Wall Street por negligência na crise do "subprime", denunciada pelo Senado norte-americano em abril de 2011.

 

“Depois de uma revisão cuidadosa da informação providenciada pelo relatório (do Senado) e mais de um ano de investigações meticulosas”, informou o texto do MP, “as agências de justiça e de investigação concluíram que o ônus da prova para conduzir um processo criminal não foi cumprido com base na lei e nos fatos que existem até este momento”. O departamento, no entanto, não descartou a possibilidade de julgar a empresa caso novas provas apareçam.

 

“Nós estamos satisfeitos que este problema tenha ficado no passado”, respondeu David Wells, porta-voz da instituição financeira, citado pela revista Bloomberg.



Investigação do Senado

 

Liderados pelo senador democrata Carl Levin, o Subcomitê Permanente do Senado norte-americano realizou uma investigação por dois anos sobre as causas da crise do “subprime” que atingiu os EUA e o mundo em 2008 e 2009, juntando aproximadamente 56 milhões de páginas de documentos. Em abril de 2011, o grupo divulgou um relatório com as suas principais conclusões.

 

Segundo o documento, a empresa e outros bancos tomaram conhecimento da crise da hipoteca das casas norte-americanas e passaram a vender os títulos de seguros imobiliários podres que possuíam aos seus clientes sem avisá-los de que lucraria com a queda do valor dessas ações.

 

Além de ter lucrado bilhões às custas do prejuízo de milhares de pessoas, a Goldman Sachs contribuiu para a expansão e agravamento da “bolha” imobiliária ao incentivar pessoas de todas as partes do mundo a comprar os títulos de risco, aumentando a especulação em cima de títulos podres.

 

“Usando e-mails, memorandos e outros documentos internos, este relatório conta a história interna do assalto econômico que custou a milhões de norte-americanos seus trabalhos e suas casas, que acabou com investimentos, bons negócios e mercados”, explicou Levin.

 

“Empréstimos de alto risco, falhas na regulação, créditos inflacionados, e empresas da Wall Street entrando em conflitos de interesse com seus clientes, contaminaram o sistema financeiro dos EUA com hipotecas tóxicas”, acrescentou ele, que pediu à Justiça para que avalie se o conflito de interesses presente nas transações da Goldman Sachs poderia ser enquadrado em um processo criminal.

 

O banco se defendeu das acusações por meio de seus principais funcionários que alegaram não saber do prejuízo que estavam infligindo aos seus clientes. Lloyd Blankfein, chefe executivo da Goldman Sachs, garantiu à equipe de investigação que a empresa nunca apostou contra investidores em prol de seus interesses.

 

Outras acusações

 

O Senado norte-americano não foi o único a acusar a instituição financeira de conflitos de interesse e cumplicidade com a crise do “subprime”. Um relatório da SEC (Comissão dos Mercados de Valores dos EUA) de abril de 2010 também denunciou a Goldman Sachs por induzir clientes ao erro e omitir fatos na venda dos seguros. A empresa pagou 550 milhões de dólares ao grupo para solucionar o processo em julho do mesmo ano.

 

A decisão do MP veio no mesmo dia em que a SEC decidiu não processar mais a empresa pela venda de 1,3 bilhões de títulos de seguro de hipoteca, como informou a Goldman Sachs. As duas novidades proporcionaram boas notícias à gigante de Wall Street, cujas ações já voltaram a crescer na quinta-feira (09/08).

 

Por Marina Mattar, Opera Mundi.

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Os que advogam por uma intervenção humanitária da OTAN na Síria afirmam amiúde que ali não acontecerá como no Iraque. E têm razão: o que acontecer será muito pior na Síria e a intervenção mesmo poderia constituir o prelúdio duma guerra contra o Irã.

 

É EVIDENTE que a administração Obama adotou algumas das mudanças táticas que levou a cabo a administração Bush logo da escalada de baixas americanas no Iraque em 2004. A mudança foi abandonar as invasões diretas e as ocupações e passar a encorajar a desestabilização, as operações clandestinas e os conflitos civis. O objetivo na Síria, no Líbano e no Irã é o mesmo: a mudança do regime de forma a favorecer interesses estratégicos. Para o conseguir, não se exclui o emprego de bombardeios aéreos e ataques com aviões não tripulados.

 

O general norte-americano Wesley Clerk, antigo comandante supremo das forças da OTAN na Europa, declarou à jornalista Amy Goodman que, poucas semanas depois dos brutais atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, um memorando escrito pelo então Secretário da Defesa Donald Rumsfeld descreveria “como havemos de conquistar sete países em cinco anos, a começar pelo Iraque, e depois a Síria, o Líbano, a Líbia, a Somália e o Sudão, para terminar no Irã”, depois de invadir Afeganistão.

 

O fracasso dos EUA no Iraque e a derrota israelita no Líbano em 2006 mudaram a ordem, os modos e os resultados desta “conquista” de oito países:

 

  • O Afeganistão ainda suporta a ocupação por parte de forças da OTAN lideradas pelos EUA, da qual recolhe os seus frutos mortais, enquanto senhores da guerra competem para inundar o mercado mundial da heroína;
  • O Iraque está fragmentado e sofre uma contínua sangria, os atentados terroristas e sectários são diários e a contagem de mortos num país invadido e destruído é da ordem de milhões;
  • A Somália viu-se arruinada por causa da intervenção, mas continuam os combates entre as diferentes milícias;
  • O Sudão está dividido em dois Estados em guerra;
  • A Líbia foi bombardeada pela OTAN, o que a converteu num país onde existem centos de milícias violentas e bandos armados;
  • O Líbano foi bombardeado e invadido por Israel, que tinha o apoio dos EUA, mas a resistência libanesa liderada por Hezbollah, que tinha o apoio da Síria, repeliu a invasão;
  • A Síria está hoje envolvida num cruel conflito no que terroristas do tipo dos da Al-Qaeda marcam uma importante presença semelhante à que têm no vizinho Iraque;
  • O Irã é o alvo dos planos de ataque tanto de Israel quanto dos EUA.

 

Olhando para trás, a invasão israelita do Líbano de 2006 pôs de manifesto um desenvolvimento histórico de profundas consequências para a Síria e toda a região. A família reinante na Arábia Saudita, o regime de Mubarak no Egito e o rei Abdullah da Jordânia surpreenderam o mundo árabe ao atacar publicamente Hezbollah enquanto os aviões israelitas bombardeavam uma e outra vez Beirute. Tiraram as máscaras e viu-se estarem de fato aliados com Israel contra o Líbano.

 

A recente queda de regimes aliados da Arábia Saudita e os EUA como a Tunísia de Ben Ali e o Egito de Mubarak deram o alarme que conduziu aos bombardeios da Líbia pela OTAN. O alvo é hoje a Síria, que está no coração do que o Rei Abdullah da Jordânia qualificou de “crescente xiita”, formado pelo Líbano, a Síria, o Iraque e o Irã. É a oposição do “crescente” à hegemonia dos EUA e Israel antes do que a religião ou os direitos humanos que preocupa Washington e os seus aliados ditatoriais na região. Não há muito tempo que os governantes sauditas financiavam o “xiita- alauíta” Hafez al-Assad, pai de Bashar, na Síria, o qual mantinha boas relações com o Irã xiita sob a ditadura do xá, e apoiavam o antigo primeiro ministro pró-xiita no Iraque, Iyad Allawi. Agora voltam a apoiar Allawi para ocupar o sítio de al-Maliki.

 

Foi a mudança de rumo nas políticas regionais da Síria que irritou os EUA, os governantes sauditas e Israel, e não o repugnante registro de violações de direitos humanos do regime, porque a mudança de rumo transformou a Síria de um inimigo a um aliado da resistência palestina, libanesa e do Irã .

 

Estratégia dos EUA

 

Hoje parece óbvio que a reconsideração estratégica das prioridades regionais dos EUA, Arábia Saudita e Israel produziu-se em 2004 a seguir ao fracasso dos EUA no Iraque. Em março de 2007 o americano Seymour Hersh, ganhador do prêmio Pulitzer, relatou a nova estratégia norte-americana tal como lhe explicaram altos funcionários estadunidenses. Desenhou-se para o Iraque, mas também para o Líbano e a Síria:

 

“No Líbano, a Administração cooperou com o governo da Arábia Saudita, que é sunita (Wahhabi), em operações clandestinas pensadas para debilitar o Hezbollah, a organização xiita apoiada pelo Irã. Os EUA também participaram em operações clandestinas endereçadas contra o Iraque e o seu aliado, a Síria. Um subproduto destas atividades foi o reforço dos grupos extremistas sunitas que defendem uma visão militante do Islã e são hostis à América e simpatizam com Al-Qaeda”.

 

Mas os EUA consideravam que a Síria e o Irã eram mais perigosos do que os partidários da Al-Qaeda. Dick Cheney e o assessor de segurança nacional saudita, o príncipe Bandar Ben Sultan, contavam-se entre os “arquitetos” dessa estratégia e, mais, contornar os procedimentos normais do Congresso “cedendo a execução ou o financiamento aos sauditas”. Obama parece ter assumido esta estratégia, de que Hillary Clinton se mostra entusiasta. As rotinas diárias passaram para as mãos do Subsecretário de Estado para Oriente Próximo Jeffrey Feltman, do príncipe Sultan e de Saad Hariri, um multibilionário com dupla nacionalidade saudita e libanesa, antigo primeiro ministro do Líbano e líder do bloco 14 de Março, partidário de Washington.

 

A esta agressiva aliança deve acrescentar-se a Turquia, que por sua vez realizou uma significativa viragem ao apoiar a intervenção da OTAN na Líbia e intervir ativamente na Síria. Ainda mais, a Turquia converteu-se na principal base para as facções da oposição financiadas pelos sauditas e o Catar. A alargada fronteira entre a Turquia e a Síria é uma das principais vias do contrabando de homens e armas para a Síria. As outras situam-se no Curdistão iraquiano, que conta com a bênção das forças de Barzani; no oeste do Iraque, através das milícias Al-Sahwa, treinadas pelos EUA; e no Líbano, através das forças de extrema direita lideradas pela Falange e Hariri.

 

Al-Qaeda

 

Vale a pena mencionar aqui que muitos iraquianos acreditam firmemente que a ocupação dos EUA mostra uma cegueira voluntária face ao terrorismo do tipo da Al-Qaeda no Iraque, porque serve ao útil propósito de debilitar a resistência patriótica à sua presença, encorajando o clima de guerra sectário e divisor defendido pela Al-Qaeda e a sua ideologia Wahhabi.

O Wahhabismo é uma interpretação do Islã sectária, repressiva, socialmente regressiva e amplamente rejeitada que tende para a violência niilista. Inicialmente uma seita pequena e isolada, o Wahhabismo reduzia-se basicamente a ser uma minoria no Estado policial saudita, até que a família governante começou a promovê-la mundo afora, com bilhões de petrodólares. O Afeganistão foi o local onde mais prosperou o Wahhabismo, graças ao apoio estadunidense e saudita aos “Mujahidin”, incluído Ben Laden e mais os Talibã, contra os “infiéis” soviéticos na década de 1980.

 

A tolerância dos EUA e a OTAN para com os antigos terroristas da Al-Qaeda fica patente também nos combates da Líbia. Tendo a Al Qaeda declarado oficialmente a Jihad contra o regime sírio, a aliança de fato entre os EUA, a Arábia Saudita e Israel contra os países do “Crescente” ainda surpreende mais.

 

A família governante num Catar rico em petróleo é um aliado muito próximo dos EUA e uniu-se à briga através da influência da cadeia de televisão Al Jazeera, que é deles, mais influente que as armas e o dinheiro que bombearam a Líbia e a Síria. Enquanto a ameaça ao seu poder, provocada pelos levantamentos árabes, se aproximava mais e mais e atingia os vizinhos, Bahrain e Iêmen, e afetava regiões da Arábia Saudita, os governantes sauditas e cataris puseram sua rivalidade de lado e mobilizaram-se rapidamente para esmagar o valente levantamento democrático do povo do Bahrain. O objetivo era ditar o rumo dos protestos na Líbia, Iêmen e Síria, depois de perder os seus colegas ditadores Ben Ali e Mubarak.

Militarização

 

A comunicação social acusa exclusivamente o repressivo regime da Síria da militarização do conflito, por disparar sobre manifestantes pacíficos durante as primeiras semanas dos protestos, que se iniciaram em março de 2011. O que ignoram é que somente algumas das facções da oposição na Síria é que começaram a apelar para ataques armados contra as forças armadas sírias. As organizações democráticas da esquerda, situadas na alça de mira da repressão estatal durante décadas, opuseram-se e ainda se opõem firmemente aos ataques e à militarização do conflito.

 

Argumentam que a militarização vai debilitar o movimento de massas em favor duma mudança democrática, deixar a porta aberta à intervenção estrangeira, favorecer as forças israelitas que ocupam os Altos do Golã e ameaçar o tecido social da sociedade síria. A comunicação social silencia o fato de os tanques israelitas do ocupado Golã estarem a só uma hora de Damasco.

Os meios de comunicação social

 

Os nossos principais meios de comunicação social e mais os do mundo árabe, especialmente a Al Jazeera, não costumam informar das atividades da oposição democrática que renega a intervenção. Por outro lado, a Al Jazeera atua como animadora do Conselho Nacional Sírio (CNS), apoiado por sauditas e cataris, e do Exército Sírio Livre, fundado e apoiado logisticamente pela Turquia, um membro da OTAN. Todas as afirmações feitas pelo CNS e o ASL são admitidas como verdadeiras, mesmo que existam sérias dúvidas sobre elas.

 

Há muitas ocasiões em que a televisão Al Jazira foi flagrada divulgando mentiras sobre a Síria. O seu correspondente na Síria foi apanhado pelas câmaras enquanto encenava um “combate” antes de entrar em antena. Numa ocasião a BBC publicou uma foto do massacre de Houla, fornecida pela oposição síria partidária da intervenção, que se veio a saber ter sido tirada no Iraque no 2003. A BBC teve de recuar, mas bem discretamente, usando o blogue do editor das notícias internacionais, Jon Williams, que escreveu:

 

“Mas fora da trágica contagem de mortos, os feitos são escassos: não fica claro quem mandou os assassinatos ou por quê... as estórias nunca são brancas ou negras, amiúde mostram diferentes gradações de cinzento. Os opositores ao presidente Assad têm uma agenda. Um alto oficial ocidental chegou mesmo a descrever a sua estratégia de comunicação no YouTube como ‘brilhante’, mas também a comparou aos chamados de “psy-ops” (operações psicológicas), técnicas de lavagem de cérebro empregadas pelos EUA e outros exércitos para convencer as pessoas de coisas não necessariamente verdadeiras. O são ceticismo é uma das qualidades essenciais de qualquer jornalista, ainda mais ao informar de um conflito. A responsabilidade é alta, nem tudo é o que parece”.

 

Alex Thomson, experimentado jornalista do Channel 4, foi testemunha direta das brutais práticas de alguns homens do Exército Sírio Livre quando quiseram fazê-los cair numa armadilha, a ele e mais à sua equipe, para serem assassinados por forças do regime e ganhar um golpe de efeito propagandístico.

 

Tudo isto lembra a maneira como políticos e imprensa regurgitavam as histórias inventadas pelas facções partidárias dos EUA na oposição iraquiana ao governo de Saddam durante os preparativos da invasão do Iraque. Os iraquianos que se opunham à ditadura de Saddam e, ao mesmo tempo, se opunham também firmemente à guerra viram-se marginalizados duma maneira semelhante, em favor daqueles que financiavam os EUA e mais os governantes sauditas e kuaitianos.

 

Porque a memória de alguns é tão curta? Como podem esquecer as mentiras que convenceram a opinião pública de apoiarem a guerra contra o Iraque? Como puderam esquecer a grande mentira acerca dos soldados iraquianos que arrancavam bebês das incubadoras? Como podem esquecer como a deputada Ann Clwyd, enviada especial de Blair, Melanie Philips do Daily Mail, o primeiro ministro australiano e muitos outros espalharam a mentira das máquinas trituradoras de pessoas empregadas por Saddam com pessoas vivas, a começar pelos pés para “prolongar a agonia”? Foi o editor do Sun em 2003 a afirmar que “a opinião pública enquadrou-se atrás de Tony Blair quando os votantes souberam como Saddam jogava os dissidentes, a começar pelos pés, em trituradoras industriais”.

 

Mulheres

 

Um argumento habitual em favor das intervenções não apareceu em relação com a Síria. Os defensores da intervenção humanitária em defesa dos direitos das mulheres ficam calados neste caso. Entende-se, porque sabem que as mulheres na Síria têm muitos mais direitos do que na Arábia Saudita, “uma monarquia absoluta que castiga a contestação com o cárcere e a reprime com balas, e onde as vidas das mulheres estão controladas pelos pais, os maridos e outro entes, desde o berço até a cova”. A organização síria Irmandade Muçulmana, apoiada pela Arábia Saudita e Catar, lidera o SNC e o FSA e apela para a intervenção da OTAN. Não é especialmente conhecida pela sua defesa dos direitos da mulher.

 

A triste verdade é que as organizações democráticas e antiimperialistas da Síria estão por enquanto frágeis demais para liderar a luta contra o regime de Assad e lograr uma mudança democrática. Além do mais, os sacrifícios do povo sírio foram sequestrados pela OTAN e os ditadores sauditas e cataris.

 

Os que advogam por uma intervenção humanitária da OTAN na Síria afirmam amiúde que ali não se acontecerá como no Iraque. Têm razão: o que ali acontecer será muito pior. A mudança de regime através de sanções e o apoio a grupos armados da oposição vão assassinar ainda mais pessoas, mergulhando a Síria, o Líbano, o Iraque e possivelmente a Turquia num banho de sangue ainda mais terrível. Será também o prelúdio duma guerra israelita-americana contra o Irã financiada pela Arábia Saudita e Catar. A guerra contra o Irã não apenas porá em risco as vidas de milhões de iranianos como ainda poderia introduzir a Rússia e a China no conflito.

 

Por Sami Ramadani ,Stop War; tradução de Alberto Lozano para o Diário Liberdade.

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Somente nos últimos cinco anos, Ibama desativou 81 garimpos clandestinos que funcionavam no Mato Grosso, Pará e Amazonas.

 

A ação que desmontou o garimpo ilegal de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt, em Rondônia, na semana passada, chama mais uma vez atenção para a exploração clandestina de minérios na região da Amazônia Legal. Durante a fiscalização, coordenada pela Polícia Federal, foram destruídos maquinários utilizados na atividade.

 

Somente nos últimos cinco anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Renováveis (Ibama) desativou 81 garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará e no Amazonas. De acordo com o órgão, foram aplicadas multas no total de R$ 75 milhões, além da apreensão de equipamentos.

 

Em entrevista à Agência Brasil, o secretário executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb), Onildo Marin, destacou as regiões do Alto Teles Pires e da Juruena, no estado do Mato Grosso, como estratégicas para o garimpo. Segundo ele, há extração por toda a região e existem empresas com direitos de exploração reconhecidos.

 

A Reserva Indígena Roosevelt, território dos índios Cinta-Larga, há anos tem sofrido com as constantes invasões ilegais de exploradores de minério. Situação parecida foi vivenciada pelos Yanomami, no estado de Roraima. Nos anos 1980, conflitos gerados pelo garimpo e as epidemias de malária, tuberculose e gripe quase levaram à extinção daquele povo.

 

Daniele Silveira, Radioagência NP. Com informações da Agência Brasil.

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve votar até a próxima quinta-feira (16) a proibição de as operadoras de telefonia celular cobrarem por uma ligação que tenha que ser refeita por causa de queda da chamada.

 

Segundo a mudança proposta pela Anatel, o cliente terá um prazo de dois minutos para refazer a ligação, sem que haja cobrança extra. De acordo com o presidente da Anatel, João Rezende, a mudança foi sugerida pela área técnica da agência, por causa das crescentes reclamações envolvendo quedas de chamadas.

 

A proposta deverá ir a consulta pública por cerca de 15 dias e depois a Anatel dará um prazo de mais 20 ou 30 dias para as empresas fazerem as adaptações necessárias. A alteração no regulamento de Serviço Móvel Pessoal será decidida por deliberação entre os conselheiros. O relator da matéria é o conselheiro Marcelo Bechara.

 

Na semana passada, um relatório de fiscalização da Anatel constatou que as quedas de chamadas de clientes do plano Infinity da operadora TIM são quatro vezes maiores que as de outros planos. No Infinity, o usuário paga pela ligação e não pelos minutos de chamadas. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná, que pediu uma nova suspensão das vendas de linhas de celulares e internet da TIM no estado.

 

Fonte:  Sul 21, com informações da Agência Brasil.

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Embora menos comentado e debatido, o projeto é considerado ainda mais devastador do que Belo Monte.


Na surdina, o governo vai levando adiante o plano de construir o complexo hidrelétrico na bacia do Tapajós – o maior mosaico de biodiversidade do planeta. Embora menos comentado e debatido, o projeto é considerado ainda mais devastador do que Belo Monte. Para viabilizar o projeto, o governo publicou em janeiro uma medida provisória – convertida em lei em junho –, reduzindo as unidades de conservação nas áreas que serão atingidas pelas obras.

 

A construção do complexo de usinas na bacia do rio Tapajós, entre os estados do Amazonas e do Pará, vem sendo arquitetada desde a década de 1980. O projeto foi retomado pelo governo faz quatro anos e prevê a construção de duas usinas: São Luiz do Tapajós e Jatobá. Originalmente o projeto previa cinco usinas.

 

A de maior impacto é a usina de São Luis dos Tapajós que será responsável por um custo ambiental ainda mais pesado do que Belo Monte e proporcional ao significado dos estragos de Itaipu na época da ditadura militar.

 

Prevê-se que a barragem terá 3,5 km de cumprimento e 39 metros de altura, o equivalente a um prédio de 13 andares e será erguida em uma das áreas mais protegidas da região: o Parque Nacional da Amazônia. Aproximadamente 1.370 quilômetros quadrados de florestas serão inundados pelo lago, uma área quase do tamanho da cidade de São Paulo, equivalente a duas vezes e meia a inundação que será causada pela hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu. A obra atingirá ainda populações indígenas.

 

O anúncio do Complexo Tapajós deu origem em 2009 ao Movimento Tapajós Vivo que acusa o governo de “iminente sacrifício de 140 mil hectares de Floresta Amazônica no altar do PAC”.

 

O Complexo Tapajós é mais um tributo à voracidade e insaciabilidade do modelo desenvolvimentista e mais uma confirmação da concepção ‘fordista’ de visão de mundo da qual é refém o governo. Esse modelo assenta-se nas bases produtivista e consumista e investe pesadamente em matrizes energéticas centralizadoras e poluidoras (fósseis), perigosas (nuclear) ou devastadoras do meio ambiente (hidrelétricas).

 

Destaque-se que o setor da energia, na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), registra R$ 55,1 bilhões em investimentos.

 

No “altar” do modelo desenvolvimentista está também o sacrifício do Código Florestal; a portaria 303 da Advocacia Geral da União – AGU; a PEC 215 e a citada Medida Provisória nº 558.

 

Por Cesar Sanson, professor de sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Fonte: Radioagência NP.

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Maradiaga trabalhou como defensor voluntário dos direitos humanos depois do golpe de estado no país

 

O Codeh (Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras) exigiu nesta quarta-feira (15/08) a investigação do assassinato de um de seus membros e pediu a punição dos criminosos envolvidos.

 

Em comunicado, que a Prensa Latina teve acesso, o presidente executivo do Codeh, Andrés Pavón Murillo, informa ao povo hondurenho e a comunidade internacional sobre o assassinato do procurador popular municipal, José Marcos Ávila Maradiaga.

 

Murillo, que lamentou o crime, afirmou que os criminosos atuaram com premeditação. Segundo suas informações, os pistoleiros esperaram Maradiaga perto de sua casa e o mataram na presença de um sobrinho de três anos. O Codeh exigiu que as autoridades policiais e o Ministério Público de Honduras façam as investigações necessárias e cumpram com a lei para punir quem cometeu este horrendo assassinato.

 

Maradiaga trabalhou como defensor voluntário dos direitos humanos desde os dias mais difíceis do Golpe de Estado, indica o documento. O Comitê declarou três dias de luto sem suspender suas atividades de defesa dos direitos humanos.

 

Fonte: Portal Vermelho; com informações de Prensa Latina.

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Entre as controvérsias está a reformulação da região Leste da capital britânica.

Na contramão dos furores patrióticos por medalhas, manifestantes britânicos realizaram protestos contra a Olimpíada de Londres. Sem o mesmo holofote de Usain Bolt, Michael Phelps e Andy Murray, cinco ações anti-Jogos questionaram seus polêmicos patrocinadores, colocando em xeque a lógica dos “benefícios” do megaevento e a controversa reformulação da região leste da capital britânica para construção do Parque Olímpico.

 

Poucas linhas de jornal contaram sobre as prisões em uma bicicletada pacífica e outras detenções em um protesto bem-humorado com creme de baunilha na Trafalgar Square, centro de Londres.

Protesto

 

Um grupo de ativistas conseguiu autorização do comitê olímpico local – a única para o dia da abertura – e realizou um die-in (tipo de protesto pelos mortos de uma tragédia realizado por simulações) homenageando as vítimas da catástrofe de Bhopal, na Índia. Enquanto isso, na cidade de Bhopal, crianças deficientes realizaram uma “Olimpíada paralela”.

 

As manifestações, mesmo que à sombra do megaevento, mostraram que o modelo de negócios da Olimpíada de Londres está longe de ser unanimidade. Ele é, acima de tudo, controverso, e deixa diversas lições para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, daqui a quatro anos.

 

Veja quem foi às ruas (ou às redes sociais) e por quê:

Die-in

 

Há 28 anos, a cidade de Bhopal, norte da Índia, foi vítima de uma das maiores catástrofes ambientais da história. Em 1984, falhas em uma fábrica de pesticidas, de propriedade da Union Carbide, lançaram 27 toneladas de um gás tóxico, o isocianato de metila, e contaminaram 120 mil pessoas. A área nunca foi descontaminada e há indícios de que há grandes quantidades de mercúrio em seus lençóis freáticos.

 

Em 2001, a Dow Chemical Company, gigante do setor químico, comprou a Union Carbide, mas não assumiu total responsabilidade pela tragédia. Os efeitos foram devastadores. Os chamados “filhos de Bhopal” nasceram com deformidades. A empresa afirma que as indenizações pagas são suficientes para apagar a mancha da catástrofe, mas a área continua contaminada.

Dona do Napalm

 

O caso raramente volta às páginas dos jornais. No dia 27 de julho, data da cerimônia de abertura, manifestantes mobilizados pela ONG DropDowNow foram às proximidades do Parque Olímpico e realizaram um die-in. Qual a relação disso com a Olimpíada?

 

A Dow Chemical, que também fabricou napalm para a Guerra do Vietnã, aportou 7 milhões de libras esterlinas (cerca de 21 milhões de reais) para ser patrocinadora dos Jogos Olímpicos. O acerto com o Comitê Olímpico Internacional levou à renúncia ao vivo, na rede estatal BBC, de Meredith Alexander, ex-agente da Comissão para uma Londres Sustentável 2012.

 

O premiê conservador David Cameron saiu em defesa da multinacional e disse que a Olimpíada de Londres seria a mais verde da história. Segundo o contrato com o Comitê Olímpico Internacional, a Dow Chemical já é patrocinadora da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

Contra a isenção

 

“Stratford (região do Parque Olímpico) será um paraíso fiscal”, escreveu Tim Hunt, da revista Ethical Consumer. A frase apontou o dedo para atletas e patrocinadores da Olimpíada, como McDonald’s e Visa, ambos com monopólio sobre suas respectivas áreas. Enquanto toda comida “de marca” vendida em Stratford é necessariamente do McDonald’s, a bandeira de cartões Visa está em todas as compras de bilhetes para os Jogos.

 

A isenção fiscal, segundo Hunt, foi preponderante para que os Jogos fossem sediados em Londres neste ano, com anuência do comitê olímpico local, chefiado por Sebastian Coe, do Partido Conservador. A legislação britânica sofreu mudanças para que isso acontecesse, em operação conjunta com o Tesouro.

 

A irritação de ativistas era questão de tempo. Eles rapidamente sublinharam a contradição entre isenção fiscal a multinacionais e políticas de austeridade do governo britânico, que enfrenta o mais longo período de recessão em 50 anos. A ONG 38 Degrees fez um abaixo-assinado virtual pedindo a todas as empresas patrocinadoras dos Jogos Olímpicos que paguem seus impostos sobre a exploração do megaevento.

 

Houve uma enxurrada nas redes sociais e deu certo. Em duas semanas, 14 multinacionais enviaram comunicados à ONG informando que concordavam em pagar as taxas.

Bicicletada pacífica

 

Toda última sexta-feira do mês, ciclistas do grupo Critical Mass (ou Massa Crítica) saem pedalando por Londres. Desde 1994, eles se encontram no South Bank, perto da ponte Waterloo, e passeiam sem itinerário pela capital britânica como uma celebração do “andar de bicicleta”.

 

A última sexta-feira de julho caiu no dia 27, data da cerimônia de abertura da Olimpíada. Cerca de 500 ciclistas se reuniram para pedalar, mas não conseguiram cruzar a ponte Waterloo. O acesso à margem norte do rio Tâmisa estava fechado.

 

Motocicletas policiais com sirenes altíssimas escoltavam vans e ônibus que levavam os atletas ao Parque Olímpico, bloqueando ruas de toda a região central e leste de Londres. Segundo a polícia, era proibido pedalar na capital britânica naquela noite. Ciclistas disseram terem sido empurrados pela polícia para deixar o astro do futebol David Beckham passar e tiveram suas bicicletas confiscadas.

 

Ao todo, segundo dados oficiais da polícia britânica, 182 ciclistas foram presos durante a bicicletada, que contou com uso de spray de pimenta e da tática de contenção de manifestantes conhecida como “kettling”. Os policiais, unidos, formaram círculos em torno dos ciclistas, mantendo-os “presos” na rua.

 

Dos 182 detidos, 178 saíram no dia seguinte e quatro foram acusados de diversos crimes. “As pessoas não têm o direito de realizar um protesto que atrapalhe o direito de outras pessoas de seguir com suas vidas – atletas que treinaram durante anos por uma chance de competir, milhões de portadores de ingressos que queriam ver o maior evento esportivo do mundo e todo mundo em Londres que queria se locomover”, afirmou a polícia britânica em nota.

Creme de baunilha

 

Ativistas da Greenwash Gold 2012, campanha contra os patrocinadores “verdes” dos Jogos Olímpicos, foram até a Trafalgar Square, centro de Londres, para um pódio de mentirinha. Três pessoas, representando Rio Tinto, Dow Chemical e British Petroleum, posariam em frente ao relógio da contagem regressiva da Olimpíada e então jogariam um creme de baunilha com corante verde na cabeça, simulando lixo tóxico. Seis acabaram presos.

 

“Greenwash” é o termo usado por ativistas para empresas que fazem “lavagem verde de dinheiro”, ou seja, usam parte de seus lucros em patrocínios e projetos direcionados ao meio-ambiente, mas o destroem em suas atividades principais. A performance do grupo durou cerca de 15 minutos, tempo suficiente para que a polícia prendesse seis pessoas por “dano criminal” ao piso da Trafalgar Square – tudo isso porque caiu um pouco de creme de baunilha no chão.

 

“Era um protesto pacífico e legítimo contra patrocinadores terríveis, e os manifestantes acabaram presos por derrubar creme de baunilha”, disse o diretor da Bhopal Medical Appeal, Colin Toogood.

 

Além da norte-americana Dow Chemical, acusada como a responsável legal pela tragédia de Bhopal, a British Petroleum foi responsável pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, em 2010. E a Rio Tinto, especialista em mineração, é duramente criticada por sua atuação em países como Indonésia e Papua Nova Guiné.

Badminton

 

Duas reportagens de jornal, uma do Daily Telegraph, mais à direita, e outra do The Independent, mais à esquerda, mostraram que a Adidas estava fabricando material esportivo para a Olimpíada à custa de trabalhadores em regimes desumanos, pagando salários baixíssimos e com carga horária de até 65 horas por semana. Os esforços foram grandes para revelar a história. O Telegraph foi até Camboja, enquanto o Independent viajou à Indonésia em busca de informações sobre a fabricação das roupas.

 

A ONG War on Want, de combate à pobreza, foi às ruas contra a Adidas e realizou um protesto em frente à principal loja da marca, em Oxford Street, e projetou um enorme logo da companhia em um prédio vizinho ao Parque Olímpico com os dizeres: “Exploitation. Not OK here, not OK anywhere. (Exploração. Não é bom aqui nem em qualquer outro lugar)”.

 

Todos os atletas do time olímpico do Reino Unido vestem Adidas e seus agasalhos estavam entre os mais vendidos. O design é de Stella McCartney, estrela mundial da moda. A empresa nega utilizar trabalhadores em regime de escravidão, cujos salários/hora não chegariam a um real.

 

Por Roberto Almeida, Do Opera Mundi.

 

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Os índios no Brasil somam 896,9 mil pessoas, de 305 etnias, que falam 274 línguas indígenas, segundo dados do Censo 2010 divulgados hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a primeira vez que o órgão coleta informações sobre a etnia dos povos. O levantamento marca também a retomada da investigação sobre as línguas indígenas, parada por 60 anos.

 

Com base nos dados do Censo 2010, o IBGE revela que a população indígena no país cresceu 205% desde 1991, quando foi feito o primeiro levantamento no modelo atual. À época, os índios somavam 294 mil. O número chegou a 734 mil no Censo de 2000, 150% de aumento na comparação com 1991.

A pesquisa mostra que, dos 896,9 mil índios do país, mais da metade (63,8%) vivem em área rural. A situação é o inverso da de 2000, quando mais da metade estavam em área urbana (52%).

 

Na avaliação do IBGE, a explicação para o crescimento da população indígena pode estar na queda da taxa de fecundidade das mulheres em áreas rurais, apesar de o índice de 2010 não estar fechado ainda. Entre 1991 e 2000, essa taxa passou de 6,4 filhos por mulher para 5,8.

 

Outro fator que pode explicar o aumento do número de índios é o processo de etnogênese, quando há “reconstrução das comunidades indígenas”, que supostamente não existiam mais, explica o professor de antropologia da Universidade de Campinas (Unicamp), José Maurício Arruti.

 

Os dados do IBGE indicam que a maioria dos índios (57,7%) vive em 505 terras indígenas reconhecidas pelo governo até o dia 31 de dezembro de 2010, período de avaliação da pesquisa.

Essas áreas equivalem a 12,5% do território nacional, sendo que maior parte fica na Região Norte – a mais populosa em indígenas (342 mil). Já na Região Sudeste, 84% dos 99,1 mil índios estão fora das terras originárias. Em seguida vem o Nordeste (54%).

 

Para chegar ao número total de índios, o IBGE somou aqueles que se autodeclararam indígenas (817,9 mil) com 78,9 mil que vivem em terras indígenas, mas não tinham optado por essa classificação ao responder à pergunta sobre cor ou raça. Para esse grupo, foi feita uma segunda pergunta, indagando se o entrevistado se considerava índio. O objetivo foi evitar distorções.

 

A responsável pela pesquisa, Nilza Pereira, explicou que a categoria índios foi inventada pela população não índia e, por isso, alguns se confundiram na autodeclaração e não se disseram indígenas em um primeiro momento. “Para o índio, ele é um xavante, um kaiapó, da cor parda, verde e até marrom”, justificou.

 

A terra indígena mais populosa no país é a Yanomami, com 25,7 mil habitantes (5% do total) distribuídos entre o Amazonas e Roraima. Já a etnia Tikúna (AM) é mais numerosa, com 46 mil indivíduos, sendo 39,3 mil na terra indígena e os demais fora. Em seguida, vem a etnia Guarani Kaiowá (MS), com 43 mil índios, dos quais 35 mil estão na terra indígena e 8,1 mil vivem fora.

 

O Censo 2010 também revelou que 37,4% índios com mais de 5 anos de idade falam línguas indígenas, apesar de anos de contato com não índios. Cerca de 120 mil não falam português.

 

Os povos considerados índios isolados, pelas limitações da própria política de contato, com objetivo de preservá-los, não foram entrevistados e não estão contabilizados no Censo 2010.

 

Leia tambémIBGE: 42,3% dos índios vivem fora de terras reconhecidas

Por: Isabela Vieira
Fonte: Agência Brasil – EBC
Edição: Juliana Andrade

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Para além do discurso desenvolvimentista apresentado por empreendedores da indústria nuclear no Brasil, ainda há várias questões que precisam ser discutidas sobre esses tipos de investimentos e o que eles realmente trazem para as populações. Esse é um dos motivos que levou organizações a realizarem nos próximos dias 11, 12, 13 e 14 de agosto a I Jornada Antinuclear do Ceará "O presente que temos em Caetité – BA e o futuro que queremos em Santa Quitéria – CE”, que vai acontecer em municípios cearenses que serão possivelmente atingidos com a implantação do Projeto Santa Quitéria, das Indústrias Nucleares do Brasil, previsto para ser efetivado em 2015.

 

O evento contará com a participação de representantes de movimentos e das próprias comunidades de Caetité, na Bahia, onde há mais de 12 anos as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) exploram urânio. Com o próximo projeto previsto para ser implantado na mina Itataia, entre os municípios cearenses de Santa Quitéria, Itatira e Madalena, a organização do evento achou uma oportunidade de as comunidades cearenses conhecerem mais sobre a realidade de outras comunidades que já vêm sendo afetadas há muito tempo.

 

Para a professora da Universidade Federal do Ceará, Ana Cláudia de Araújo Teixeira, que faz parte do Núcleo Trama (Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade), vinculado ao Departamento de Medicina, o que se tem observado em relação ao projeto cearense é que não se tem informações claras sobre riscos à saúde e ao meio ambiente.

 

Em levantamento apresentado pelo consórcio INB/Empresa Galvani apenas três comunidades estariam no entorno da planta física, mas um mapeamento feito pelas organizações e entidades que formam a Articulação Antinuclear do Ceará mostrou que mais de 40 comunidades serão afetadas.

 

"Existe muita expectativa por conta do discurso do desenvolvimento, que fala em mais investimento para o estado, em geração de emprego e renda. Mas não se fala das possibilidades dos danos à saúde que podem ocorrer. Em Caetité já existem evidências desses danos”, falou a professora Ana Cláudia.

 

Segundo ela, vai ser muito proveitosa a participação dos convidados baianos, pois eles poderão falar claramente sobre a realidade em que vivem. Ana Claudia acrescentou que muitos deles falarão, por exemplo, sobre as condições de trabalho, um dos principais atrativos colocados pelos investidores. Sabe-se que em Caetité as condições são precárias. No ano passado, o Ministério do Trabalho chegou a interditar a unidade baiana por infrações na segurança dos empregados.

 

"É preciso avaliar bem esse discurso de geração de emprego e renda. O desenvolvimento é para que e para quem? Que condições laborais serão oferecidas para as pessoas das comunidades? Em geral, elas são empregadas em funções que exigem esforço físico, em setores que não exigem qualificação. Já os empregos, digamos, ‘melhores’ vão para as pessoas de fora”, disse a professora.

 

Outra dificuldade enfrentada pelos moradores baianos é na hora de produzir e comercializar seus produtos. "Eles têm dificuldade porque os compradores pensam que os produtos estão contaminados”, acrescentou.

 

A Jornada

 

A Jornada pretende reunir representantes das comunidades de Itatira, Santa Quitéria e Madalena para que possam trocar experiências e conhecer mais sobre o projeto nuclear e suas implicações. Assim, os encontros acontecerão nas comunidades dos respectivos municípios.

 

No dia 14, em Fortaleza, capital, será realizado o seminário de lançamento do Relatório da Missão Caetité: Violações de Direitos Humanos no Ciclo Nuclear, da plataforma Dhesca (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais).

 

Fonte: Adital.

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