Correio da Cidadania

Mesmo com diferentes avaliações sobre o Fórum de Belém, participantes unificam calendário de lutas

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Os nú­meros do Fórum So­cial Mun­dial de Belém en­cer­rado no do­mingo, 1º de fe­ve­reiro, en­chem os olhos até dos mais cé­ticos. Cerca de 150 mil par­ti­ci­pantes. Mais de 5.500 or­ga­ni­za­ções en­vol­vidas, sendo 489 da África, 119 da Amé­rica Cen­tral, 155 da Amé­rica do Norte, 4.193 da Amé­rica do Sul, 334 da Ásia, 491 da Eu­ropa e 27 da Oce­ania. Foram mais de 2.300 ati­vi­dades au­to­ges­tadas. Aju­daram como vo­lun­tá­rios, tra­du­tores, téc­nicos e ges­tores 4.830 pes­soas. Eventos cul­tu­rais foram 200, en­vol­vendo mais de mil ar­tistas. O re­gistro mun­dial foi ga­ran­tido por 800 jor­nais de 30 países que se cre­den­ci­aram no Fórum. A co­ber­tura do FSM teve 4.500 jor­na­listas, pro­fis­si­o­nais da co­mu­ni­cação e mídia li­vres.

Para além dos dados quan­ti­ta­tivos, o que fica do Fórum? Em que ele con­tribui efe­ti­va­mente para a trans­for­mação da so­ci­e­dade? Essas res­postas não en­con­tram con­senso. O ba­lanço do Fórum e a ava­li­ação do papel que ele cumpre va­riam muito entre os par­ti­ci­pantes. Porém, mesmo com todas as di­fe­renças reu­nidas em Belém, cons­truiu-se um ca­len­dário de ati­vi­dades uni­fi­cado. A apro­vação dessas ati­vi­dades con­sen­suais acon­teceu na As­sem­bléia das As­sem­bléias, no palco prin­cipal da Uni­ver­si­dade Fe­deral Rural da Amazônia, du­rante a tarde do úl­timo dia do Fórum, o cha­mado Dia das Ali­anças. Con­fira abaixo o ca­len­dário apro­vado:

8 de março - Dia dos Di­reitos da Mu­lher;

14 a 22 de março - Mo­bi­li­zação e Fórum pa­ra­lelo ao Fórum Mun­dial da Água de Is­tambul;

28 março - Co­meça em Lon­dres a se­mana de ação em re­lação ao G20;

30 de março - Mo­bi­li­zação contra a guerra e a crise / Dia de So­li­da­ri­e­dade com o povo pa­les­tino;

4 de abril - Dia de Ação no 60º ani­ver­sário da Or­ga­ni­zação do Tra­tado do Atlân­tico Norte (OTAN);

17 de abril - Dia In­ter­na­ci­onal para a So­be­rania Ali­mentar;

1º de maio - Dia In­ter­na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores;

Julho - dias de Ação do G8 na Itália;

12 de ou­tubro - Dia Mun­dial de Ação para a Pro­teção da Mãe Terra, contra a mer­can­ti­li­zação da vida;

12 de de­zembro - Dia de Ação Global sobre a Jus­tiça Cli­má­tica em con­fe­rência de Co­pe­nhague, Di­na­marca, sobre o clima.

FSM-2009: de ava­li­a­ções em­pol­gadas às mais duras crí­ticas

A plu­ra­li­dade dos par­ti­ci­pantes, as di­fe­renças de ex­pec­ta­tivas e de po­si­ções ide­o­ló­gicas fazem com que sejam pro­du­zidos ba­lanços com­ple­ta­mente dis­tintos sobre o Fórum So­cial. O Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores Ru­rais Sem Terra (MST), que sempre teve par­ti­ci­pação ativa nesse es­paço, pu­blicou em sua pá­gina ofi­cial uma de­cla­ração do di­ri­gente de re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais da or­ga­ni­zação, Egídio Bru­netto, em que, em­bora este re­co­nheça o FSM como um bom mo­mento para en­con­tros, con­si­dera que o po­ten­cial é des­per­di­çado porque não se en­ca­minha mo­bi­li­za­ções e uma agenda de massa.

"Com uma crise dessa, com a agressão que está acon­te­cendo na Pa­les­tina, que é um ge­no­cídio co­me­tido por Is­rael, com a in­vasão que con­tinua no Iraque e no Afe­ga­nistão, com a si­tu­ação do Haiti, do povo co­lom­biano e um fórum desse não con­segue fazer ne­nhum tipo de pro­testo, não con­segue fazer uma agenda? Então é um fórum que, do ponto de vista da es­tra­tégia e da mu­dança de cor­re­lação forças, não con­tribui."

Al­guns se­tores fazem crí­ticas muito mais pe­sadas. O pau­lista Dirceu Tra­vesso, da Co­or­de­nação Na­ci­onal de Lutas, con­si­dera o Fórum uma ala à es­querda do ca­pi­ta­lismo, em que se propõe mu­danças de forma, mas não de con­teúdo. O se­cre­tário da exe­cu­tiva na­ci­onal da Con­lutas avalia que não se ques­tiona de fato o sis­tema ca­pi­ta­lista:

"O Fórum é um re­tro­cesso cada vez maior. A po­lí­tica pre­do­mi­nante de ma­nu­tenção do status quo se re­fletiu cla­ra­mente no toque de re­co­lher nas fa­velas, nas co­mu­ni­dades po­pu­lares de Belém. Os es­ta­be­le­ci­mentos dessas áreas não po­diam fun­ci­onar de­pois das 10 horas da noite. O con­trole na porta das uni­ver­si­dades foi outro ponto. Só par­ti­ci­pava da FSM quem ti­vesse di­nheiro para pagar a ins­crição, o que não acon­teceu nos an­te­ri­ores. É a con­so­li­dação do fórum como uma ati­vi­dade go­ver­nista, em com­pleta con­junção com o ne­o­li­be­ra­lismo. Cada vez mais se trans­forma num es­paço de in­ter­câmbio entre os se­tores do campo so­cial-de­mo­crata. Tu­rismo. Con­tudo, se­tores mi­no­ri­tá­rios, que estão por fora da po­lí­tica he­gemô­nica do fórum, re­a­li­zaram ati­vi­dades im­por­tantes. Fi­zemos uma ple­nária que dis­cutiu uma pla­ta­forma comum de en­fren­ta­mento à crise. Tra­çamos um plano de lutas, um ca­len­dário, que cul­mina no fim do ano com uma ple­nária de for­mação de uma nova cen­tral sin­dical. Isso po­deria ter sido feito fora do FSM."

A In­ter­sin­dical, outra cor­rente al­ter­na­tiva de cen­tral sin­dical for­mada por dis­si­dentes da Cen­tral Única dos Tra­ba­lha­dores e que também par­ti­cipa do pro­cesso pela for­mação de uma nova cen­tral, aponta pro­blemas graves, mas julga o Fórum um es­paço im­por­tan­tís­simo na agenda global.

"O FSM reuniu uma parte sig­ni­fi­ca­tiva da es­querda mun­dial. Apesar do con­si­de­rável peso ins­ti­tu­ci­onal e das di­fi­cul­dades es­tru­tu­rais do local, houve uma par­ti­ci­pação pro­ta­go­nista dos mo­vi­mentos so­ciais. Há co­meçar pela Marcha de Aber­tura, reu­nindo 100 mil pes­soas no meio da Amazônia, for­ta­le­cendo a causa in­dí­gena e a luta ecos­so­ci­a­lista. Houve a Ofi­cina sobre a Re­or­ga­ni­zação do Mo­vi­mento Sin­dical, que apontou para a ne­ces­si­dade de cons­truir um novo ins­tru­mento de luta da classe tra­ba­lha­dora, o ato do MST com os pre­si­dentes Chavez, Evo, Lugo e Correa, no qual a pre­sença de Lula foi ve­tada e a Carta da As­sem­bléia dos Mo­vi­mentos So­ciais, cuja aná­lise da re­a­li­dade e agenda de luta aponta para uma po­sição an­ti­ca­pi­ta­lista. Por­tanto, com todas as suas con­tra­di­ções, o FSM 2009 teve um saldo po­lí­tico po­si­tivo, ga­nhando fô­lego novo num con­texto de crise global", co­menta o ban­cário Vi­ni­cius Co­deço, da Co­or­de­nação Na­ci­onal da In­ter­sin­dical.

Cam­panha contra a pri­va­ti­zação do pe­tróleo em Belém

Mesmo fi­liado à CUT, o Sin­di­cato dos Pe­tro­leiros do Rio de Ja­neiro, além de mo­vi­mentar a cam­panha ‘O Pe­tróleo tem que ser nosso’ em Belém, acom­pa­nhou as dis­cus­sões sobre a re­or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores bra­si­leiros. Para Ema­nuel Can­cella, co­or­de­nador geral do Sin­di­petro-RJ, a pri­o­ri­dade é or­ga­nizar uma grande frente com en­ti­dades sin­di­cais, mo­vi­mentos so­ciais e po­pu­lares para atuar de forma uni­tária nas lutas.

"O Fórum acon­teceu num mo­mento im­por­tante de crise mun­dial em que os tra­ba­lha­dores so­frem a ameaça de de­sem­prego em massa e perda de di­reitos. Para re­sistir a esse ataque dos ca­pi­ta­listas, os tra­ba­lha­dores dis­cutem a cri­ação de uma nova cen­tral sin­dical com Con­lutas, In­ter­sin­dical e in­de­pen­dentes. O Fórum ajudou nessa ar­ti­cu­lação". O pe­tro­leiro segue des­ta­cando o bo­nito papel cum­prido pela cam­panha do pe­tróleo em Belém. "Pan­fle­tamos um jornal com textos em por­tu­guês, in­glês, francês e es­pa­nhol, que fazia a re­tros­pec­tiva das mo­bi­li­za­ções contra a pri­va­ti­zação do pe­tróleo e gás em 2008. A acei­tação foi ótima e dis­tri­buímos as 20 mil có­pias pro­du­zidas. Par­ti­ci­pamos de vá­rios de­bates e con­se­guimos apro­fundar a dis­cussão. Abrimos muitos con­tatos. De­le­ga­ções in­ter­na­ci­o­nais e de di­versos es­tados bra­si­leiros, que antes nem sa­biam da pri­va­ti­zação do pe­tróleo na­ci­onal, pe­garam o ma­te­rial e se so­li­da­ri­zaram com a nossa luta. O saldo do Fórum é po­si­tivo para a luta contra a pri­va­ti­zação do pe­tróleo e gás."

A luta pelo can­ce­la­mento dos lei­lões que en­tregam nossas áreas pro­mis­soras de pe­tróleo e gás, por um novo marco re­gu­la­tório para os hi­dro­car­bo­netos e pela re­es­ta­ti­zação da Pe­tro­brás, não foi a única frente de ba­talha em des­taque na ca­pital pa­ra­ense. A so­ció­loga Adriana Mota, da ONG Ipas Brasil, que tra­balha pela saúde se­xual e re­pro­du­tiva das mu­lheres, le­vantou ou­tras ban­deiras. "A nona edição do Fórum So­cial Mun­dial mos­trou que os mo­vi­mentos so­ciais ainda têm muito fô­lego para en­ca­beçar a luta contra-he­gemô­nica ao ca­pi­ta­lismo. Foi um Fórum de muita di­ver­si­dade, como sempre, mas que mos­trou também um ama­du­re­ci­mento ge­nuíno de al­guns mo­vi­mentos, como o da eco­nomia so­li­dária. Não são apenas os mesmo "pa­ni­nhos de prato" de sempre, trata-se de uma nova forma de com­pre­ender a pro­dução e a dis­tri­buição de renda, cla­ra­mente com­pro­me­tida com o fu­turo das pes­soas e do pla­neta. Como es­tá­vamos em Belém, es­tavam lá vá­rias et­nias in­dí­genas, com muitas dis­cus­sões im­por­tantes e ina­diá­veis, como a de­mar­cação das terras in­dí­genas no Brasil e a par­ti­ci­pação nos go­vernos em di­fe­rentes países. Os 50 Anos da Re­vo­lução Cu­bana também foram um des­taque. Na tenda de Cuba, foram abri­gados os mi­li­tantes da causa pa­les­tina, nada mais sig­ni­fi­ca­tivo e opor­tuno. Dis­cus­sões po­lê­micas também acon­te­ceram, com a pre­sença im­por­tante dos pre­si­dentes Hugo Chavez, Evo Mo­rales, Lula, Ra­fael Correa e Lugo. Um ver­da­deiro Fórum So­cial Mun­dial se faz com a pre­sença destes di­ri­gentes, a quem que­remos es­cutar e co­brar, com­par­ti­lhar an­seios e res­pon­sa­bi­li­dades".

A luta pela de­mo­cra­ti­zação da co­mu­ni­cação também es­teve pre­sente no Fórum. Mi­li­tante do mo­vi­mento de rá­dios co­mu­ni­tá­rias no Dis­trito Fe­deral, Mar­celo Ar­ruda, que es­teve no Pará re­pre­sen­tando o In­ter­vozes, Co­le­tivo Brasil de Co­mu­ni­cação So­cial, apre­senta uma de­núncia e uma re­flexão. "Nas se­manas an­te­ri­ores ao Fórum So­cial Mun­dial, vá­rias Rá­dios Co­mu­ni­tá­rias foram fe­chadas em Belém. Estes eram um dos poucos meios de co­mu­ni­cação que es­tavam trans­mi­tindo uma visão do evento que ia além do fes­tivo-tu­rís­tico. Em con­tra­po­sição, foi anun­ciada a tão al­me­jada con­vo­cação da 1ª Con­fe­rência Na­ci­onal das Co­mu­ni­ca­ções. Este dois fatos, entre muitos, mos­tram como os de­sa­fios da vida real serão mar­cantes na luta pelo di­reito à co­mu­ni­cação. Mesmo dentro do Fórum, esta pers­pec­tiva entra em choque com uma re­a­li­dade exis­tente de ver­ti­ca­li­zação, res­trição e cri­mi­na­li­zação de uso dos meios, conseqüên­cias do sis­tema de co­mu­ni­ca­ções exis­tente no Brasil. Ti­vemos es­paços de re­flexão ricos neste sen­tido, es­paços que não existem na di­nâ­mica da luta con­creta. Fora os es­paços de co­mu­ni­cação com­par­ti­lhada que mos­travam na prá­tica como se con­trapor ao mo­delo da grande mídia. Os es­paços de troca de ex­pe­ri­ência do FSM devem apontar à or­ga­ni­zação de uma nova re­a­li­dade, onde se ho­ri­zon­ta­liza a pos­si­bi­li­dade de uso da co­mu­ni­cação. Afinal, é na prá­tica que se cons­trói o mundo que pen­samos e que­remos".

Luta am­bi­ental é des­taque do Fórum em plena Amazônia

O di­fe­ren­cial desse fórum foi o de­bate am­bi­ental. Não só pelas ofi­cinas e dis­cus­sões eco­ló­gicas, mas pela ex­pe­ri­ência con­creta de um Fórum So­cial Mun­dial pensar e traçar es­tra­té­gias de ação sobre o meio am­bi­ente dentro da Amazônia. O en­ge­nheiro Paulo Pi­ramba, da Rede Ecos­so­ci­a­lista In­ter­na­ci­onal, traz essa re­flexão junto com a con­si­de­ração sobre o apa­re­lha­mento po­lí­tico do es­paço:

"Acho que a me­lhor de­fi­nição que ouvi sobre o que foi o FSM 2009, partiu de um com­pa­nheiro que disse: 'Apesar de todo o es­forço de se tentar ins­ti­tu­ci­o­na­lizar o Fórum, ele não foi co­op­tado. O FSM é in­co­op­tável!'. Aliás, é cada vez mais com­pli­cado falar em um Fórum. Em Belém, ti­vemos pelo menos três: o Fórum ins­ti­tu­ci­o­na­li­zado, do­mi­nado pelo PT e o go­verno Lula; o Fórum "su­per­mer­cado de idéias", com mi­lhares de ati­vi­dades de todos os tipos; e o Fórum an­ti­ca­pi­ta­lista. Para as es­querdas, o FSM voltou a ser um im­por­tante ins­tru­mento de sua re­or­ga­ni­zação na luta an­ti­ca­pi­ta­lista. Mas, de fato, a questão am­bi­ental foi a mais im­por­tante no FSM, até pelo seu local de re­a­li­zação, na Amazônia. Apesar da ten­ta­tiva do go­verno em tentar "es­conder" a Amazônia do Fórum, existiu um amplo con­senso em torno da im­por­tância da Amazônia para o pla­neta. Ficou clara a res­pon­sa­bi­li­dade das ma­dei­reiras, agro­ne­gócio, mi­ne­ra­doras, pe­cuária e do go­verno nos ata­ques des­fe­ridos contra a flo­resta. A Rede Ecos­so­ci­a­lista In­ter­na­ci­onal também lançou no Fórum o II Ma­ni­festo Ecos­so­ci­a­lista. Nele está a con­de­nação do modo de pro­dução ca­pi­ta­lista, como res­pon­sável pela de­gra­dação am­bi­ental, cuja face mais vi­sível são as mu­danças cli­má­ticas pro­vo­cadas pelo au­mento da con­cen­tração dos gases for­ma­dores do efeito es­tufa na at­mos­fera."

A ju­ven­tude es­teve pre­sente em peso. Do es­paço des­ti­nado para acam­pa­mento aos au­di­tó­rios onde ocor­riam os de­bates, os jo­vens to­maram o Fórum. O ca­rioca Kenzo Seto, de 18 anos e in­te­grante do mo­vi­mento es­tu­dantil se­cun­da­rista, pro­ble­ma­tiza. "A ju­ven­tude do mundo in­teiro é a maior ví­tima, seja na Faixa de Gaza ou nas fa­velas de Belém. No en­tanto, o papel de pro­ta­go­nismo da ju­ven­tude na cons­trução de um outro mundo pos­sível e ne­ces­sário, salvo o exemplo he­róico da Grécia, não é se­quer men­ci­o­nado em muitos es­paços de diá­logo de lu­ta­dores pre­sentes em Belém. O re­gistro de nossa re­sis­tência na Amé­rica La­tina e no Brasil só foi ga­ran­tido por nossas pró­prias in­ter­ven­ções, além da nossa auto-or­ga­ni­zação ex­pressa pela Ple­nária Na­ci­onal em De­fesa da Meia-en­trada nos es­ta­be­le­ci­mentos cul­tu­rais. Mesmo assim, saímos do Fórum en­ri­que­cidos pelo de­bate e or­ga­ni­zados para que o pró­ximo 28 de março seja não só a ma­ni­fes­tação da ali­ança do mo­vi­mento es­tu­dantil com os mo­vi­mentos so­ciais, mas agora com todos os lu­ta­dores de ou­tras na­ções, com uma agenda in­ter­na­ci­onal uni­fi­cada."

No final da fala de Kenzo, ele apontou para or­ga­ni­zação de lutas ini­ci­adas e for­ta­le­cidas ao longo dos seis dias do Fórum. Porém, nem sempre os par­ti­ci­pantes saem do FSM com esse norte de atu­ação con­ti­nuada e conseqüente. Isso é o que pre­o­cupa o jor­na­lista pa­ra­ense Max Costa, ex-co­or­de­nador da Exe­cu­tiva Na­ci­onal dos Es­tu­dantes de Co­mu­ni­cação So­cial:

"O Fórum não con­segue avançar. Apenas alar­deia que um outro mundo é pos­sível, mas não aponta que mundo é pos­sível. E isso pode levar esse es­paço a um es­go­ta­mento, caso não se­jamos ou­sados de afirmar um pro­jeto de so­ci­e­dade em que os tra­ba­lha­dores possam tomar as ré­deas da si­tu­ação e go­vernar de forma de­mo­crá­tica, par­ti­ci­pa­tiva e so­ci­a­lista. Muitas vezes, a co­or­de­nação do FSM trans­forma o evento numa mera festa, em que a ju­ven­tude é in­cen­ti­vada ao lum­pe­si­nato. Mas apesar dessas crí­ticas, aponto o Fórum como um es­paço im­por­tante que mostra que é pos­sível so­nhar e lutar. O novo pode ser cons­truído a partir do Fórum, caso tenha in­te­resse nisso, en­quanto que o velho, o atraso, o re­tró­grado está em Davos."

Du­rante a co­le­tiva de im­prensa, após o fim do FSM, Cân­dido Grzy­bowski, um dos or­ga­ni­za­dores do Fórum, ig­norou as crí­ticas. Ele afirmou que Belém foi uma 'grande es­colha' para a re­a­li­zação do evento. Grzy­bowski res­saltou a im­por­tância do evento ter acon­te­cido na re­gião amazô­nica e des­cartou qual­quer can­saço após seis dias de muito tra­balho: "Con­se­guimos expor uma outra face da Amazônia para o mundo e o nosso sen­ti­mento é de um bom can­saço cí­vico ao final desse FSM".

Ba­lanço das au­to­ri­dades co­me­mora acrés­cimo de 40 mi­lhões na eco­nomia pa­ra­ense

Pelo menos para os or­ga­ni­za­dores, Pre­fei­tura de Belém e go­verno do es­tado, o ba­lanço é ex­tre­ma­mente po­si­tivo. A go­ver­na­dora Ana Júlia Ca­repa des­tacou os re­flexos po­si­tivos do Fórum na eco­nomia do Es­tado. Ela res­saltou que a Re­gião Me­tro­po­li­tana de Belém re­cebeu um in­cre­mento de R$ 40 mi­lhões, sendo R$ 18 mi­lhões em hos­pe­dagem, R$ 16 mi­lhões em gastos com ali­men­tação e R$ 6 mi­lhões para o setor de trans­porte. De acordo com a go­ver­na­dora, o Fórum de Belém se tornou o quarto maior entre os nove já re­a­li­zados.

O pró­ximo FSM, em 2010, não de­verá ter uma sede es­pe­cí­fica. Já em 2011, a África e o Ori­ente Médio são os pro­vá­veis can­di­datos, mas os Es­tados Unidos também podem en­trar na lista, se­gundo a or­ga­ni­zação do evento.

Fonte: Agência Pe­tro­leira de No­tí­cias, com in­for­ma­ções da co­missão or­ga­ni­za­dora do FSM-2009 e da Ra­di­o­a­gência NP.

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